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Papua Nova Guiné: Jornal Jubi é atacado com coquetel molotov

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31 de outubro de 2024

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Um coquetel molotov foi atirado na lateral do jornal papuano Jujur Bicara, popularmente conhecido como Jubi, um ato que foi rapidamente acusado por grupos de jornalismo e direitos humanos de ser um ataque à liberdade de imprensa na Indonésia.

A bomba destruiu dois carros antes que funcionários do Jubi conseguissem apagar o fogo. Esse não é o primeiro ataque ao Jubi. Em 2023, o editor do Jubi, Victor Mambor, fez uma queixa à polícia depois que uma bomba foi colocada perto da sua casa. Em uma postagem no X (antigo Twitter), ele escreveu sobre a série de ataques contra ele, que ele acredita estarem todos conectados ao seu trabalho como jornalista.

Primeiro, eles danificaram os freios do meu carro e eu quase sofri um acidente a caminho do trabalho. Depois, vandalizaram e riscaram todo o meu carro. Meu para-brisas foi danificado e teve que ser substituído. Terceiro, eles me ameaçaram colocando uma bomba caseira do lado da minha casa. A bomba explodiu, mas não houve danos nem feridos. Alguns dias depois, atiraram coquetéis Molotov no meu escritório. Dois carros queimaram e ficaram danificados. O que vão fazer em seguida?

As autoridades foram criticadas por não investigarem propriamente os ataques anteriores.

O Jubi é conhecido por seu jornalismo crítico na Papua, uma ilha que luta por independência desde que o governo da Indonésia anexou a região em 1963. O governo indonésio foi acusado de perpetuar o racismo na Papua, oprimindo com violência o povo indígena de lá, e silenciando a cobertura de mídia que denuncia os abusos.

O Jubi publicou reportagens sobre vários tópicos controversos, incluindo o impacto de projetos de larga escala na população local e os abusos de direitos humanos contra as comunidades indígenas. Jornalistas e instituições estrangeiros também não conseguem entrar facilmente na Papua, o que faz o trabalho de jornais independentes como o Jubi importantes para promover o acesso a informação verídica.

Em outro post no X, Mambor publicou um vídeo do ataque:

Não importa qual é o nome do material explosivo. Gasolina, polímero, ou qualquer outra coisa. O que está claro aqui é que duas pessoas deliberadamente jogaram alguma coisa que explodiu e queimou dois de nossos carros. O alvo é claro: o prédio que nós (@News_Jubi) temos e terrorizar jornalismo. Isto é um ato criminoso

https://x.com/VictorcMambor/status/1848847564764037570

Grupos de jornalismo e da sociedade civil rapidamente condenaram o ataque ao Jubi. A União dos Trabalhadores da Mídia e Indústria Criativa para a Democracia descreveu o ataque como um “ato irresponsável” e acrescentou que “esse ato não vai desencorajar o trabalho jornalístico que está do lado da verdade”.

A Aliança de Jornalistas Independentes enfatizou que “é urgente garantir que a mídia pode operar sem medo de retaliação”.

Chanry Suripatty, coordenador da Associação Indonésia de Jornalistas Televisivos de Papua-Maluku, disse em um comunicado que o ataque ameaça a liberdade de imprensa e a democracia na Papua:

Ataques à mídia não podem ser subestimados. Isso não é apenas uma ameaça física, mas também um ataque direto à liberdade de imprensa, e à democracia na Papua. Nós suspeitamos que isso é um esforço sistemático para limitar a liberdade de imprensa e a democracia na Papua. Se a liberdade de imprensa continuar a ser intimidade, o que está em jogo não é apenas o direito dos jornalistas, mas também o direito do público de obter informação que é verdadeira, e equilibrada.

Bernard Baru, um padre católico agostiniano e ativista, destacou o impacto do ataque no trabalho da mídia local. Ele também apontou que o ataque aconteceu poucos dias antes da inauguração do novo governo da Indonésia liderado por Prabowo Subianto, um ex-militar acusado de cometer abusos de direitos humanos durante o regime Suharto.

Papuanos dependem de jornais como esse para serem ouvidos pelas pessoas de fora. Isso é uma tentativa de assustar os jornalistas.

Gustaf Kawer, diretor da Associação dos Advogados de Direitos Humanos de Papua, apressou as autoridades a prenderem quem foi responsável pelo ataque:

Se não resolvermos isso, o público vai se perguntar quem está por trás disso. São estrangeiros ou gente do governo? Eu acho que é essencial esclarecer quem são os criminosos para evitar futuros incidentes e garantir que a mídia possa trabalhar livremente.

A Rede de Apoio da Papua Ocidental Merdeka expressou solidariedade com o Jubi e outros jornalistas que continuam a reportar sobre a situação na Papua:

Apoiamos o Jubi e Mambor e todos os jornalistas enfrentando corajosamente a situação mais perigosa para a imprensa e democracia na Papua Ocidental. O governo indonésio mantém seu bloqueio à entrada de jornalistas e funcionários das Nações Unidas para trabalhar dentro da Papua Ocidental. Esses ataques violentos não são mais que desespero em espalhar medo e intimidar aqueles com poder de expor a realidade na Papua Ocidental, e silenciar e difamar qualquer esforço de amplificar o grito da Papua Ocidental, Papua Merdeka! [Papua Livre].