Perdigão e Sadia anunciam fusão

Fonte: Wikinotícias

Agência Brasil

19 de maio de 2009

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A fusão das empresas Perdigão S.A. e Sadia, concretizada na noite de ontem (18), foi anunciada às 10h30 de hoje em entrevista coletiva no Hotel Intercontinental, pelos presidentes do Conselho Administrativo da nova empresa, Nildemar Secches e Luiz Fernando Furlan.


'(...)"Da associação resultará a BRF Brasil Foods S.A. com sede social na cidade de Itajaí, Santa Catarina'

—Comunicado conjunto, sobre a fusão entre Perdigão e Sadia

A Sadia formará a HFF Participações, para aglutinar as ações a serem transferidas. Por sua vez, a Perdigão mudará sua razão social para BRF Brasil Foods S.A., que posteriormente, irá incorporar a HFF. Para capitalizar o novo negócio, a Brasil Foods vai fazer uma oferta pública de ações no valor estimado em R$ 4 bilhões.

Consequências

Para o assessor técnico do Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor (Idec), Marcos Pó, a fusão pode provocar aumento dos preços e queda na qualidade dos produtos, já que diminui a concorrência. “As empresas não se juntam para o bem do consumidor, elas se juntam para ter lucro”, afirmou.

As experiências de fusão anteriores demonstram que o consumidor não costuma ser beneficiado com esse tipo de operação, de acordo com Pó. Para ele, a concorrência é a única maneira de garantir que as empresas forneçam serviços de qualidade e preços razoáveis.

O professor de marketing da Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade da Universidade de São Paulo (FEA USP), Marcos Campomar, é “otimista” com os possíveis resultados da união das duas empresas. Segundo ele, a nova companhia terá condições de oferecer produtos de melhor qualidade com preço menor.

A melhoria dos serviços seria consequência da melhor utilização dos equipamentos e da mão de obra das indústrias pertencentes a ambas as marcas. Na avaliação de Campomar, a unificação também permitiria "nivelar por cima" os padrões de qualidade.

O professor não descarta a possibilidade da existência de monopólio, pois a fusão irá combinar a força de penetração no mercado das duas empresas. “O que fará pressão sobre as empresas menores”, alertou Campomar. Nesse cenário, ele acredita que as outras empresas só teriam espaço entre as pessoas de renda mais baixa.

Quanto a demissões, Campomar acredita que devem ocorrer em níveis gerenciais, de maneira a adequar a estrutura administrativa. Ele não acredita em “demissões em massa”.

No que diz respeito aos fornecedores, Marcos Campomar prevê uma situação mais complicada. Segundo ele, com a concentração de mercado decorrente da fusão, a nova empresa teria mais poder de negociação e poderia exigir melhores condições de compra. “ Quando um comprador é forte, ele pode forçar o preço que ele quiser”, explicou.

Para o presidente da Associação Catarinense de Criadores de Suínos (ACCS), Wolmir de Souza, a situação dos produtores não deve mudar. “A política deles é igual, não muda nada”, afirmou. Segundo Souza, muitos produtores apenas prestam serviço para as grandes empresas do ramo de alimentos, que são donas dos produtos e dos insumos.

Souza se diz favorável à fusão, por acreditar que a nova empresa terá mais condições de abrir espaço no mercado internacional. “Nós precisamos ser competitivos no exterior”. Ele espera que os novos ganhos, obtidos com as possíveis exportações “sejam distribuídos com os produtores”.

A Perdigão e a Sadia juntas são responsáveis pela absorção de cerca de 35% da produção de suínos de Santa Catarina, estado de origem das empresas. Também serão a maior produtora e fornecedora de carne de aves do mundo, a segunda maior empresa do setor alimentício no Brasil, além de ser a terceira maior exportadora brasileira, atrás apenas da Petrobras e da Vale.



Fontes