Militar americano acusado de matar 16 civis no Afeganistão pode ser julgado em Tribunal Marcial; Talibans atacam investigadores no mesmo local do ataque
13 de março de 2012
Afeganistão — O soldado americano que não teve identidade revelada, acusado de assassinar 16 e deixar dezenas de feridos civis afegãos, inclusive queimar alguns dos corpos no interior da província de Kandahar (sudeste do Afeganistão) poderá ser julgado no Tribunal Militar americano, é o que afirma os oficiais militares americanos.
Apesar de não ter identidade revelada, o identificam o atacante como sendo um sargento do exército acrescentando que ele tinha agido sozinho. O ataque aconteceu anteontem, quando o soldado deixou a base militar em Panjwai por volta das 3 horas (19hs30min do dia 10, no horário de Brasília) e invadiu casas, abrindo fogo contra moradores. Em seguida, fugiu do local e voltou na mesma base militar, onde ele se entregou a oficiais norte-americanos.
O Estado-maior americano tem recusado desde ontem em revelar a identidade do autor do crime. Trata-se de um sargento de 38 anos, casado e pai de duas crianças, originário de uma base militar próximo de Seattle no Estado de Washington. Ele faz parte das Forças Armadas há 11 anos, e esteve por 3 vezes em missões no Iraque, e foi enviado ao Afeganistão no início de Dezembro do ano passado.
Enquanto isso, especialistas em jurisprudência militar afirmam que o sargento do exército responsável pelo massacre de 16 afegãos poderá ser julgado em tribunal marcial. Eugene Fidell é professor de justiça militar na Faculdade de Direito da Universidade de Yale, e adianta que de acordo com a lei se as investigações provarem a existência legal de provas, o suspeito deverá ser julgado por um tribunal militar.
Poderá haver advogados em ambos lados. Poderá haverá um juiz militar. Poderá haver um júri de pelo menos 5 até 12 pessoas, e de facto as acusações apontarão para a pena capital, com a opção da pena de morte.
Eugene Fidell
O professor Eugene Fidell diz estar mais do que claro que o suspeito deverá continuar sob a custódia militar americana.
Não há chance nenhuma que o esse indivíduo venha a ser entregue ao sistema judicial afegão. Mas é preciso lembrar que um tribunal marcial é organizado em público. Poderá ser aberto ao público incluindo membros do público afegão e aos medias afegãos.
Eugene Fidell
Ataque
Alegados suspeitos militantes dispararam contra uma delegação do governo afegão em visita as aldeias onde militar americano cometeu os assassinatos. O ataque ocorrido hoje na província de Kandahar provocou a morte de um solado afegão e feriu pelo menos um outro agente da polícia.
O tiroteio que vitimou o militar afegão ocorreu no momento em que a equipa de investigação que inclui dois irmãos do presidente Hamid Karzai e responsáveis do governo provincial participava nas exéquias fúnebres das vítimas do alegado ataque do militar americano na madrugada de Domingo. Nenhum grupo reivindicou a acção, mas sabe-se que os Talibas juraram decapitar americanos como vingança.
Protesto e Condenação
Ontem, centenas de pessoas protestaram em Jalalabad no leste do Afeganistão na primeira e até então a maior manifestação pública contra a acção do militar americano. Muitos dos manifestantes entoaram o slogan “Morte a América.”.
O parlamento afegão condenou o assassinato e pediu ao governo americano para um julgamento público do seu responsável.
Investigação
O porta-voz da Casa Branca, Jay Carney, referiu ontem que investigações estavam em curso para apurar as causas da acção do militar americano:
Estou certo que haverá discussões entre as chefias militares americanas assim como líderes civis no Afeganistão e o governo afegão na onda deste incidente. Mas os objectivos da nossa estratégia não mudaram e eles não serão mudados
Jay Carney
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- "Soldado norte-americano abre fogo contra moradores e mata dez no Afeganistão", Wikinotícias, 11 de março de 2012.
- "Sobe para 16 mortos no ataque a tiros feito por soldado americano no Afeganistão", Wikinotícias, 12 de março de 2012.
Fonte
- Por Redacção. Afeganistão: Militar americano pode ser julgado em tribunal marcial — Voz da América, 13 de março de 2012.
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