Presidente Lula chama “insana, mentirosa e irresponsável” à propaganda do PPS sobre as mudanças nas cadernetas de poupança
Brasília, Distrito Federal, Brasil • 1 de maio de 2009
O Presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, classificou na última quinta-feira, dia 30, irresponsável a propaganda política do Partido Popular Socialista (PPS), exibido em intervalos comerciais de rádios e TVs sobre as mudanças em estudo para as cadernetas de poupança.
Na referida propaganda, o PPS afirma que o governo fará mudanças na poupança, a exemplo do que fez o ex-presidente e atual senador Fernando Collor de Mello ao confiscar depósitos bancários em 16 de março de 1990. Horas depois da reclamação do Lula, foi exibida a propaganda eleitoral de 10 minutos do PPS às 20hs30min (horário de Brasília), com a mesma acusação, citando até capa de um jornal, na viagem que o presidente fez aos Estados Unidos no mês passado, declarando que poderia fazer.
O presidente confirmou que a sua equipe econômica estuda mudanças no modo de arrecadação da poupança, mas salientou que não tomaria qualquer decisão que prejudique a população, segundo informações da agência de notícias Reuters.
Fico muito preocupado quando as pessoas começam a brincar com a economia. Teve um partido político que teve uma atitude insana, mentirosa e de irresponsabilidade total ao dizer que o governo brasileiro iria mexer na poupança. (...)
O povo brasileiro me conhece, sabe do meu comportamento e das minhas atitudes e sabe que eu jamais iria tomar qualquer medida que pudesse prejudicar as pessoas que investem em poupança, que não é nem investimento. A poupança é apenas uma garantia de não desvalorização do dinheiro.Lula aos jornalistas, no entanto, sem citar a legenda partidária PPS
A mudança estudada pelo governo está associada à trajetória declinante da taxa de juros básica da economia (Selic) que torna o investimento em títulos públicos menos interessante para os grandes fundos. Desta forma, grandes investidores poderiam migrar para as cadernetas de poupança.
Na quarta-feira, o Comitê de Política Monetária do Banco Central reduziu a taxa Selic para 10,25 por cento. O novo anúncio recebeu poucos comentários do presidente Lula:
Não fico mais emocionado se os juros sobem ou se os juros descem. O Banco Central trabalha a Selic com responsabilidade. O que não podemos é permitir a volta da inflação.
Lula
Em relação à crise financeira internacional, Lula afirmou que, se necessário, o governo pode fazer mais investimento para segurar seus efeitos.
- Reações
O ministro do Planejamento, Paulo Bernardo, tentou tranquilizar em Brasília, o pequeno poupador em relação aos estudos do governo para mudar a rentabilidade da caderneta de poupança. Ele garantiu que ninguém será pego de surpresa e criticou a campanha publicitária do PPS que insinua que haverá um novo confisco da poupança como ocorreu no governo Collor. Bernardo qualificou de "mau caráter" a propaganda exibida na televisão:
Nós não estamos fazendo nada escondido. Ninguém está querendo mexer na poupança como disse aquela propaganda mau-caráter que teve esses dias na TV. Queremos que a poupança continue sendo o principal instrumento de proteção dos recursos das famílias. Qualquer adequação será feita de forma transparente. (...) Não queremos que apareça aqui uma pessoa como o George Soros, e ele mesmo já falou que é um especulador, e vai querer depositar US$ 15 bilhões na poupança e ter a mesma garantia do seu Antonio, da dona Maria. Não podemos é cair naquela discussão da propaganda mau caráter que passou outro dia na televisão, dizendo que nós vamos mexer na poupança, para alarmar as pessoas.
Paulo Bernardo
Ele refere-se às inserções do PPS, nas quais o deputado Raul Jungmann (PE) aparece dizendo que Lula quer mexer na poupança, a exemplo do que fez o ex-presidente Fernando Collor.
No Partido dos Trabalhadores (PT), a reação foi semelhante do Lula. Uma semana antes, sobre o pronunciamento do PPS nas propagandas, o presidente nacional do PT, Ricardo Berzoini (SP), anunciou, na semana passada, que enviaria um questionamento ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE). O líder partidário ainda declarou, através do site do partido, que o PPS "age como uma sublegenda dos neoliberais tucanos e a serviço do governador de São Paulo, José Serra”, provável candidato à Presidência em 2010, segundo informa o jornal O Estado de S.Paulo.
O Vice-Presidente da República, José Alencar, classificou “besteira” a acusação da propaganda do PPS, na qual o partido diz que o governo mexerá na caderneta de poupança, como ocorreu na gestão do ex-presidente Fernando Collor de Mello, quando o dinheiro da poupança foi bloqueado:
Isso é a maior besteira que tem. Para começar, o governo tem dado demonstração de respeito às normas. Jamais o governo, presidido pelo presidente Lula, iria fazer uma coisa dessa. Pode tirar isso da cabeça, isso não existe. José Alencar
Após a reclamação de Lula, o presidente nacional do PPS, Roberto Freire, divulgou a nota:
Lula está nervoso porque quer tungar a poupança para atender aos interesses dos bancos.
Roberto Freire
- Propaganda
O programa do PPS, que repetiu as acusações, foi veiculado às 20hs no rádio e às 20hs30 na televisão, cada um com 10 minutos. A geração do sinal de TV esteve sob a responsabilidade da Rede Globo do Rio de janeiro.
O próximo programa é o do PRB, o Partido Republicano Brasileiro, na próxima quinta-feira (7).
Fontes
- Propaganda do PPS é uma besteira diz José Alencar — Vermelho.org, 29 de abril de 2009, 8hs2min
- João Prestes. PPS repete críticas ao governo Lula no programa desta noite — Mídia Max, 30 de abril de 2009, 15hs30min
- Lula chama de irresponsável propaganda do PPS sobre poupança [inativa] — Globo.com, 30 de abril de 2009 às 16h29m. Página visitada em 3 de maio de 2009
. Arquivada em 4 de maio de 2009 - Redação. Para o presidente Lula, propaganda do PPS sobre poupança é irresponsável — Portal Imprensa, 30 de abril de 2009, 18hs
- Renata Veríssimo. PPS foi 'mau caráter' em propaganda, diz Bernardo — Estadão.com.br, 30 de abril de 2009, 19:34