Após sofrer coação por parte do PCC, Imprensa diz "basta!"
16 de agosto de 2006
Brasil —
Após o sequestro do auxiliar técnico Alexandre Coelho Calado e do repórter Guilherme de Azevedo Portanova da Rede Globo, em que o PCC exigiu como pagamento do resgate a exibição de um manifesto, mídia se une e pede basta.
Ontem, 15 de agosto, editoriais de O Globo e Folha de São Paulo [1], bem como um manifesto assinado pela Associação Nacional de Jornais (ANJ), Associação Nacional dos Editores de Revistas (ANER), e de entidades representativas das emissoras de rádio e televisão (ABERT/ABRA/ABRATEL), trouxeram a público a indignação sentida pela mídia frente as atitudes dos governantes ao lidar com os ataques do PCC que ocorrem desde maio e que dessa vez ataca diretamente os meios de comunicação.
Segue o manifesto “Basta à violência”[2]:
BASTA À VIOLÊNCIA
Nos últimos tempos o povo brasileiro assiste a uma escalada da violência contra a vida, contra o patrimônio e, nas últimas semanas, contra as instituições democráticas.
Vandalismo generalizado contra o patrimônio público e privado, seqüestros e assassinatos vêm colocando a população brasileira na condição de refém das organizações criminosas.
Sensíveis a este drama vivido pela população, os veículos de comunicação, unidos em suas entidades representativas, deliberaram tomar uma enfática posição comum. Isso porque o Brasil está pagando caro demais pela descoordenação das autoridades federais e estaduais na questão da segurança pública.
O que está ameaçado neste momento, com a escalada da violência e da desordem, não é apenas o cotidiano civilizado a que todos os cidadãos têm direito. É a própria sobrevivência da sociedade democrática, porque sua manutenção depende da autoridade, credibilidade e prestígio das suas instituições. Infelizmente, esses problemas estão colocando em xeque o estado democrático de direito porque a criminalidade está corroendo a certeza da aplicação da lei em função da impunidade.
É urgente e fundamental que aqueles que dirigem o governo e o Estado brasileiro em seus diferentes níveis tomem medidas responsáveis e eficazes contra o crime. Assim como os que pretendem dirigir expressem com clareza suas propostas. E que todos demonstrem inequivocamente o compromisso com o resgate da ordem pública e com a harmonização dos esforços dos Estados e União.
Propomos que o debate eleitoral que se inicia seja efetivamente também um espaço público de reflexão sobre estratégias e propostas concretas para a área de segurança com o objetivo de resgatar a confiança dos brasileiros nas suas autoridades. Propomos que este assunto esteja no centro do debate eleitoral, porque é o centro das preocupações de todos os brasileiros.
A imprensa, que sempre esteve alinhada às grandes causas da cidadania, está convicta de que o próximo passo para a consolidação da democracia em nosso país passa pelo restabelecimento imediato da ordem pública.
Os meios de comunicação, unidos, na sua sagrada missão de informar e garantir a liberdade de expressão, cobrarão veementemente, dos atuais e futuros governantes, soluções eficazes na defesa da sociedade brasileira.
ASSINAM ESTE DOCUMENTO:
ANJ – Associação Nacional de Jornais
ANER – Associação Nacional dos Editores de Revistas
Entidades representativas das emissoras de rádio e televisão (ABERT/ABRA/ABRATEL)
Brasília, 15 de agosto de 2006
Fontes
- Alberto Dines. Mídia perdeu a oportunidade para impor um pacto contra o terror— Observatório da Imprensa, 15/8/2006
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