Utilizador:Denise de Mattos Gaudard

Fonte: Wikinotícias

GERENCIAMENTO DO LIXO EM PAUTA PARA PREFEITURAS BRASILEIRAS

referencia de fonte: [1] e agencia CONPET - Brasil

'Série Artigos sobre Projetos de MDL mostra como os Créditos de Carbono e o Biogás podem ajudar as Prefeituras'

autor: Denise de Mattos Gaudard (*)

Muito tem sido especulado a respeito do Mercado dos Créditos de Carbono e as expectativas que estão sendo geradas para todo um mercado integrado por empresários, profissionais de consultoria e principalmente por prefeitos, governadores e gestores públicos que passaram a identificar nesses certificados uma espécie de "salvação da pátria", que solucionariam todos os problemas dos seus lixões e ainda reforçariam os respectivos caixas com os futuros Créditos de Carbono gerados pelo biogás captados nos respectivos aterros sanitários.

Então, de forma crescente, começou uma espécie de "corrida do ouro", insuflada principalmente por empresas e países da União Européia, que passaram a procurar avidamente estes créditos, mas também a especular fortemente com eles como se fossem meramente mais um papel do mercado financeiro e não um instrumento criado e desenvolvido para viabilizar projetos auto-sustentáveis implementados em países em desenvolvimento.

É importante frisar que este mercado é extremamente complexo, requer um alto nível de conhecimento técnico e vultosos investimentos financeiros. Os Projetos que originaram o Mercado de Carbono devem ser geridos por empresas e profissionais sérios, profundamente engajados em sua auto-sustentabilidade, com formação e expertise específica na gestão de resíduos sólidos. Atualmente existem até escritórios de advocacia oferecendo projetos de gestão de aterros.

É preciso enfatizar que a equação custos X investimentos X sustentabilidade tem pelo menos que fechar fora do vermelho. Os altíssimos investimentos que mandatoriamente serão implementados nos aterros sanitários, aliados a uma certa incerteza de que os Créditos de Carbono irão mesmo cobrir custos e ainda gerar lucros, podem acabar se tornando uma futura dor de cabeça para os gestores em geral, principalmente para os prefeitos.

Temos assistido à implementação de projetos que sequer têm um estudo de viabilidade estrutural e econômica confiável, isto é, vemos muitos especuladores de plantão e profissionais que andam pelo Brasil afora, prometendo lucros estratosféricos aos prefeitos tão ambiciosos quanto pouco informados.

Em função disso, escreverei uma série de artigos com o objetivo de esclarecer e definir como funciona este mercado que começou praticamente em 2005 e já atrai tantas empresas e governos no Brasil e no mundo, provocando debates, divulgando informações, entrevistas, artigos e trabalhos acadêmicos.

Devemos discutir e democratizar a geração de todo o conhecimento voltado para o Mercado de Créditos de Carbono, afinal, este envolve não somente especulações no mercado financeiro, mas também gestão de resíduos, políticas públicas, a atual situação de degradação dos lixões nos municípios brasileiros, além de programas de inclusão de catadores e a educação ambiental da população das cidades.

A importância deste tema e seus assuntos afins serão tratados com maior detalhamento nos artigos seguintes, sendo que a temática do próximo será "O que são e como surgiram os Créditos de Carbono".

Entre em contato com a autora, enviando críticas, sugestões e colaborações para o endereço denisedemattos@gmail.com.


(*) Denise de Mattos Gaudard é consultora de Gestão Empresarial e Ambiental. Formada em Administração de Gestão Empresarial pela Universidade Santa Úrsula (USU-RJ); Pós Graduada em Economia pela Fundação Getúlio Vargas (FGV-RJ) e Comércio Exterior pela Universidade Católica de Brasília (UCB). Tem Especialização em Educação voltada para Meio Ambiente, na Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ) e Gestão de Projetos no Project Manegement Institute (PMI-RJ). Participa do desenvolvimento de projetos de Mecanismo de Desenvolvimento Limpo (MDL) e gestão de resíduos junto a prefeituras e empresas financiadoras parceiras. Também escreve artigos sobre MDL, Gestão Participativa e Meio Ambiente em mídias nacionais e internacionais.