Movimentos apóiam Lula e denunciam golpe. Senadores alertam para "chavenização"
Brasil • 23 de junho de 2005
Integrantes da Coordenação dos Movimentos Sociais (CMS) ligados ao Partido dos Trabalhadores (PT) estiveram ontem em Brasília para prestar apoio ao Presidente Luiz Inácio Lula da Silva. A CMS é formada por 42 organizações, entre elas: o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), Confederação Única dos Trabalhadores (CUT), Movimento dos Pequenos Agricultores (MPA) e a União Nacional dos Estudantes (UNE).
Os integrantes desses movimentos se dizem favoráveis à investigação dos casos de corrupção, porém denunciam uma suposta tentativa para desestabilizar o governo e provocar um golpe.
A Coordenação dos Movimentos Sociais (CMS) divulgou a "Carta ao povo brasileiro". O documento diz que "as elites iniciaram uma campanha para desmoralizar o governo e o presidente Lula". Ele pede a investigação a das denúncias de corrupção e a punição para os culpados.
Segundo uma nota da União Nacional dos Estudantes (UNE):
- A população brasileira depositou grandes expectativas na eleição de Lula. No entanto, a demora para a realização do programa de mudanças aprovados em 2002, causada pela manutenção da política macroeconômica herdada do governo anterior, frustram essas expectativas e distanciam parcela da sociedade, que elegeu esse governo, da base de apoio. Esse cenário favorece a investida de setores à direita, e fragilizam o governo.
Segundo o líder do MST:
- Estamos vivendo uma grave crise. Crise de caráter estrutural pela continuidade de uma política econômica claramente neoliberal, que apenas aprofunda os problemas do povo. Crise provocada pelas alianças do governo com setores conservadores e suas oportunidades. Crise provocada pela direita e suas ligações com o governo Bush, que tem como objetivo derrotar politicamente o governo Lula. Bush quer ter como resultado a continuidade de um mandato neoliberal, seja na derrubada ou, na melhor das hipóteses, na garantia do retorno do governo aos conservadores nas próximas eleições, em 2006. E se o presidente Lula continuar com popularidade, terão que pelo menos repactuar com ele as condições de um segundo mandato ainda comprometido com a manutenção dos acordos neoliberais.
Reação dos senadores
Alguns senadores do Senado Federal, em discursos realizados hoje, mostraram-se preocupados com as recentes mobilizações de organizações sociais e apontaram para o risco da "chavenização" do país, uma referência ao que aconteceu recentemente na Venezuela, do Presidente Hugo Chávez, que usou o apoio de movimentos ditos populares para alterar a Constituição e concentrar poderes no Executivo. Os senadores disseram que corrupção pode acontecer em qualquer governo, de esquerda ou de direita. Eles também disseram que a crise atual foi criada dentro do governo e não a partir de denúncias ou mobilização dos partidos de oposição.
A senadora Heloísa Helena (PSOL) chamou de "conversa fiada" o argumento "golpista" por parte das pessoas que apóiam o governo.
O senador Aloízio Mercadante, representante do governo, protestou contra a comparação com o governo venezuelano.
Ver também
Fontes
- Carolina Pimentel. Presidente Lula se encontra com representantes dos movimentos sociais — Radiobras, 22 de junho de 2005
- Allen Bennett. MST calls for Congress-Brazilian people alliance [inativa] — Radiobras, 22 de junho de 2005. Página visitada em 23 de junho de 2005
. Arquivada em 29 de setembro de 2007
- Flávia Albuquerque. Coordenação dos Movimentos Sociais prepara calendário de atos em defesa do governo — Radiobras, 20 de junho de 2005
- Contra Corrupção, por mudanças na política econômica, pela reforma política, contra o golpismo de direita — UNE, 16 de junho de 2005
- Gabriela Guerreiro. Movimentos sociais devem realizar marcha contra a corrupção — Radiobras, 18 de junho de 2005
- "Só a mobilização popular pode trazer mudança de rumos", diz Stedile [inativa] — MST, 30 de maio de 2005. Página visitada em 23 de junho de 2005
. Arquivada em 7 de setembro de 2006