Morre Jonas Gwangwa, trombonista anti-apartheid
24 de janeiro de 2021
O trombonista e compositor de jazz da África do Sul Jonas Gwangwa, cuja música impulsionou a luta contra o apartheid, morreu no sábado, 23, aos 83 anos, anunciou a presidência.
O presidente Cyril Ramaphosa orientou as homenagens ao lendário músico, que foi indicado ao Oscar pelo tema musical do filme Cry Freedom, de 1987, escreve a agência Reuters.
"Um gigante de nosso movimento cultural revolucionário e das nossas indústrias criativas democráticas foi chamado para descansar", disse Ramaphosa.
"O trombone que vibrou com ousadia e bravura, e igualmente aqueceu os nossos corações com a melodia suave, perdeu a sua força vital", acrescentou o presidente.
Gwangwa morreu de complicações cardíacas, disse o seu filho Mojalefa à agência News24. O renomado trombonista perdeu a vida duas semanas depois da morte da sua esposa, Violete.
Coincidentemente, Gwangwa morreu no dia em que passam três anos após a morte de Hugh Masekela, considerado pai do jazz sul-africano; e dois anos após o Zimbábue perder a sua maior legenda musical, Oliver Mtukudzi.
Luta contra o apartheid
Nascido a 19 de Outubro de 1937, em Orlando East, no Soweto, arredores de Joanesburgo, Gwangwa fez uma carreira musical de, pelo menos, 65 anos.
Jonas Gwangwa iniciou a carreira, na década de 1950, no grupo do padre anglicano Trevor Huddleston, no Colégio St Peter, em Joanesburgo.
Ele (Gwangwa) encantou o público em Sophiatown até que se tornou ilegal a congregação de negros, e músicos sul-africanos foram presos apenas por praticar o seu ofício. — Presidente Cyril Ramaphosa |
Inicialmente, queria tocar clarinete, mas na altura de distribuição de instrumentos recebeu um trombone e teve medo de solicitar a troca.
Na sua família, a música abundava. Na escola, tinha aulas de música, e nos filmes tinha o contacto com o jazz americano, e uma das suas primeiras referências foi Dizzy Gillespie.
Uma das suas primeiras experiências internacionais foi com o musical King Kong (exibido entre 1959 e 1961), em Londres. Foi daí que conseguiu contactos para ingressar na Manhattan School of Music, em Nova Iorque.
A saída coincidiu com a banimento de manifestações artísticas, que o regime racista considerava subversivas.
Em Nova Iorque, Gwangwa partilhou o quarto com Hugh Masekela. Aos dois juntou-se o compositor Caiphus Semenya e nasceu a Union of South Africa, grupo que apresentou ao mundo a visão sul-africana do jazz.
Nos Estados Unidos, Gwangwa trabalhou, entre outros com o popular trompetista Herb Alpert; e fez os arranjos e regência do histórico disco An evening with Harry Belafonte and Miriam Makeba (uma noite com Harry Belafonte e Miriam Makeba), que ganhou o Grammy de melhor “folk”, em 1965. A canção “Malaika” faz parte desse disco.
![]() |
Tem uma opinião sobre a notícia? Diga-nos! |
Fontes
- África do Sul: Morreu Jonas Gwangwa, trombonista anti-apartheid — Voz da América, 24 de janeiro de 2021.
![]() | Esta página está arquivada e não é mais editável. Caso veja que esse artigo necessita de uma revisão, correção ou complementação, contate um administrador. Ela será desprotegida por sete dias. Note que algumas referências talvez não estejam mais online.
|