Brasil: Ministério da Saúde fez uma alteração no público-alvo da vacina da AstraZeneca-Fiocruz
8 de maio de 2021
Após a constante falta de doses das vacinas ChAdOx1, da AstraZeneca-Fiocruz, e CoronaVac devido ao atraso na liberação do IFA pela China, o Ministério da Saúde anunciou ontem à tarde "uma alteração no público-alvo da vacina covid-19 da AstraZeneca/Oxford", devendo as 3,9 milhões doses que serão entregues pela pasta nos próximos dias ser usadas para completar o esquema vacinal - aplicação da 2º dose - de trabalhadores da saúde, idosos entre 85 e 89 anos e entre 65 e 69 anos, além de povos ribeirinhos, quilombolas e indígenas.
Na semana passada, o Ministério havia liberado a vacinação de pessoas com comorbidades.
Novas doses
O Ministério anunciou também que além das 100 milhões de vacinas já contratadas junto à Fiocruz e que devem ser entregues até junho ou julho próximos, foi feito um novo contrato com a Fundação para a aquisição de mais 110 milhões de vacinas a serem entregues no segundo semestre deste ano.
Este segundo lote contratado será totalmente produzido no Brasil, uma vez que a Fiocruz começará a fabricação de IFA nacional em 15 de maio próximo.
Atraso do IFA
O IFA - Ingrediente Farmacêutico Ativo - é o componente da vacina que contém o princípio ativo, neste caso, o vírus desativado ou parte de seu RNA. Grande parte do IFA é produzido na China, mas com a alta demanda pelo produto no próprio país e no mundo, a liberação e entrega no Brasil têm sido constantemente atrasadas.
Além disto, segundo a opinião de autoridades e cientistas, a postura do governo Bolsonaro em relação à China também dificulta a entrega do insumo. Dias atrás, o próprio presidente voltou a atacar o país asiático, ao reafirmar que o vírus da covid havia sido inventado no país, no que Bolsonaro disse ser para uma "guerra biológica". Ele também disse que "os militares sabem disso".
Políticos, como a senadora Kátia Abreu, aliada do presidente, demonstraram preocupação. Abreu considerou a fala de Bolsonaro uma "acusação muito grave" e disse que "nem dormiu direito" por temer algum tipo de retaliação do governo chinês, principalmente em relação ao agronegócio, já que o país asiático é o maior comprador de produtos agropecuários, como soja e frango, do Brasil.
Dimas Covas, diretor do Instituto Butantan, que produz a CoronaVac, disse que este tipo de declaração tem repercussões e pode causar novos problemas na entrega do IFA ao país latino.
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Fontes
- IFA: o que é o ingrediente farmacêutico ativo usado na produção de vacinas, UOL, 06 de fevereiro de 2021.
- Declarações da gestão Bolsonaro contra China afetam liberação de insumos de vacinas, diz Butantan, Valor Econômico, 06 de maio de 2021.
- Governadores reagem à fala de Bolsonaro e prometem fazer apelo à China, CNN Brasil, 07 de maio de 2021.
- Vacina da AstraZeneca/Oxford do consórcio Covax Facility deve ser usada para segunda dose, Ministério da Saúde, 07 de maio de 2021. Atualizado em 08 de maio, às 08h17min.
- Ministério da Saúde atualiza quantidade de doses da vacina contra Covid-19, Brasil 61, 07 de maio de 2021.
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