Uma década sem a alegria e a voz de Jair Rodrigues
30 de junho de 2024
Jair Rodrigues de Oliveira nasceu em Igarapava, no interior de São Paulo, em 6 de fevereiro de 1939. Desde pequeno foi levado a buscar trabalho e passou por diversas profissões, incluindo engraxate, mecânico e pedreiro. Em paralelo, porém, trabalhava para concretizar seus sonhos. Em 1954, mudou-se para a cidade de São Carlos, engajando-se no meio artístico e começando a atuar como crooner. No início da década de 60, foi tentar o sucesso na capital paulista e acabou por participar de programas de calouros na televisão. Em 1963 saiu seu primeiro álbum, O Samba Como Ele É, que trouxe a antológica canção O Morro Não Tem Vez, parceria de Tom Jobim e Vinicius de Moraes.
O álbum lhe rendeu um pouco de visibilidade, mas foi cantando em boates, que ele conseguiu se projetar e gravar o seu segundo LP, Vou de Samba com Você, em 1964. Neste ano, estourou seu primeiro grande sucesso: o samba Deixa Isso Pra Lá, que, com seus versos mais declamados do que cantados se tornou um de seus principais sucessos. A faixa ganhou popularidade também graças à coreografia animada que ele executava nos palcos, e, já no século 21, seria popular entre os artistas de Hip Hop do Brasil, que celebraram Jair como pioneiro do Rap nacional.
Em 1965, ele se tornou apresentador de “O Fino da Bossa”, programa da TV Record, em parceria com Elis Regina. Em 1966, o cantor ganhou ainda mais sucesso ao participar do II Festival da Música Popular Brasileira, defendendo a canção Disparada, de Geraldo Vandré e Théo de Barros. À época, Jair surpreendeu o público com uma linda interpretação da canção ao lado do Trio Marayá e do Trio Novo. O resultado foi o primeiro lugar, empatando com outro clássico, A Banda, de Chico Buarque. Na verdade, o júri havia escolhido, interpretada por Nara Leão, como vencedora. Porém, Chico não aceitou o resultado, Considerava a composição apresentada por Jair melhor do que a sua, e reconhecia também a torcida popular por Disparada. No fim, o júri decretou empate técnico dos dois artistas.
A vitória catapultou sua carreira. Nesse período, o artista realizou turnês pela Europa, Estados Unidos e Japão, e manteve esse alto grau de reconhecimento por muitos anos. No samba, gravou outra canção icônica, samba-enredo Festa para um Rei Negro, da Acadêmicos do Salgueiro, em 1971. Mas também se firmou como intérprete de sucessos sertanejos, como O Menino da Porteira, Boi da Cara Preta e Majestade o Sabiá. Sua carreira perdurou por 50 anos, e e lhe valeu incontáveis premiações,
Nas décadas seguintes, naturalmente sua produção artística diminuiu de ritmo. No total, porém, sua obra comporta quase 50 lançamentos, entre álbuns e DVDs, reflexo do carinho que conquistou junto ao público que se encantava por performances de palco reconhecidamente energéticas e que exibiam uma alegria contagiante.
Jair Rodrigues morreu repentinamente na sauna de sua casa, em Cotia, na Grande São Paulo, em decorrência de um infarto agudo do miocárdio. O cantor era casado com Claudine Mello, com quem teve os filhos Jair Oliveira e Luciana Mello, ambos cantores.
Fontes
[editar | editar código-fonte]- ((pt)) Uma década sem a alegria e a voz de Jair Rodrigues — Jornal da Unesp, 29 de junho de 2024
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