Novo super-micróbio surge no Reino Unido

Fonte: Wikinotícias

Agência VOA

Reino Unido • 22 de agosto de 2009

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Esta semana no programa sobre os esforços para combater a resistência anti-microbiana (AMR), vamos falar de um novo super-micróbio e de alternativas aos antibióticos.

O novo super-micróbio que é resistente a todos os antibióticos surgiu na Grã-Bretanha e preocupa os médicos.

O novo germe, conhecido pelo nome latino de Entero bacteria cea, foi levado para o país por britânicos que se submeteram a tratamento de saúde no exterior. Por exemplo, os cidadãos britânicos adquiriram o germe depois de terem sido submetidos a uma cirurgia ou transplante de órgãos na Índia e no Paquistão. Outros casos envolveram britânicos que foram hospitalizados na Grécia, Israel ou Turquia, e depois retornaram ao país natal.

Este novo super micróbio produz uma enzima que destrói até os mais poderosos antibióticos. Em função de sua procedência, ele está a ser chamado cientificamente de Nova Deli Metalo 1, e tem sido associado, no presente surto na Grã-Bretanha, a infecções urinárias e respiratórias.

John Mc Connell, editor da revista especializada Lancet, diz que o novo super-micróbio ainda não representa uma ameaça tão grande quando o MRSA, (o outro super-micróbio) mas tem o potencial de tornar-se um problema bastante grave.

O perigo deste novo germe é que ele não neutraliza somente os antibióticos comuns, mas chega mesmo a destruir o carbapenem. O carbapenem constitui no arsenal médico uma espécie de arma de reserva, isto é, quando nada mais se mostra eficaz, o médico, confiante, recorre ao antibiótico do tipo carbapenem. É que as bactérias são inimigos poderosos. E se elas conseguirem derrotar os antibióticos?

Os cientistas não estão inactivos. Além de defenderem os antibióticos, eles, ao mesmo tempo, contra-atacam. Bem, um exemplo disso é a descoberta recente de pequenas moléculas capazes de causar a maior confusão no sistema de comunicação entre as bactérias.

Um estudo publicado no periódico Molecular Cell informa que actualmente estão a ser desenvolvidos processos capazes de interromper o modo como as bactérias transmitem informações colectivas para outras bactérias.

A virulência, ou seja, a capacidade das bactérias de provocarem doenças, é uma informação colectiva. Uma bactéria que produz uma substância tóxica causa relativamente poucos danos, mas pode transmitir essa característica a outras bactérias. E 100 mil bactérias, por exemplo, fazem um grande estrago.

Portanto, bloquear a comunicação entre as bactérias representa um grande passo na luta contra a resistência anti-microbiana, e pode vir a ser tão útil, ou mais, do que a acção dos próprios antibióticos.

O Dr. Aníbal Sosa é director do programa internacional da APUA, ou seja, Aliança para o Uso Prudente de Antibióticos, sediada em Boston, nos Estados Unidos. Numa recente entrevista à Voz da América o Dr. Sosa falou-nos do estado actual estado da resistência dos micróbios aos antibióticos.

Não aconteceu muita coisa desde que conversamos da última vez, porque os governos de diferentes países sobretudo os em vias de desenvolvimento enfrentam prioridades prementes, tais como questões económicas e sociais que exigem muita atenção, e, portanto, eles não podem fazer o necessário para formular e seguir um plano de acção com o objectivo de combater a resistência dos micróbios. É esta a situação no momento. Estamos avançando muito lentamente.

Aníbal Sosa

Apesar de não ser um quadro muito animador o Dr. Sosa mencionou um exemplo: a USAID, agência do governo americano encarregada da assistência ao desenvolvimento internacional, tem ajudado os governos da Bolívia, Paraguai e Peru a formularem e executarem um plano de acção na luta contra a resistência anti-microbiana. Este projecto iniciou-se há 5 anos, mas até hoje nada foi finalizado.

O esforço tem de ser grande, e os resultados nem sempre são compensadores.

O Wall Street Journal, na semana passada, destacou que está a ser feito um grande barulho em torno da epidemia de gripe A H1N1, com apelos à acção, publicidade, recomendações, movimentação de fundos, etc. No entanto, diz o jornal, a resistência anti-microbiana, que é um perigo muito maior para a saúde pública, não está infelizmente a merecer a mesma atenção.

É preciso, portanto, maior consciencialização da opinião pública, bem como do meio médico, das autoridades e das instituições financiadoras.

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