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Oposição pede a Maduro que acerte negociação "séria" para concretizar transição na Venezuela

Fonte: Wikinotícias

3 de outubro de 2024

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A oposição venezuelana, liderada por María Corina Machado e o ex-candidato presidencial Edmundo González, descartou participar de um diálogo convocado pelo governo para revisar a legislação sobre processos eleitorais e partidos políticos, e pediu acordos para uma negociação séria que permita "a fluidez da transição" após as disputadas eleições de julho passado.

"É um exercício de propaganda (.) o regime pretende impor uma estrutura nas negociações que não está acordada connosco, as legítimas forças democráticas vencedoras da eleição presidencial; e isto não aceitamos", afirma um comunicado assinado por Machado, González Urrutia e a Plataforma unitária Democrática, coalizão de partidos de oposição.

A oposição lembrou que fez vários convites para "uma negociação séria sobre a transição democrática" e que seu objetivo é uma "transição pacífica e ordenada", cujo ponto de partida seja o respeito à soberania expressa nas eleições de 28 de julho, "e o mandato constitucional que estabelece que em 10 de Janeiro, Edmundo González Urrutia, tome posse do cargo" de presidente da Venezuela.

As atas conservadas pelas Testemunhas de mesa da oposição e publicadas em um site web, demonstrariam que com 67% dos votos, González Urrutia, atualmente em um "exílio forçado na Espanha", ganhou as eleições.

Mais de dois meses após a eleição, O Conselho Nacional Eleitoral (CNE), que proclamou o presidente Nicolás Maduro como vencedor para um terceiro mandato, não publicou os resultados desagregados apesar das exigências de parte da comunidade internacional que não o reconheceu como presidente eleito.

A direção opositora afirmou que qualquer tentativa de desconhecer o que ocorreu nas eleições presidenciais constituiria um "golpe de Estado".

O Presidente do Parlamento venezuelano de maioria governista, Jorge Rodríguez, convocou nesta quinta-feira os partidos políticos que participaram das eleições de 28 de julho para um diálogo para revisar as leis eleitorais no país, com o argumento de "proteger a população venezuelana" e o território.

"Não pode haver um político que peça invasões, não. Não pode haver uma política que chame a colocar bombas, que se regozije com o assassinato de mulheres e homens humildes, que se dediquem a outra coisa, em forma de ofício penitenciário, porque é a prisão que merecem, não podemos seguir com uma lei de Partidos Políticos que ficou obsoleta", disse.

O governo acusou a oposição de tentar desestabilizá-lo através de atos violentos e, após as eleições, aumentaram as detenções de dissidentes.

A oposição afirmou que as intenções do governo são "contraditórias" com a "onda repressiva" desatada desde 28 de julho e "intensificada nas últimas horas".

Além disso, insistiu que o governo violou os acordos sobre garantias eleitorais assinados em Barbados e ressaltou que um processo de negociação deve ocorrer "em um marco devidamente acordado pelas partes, com as condições que ofereçam garantias para todos os participantes".

"Um aspeto dessa negociação será acordar as garantias que terão os derrotados nas eleições presidenciais que estejam dispostos a facilitar uma saída pacífica do poder", destacou o comunicado.

"Um passo indispensável para o desenvolvimento ordenado da transição é que aqueles que devem abandonar o poder por vontade do eleitorado e a quem cabe assumi-lo, devemos designar as comissões de ligação necessárias para que o Poder Executivo funcione da maneira mais ordenada, na transição para 10 de Janeiro", ressaltou o texto.

Nesta semana, Machado, vencedora da Primária presidencial opositora, mas inabilitada para exercer cargos públicos, descartou ter intenções de deixar a Venezuela e reiterou que Maduro aceitará uma negociação para sair do poder e concretizar uma transição quando "o custo de ficar for mais alto" do que o de sair.