Estados Unidos discutem comércio com África

Fonte: Wikinotícias

Agência VOA

Nairobi, Quénia • 4 de agosto de 2009

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A secretaria de estado Americana, Hillary Clinton chegou Terça-feira a Nairobi, Quénia, a primeira etapa de um périplo que a vários países do continente africano, nomeadamente Angola e Cabo Verde.

O primeiro dia da visita oficial de Hillary Clinton, ao Quénia tem inicio Quarta-feira, quando a governante americana intervir na cerimónia de abertura do Fórum versando a Lei de Oportunidades e de Crescimento Económico em África, iniciativa tida por fulcral nas relações comerciais entre os Estados Unidos e a África Subsaariana.

Conhecida igualmente pela sigla AGOA, a lei foi instituída em 2000, pelo então presidente americano, Bill Clinton com o propósito de expandir os benefícios de um então programa de preferências nas relações comerciais da administração americana.

Com base no diploma em questão, 41 estados da África Subsaariana foram na altura seleccionados, como beneficiários do programa AGOA, nomeadamente na exportação de têxteis para o mercado americano, livre de impostos. A elegibilidade de um dado pais ao programa, esteve na altura condicionada a critérios da boa governação.

James Shikwati, economista queniano diz por exemplo ser muito provável que a AGOA, venha a dominar as conversações entre Hillary Clinton e os ministros do comercio, da economia e finanças dos países africanos , presentes em Nairobi, particularmente a melhor forma de se rentabilizar os benefícios inerentes a iniciativa.

Para este economista apesar da AGOA ter estado na origem de um considerável incremento das trocas comerciais entre a África e os Estados Unidos, calculado em mais de 50 por cento desde 1999, a luz da iniciativa, os países africanos não produtores de petróleo continuam a ser os mais negligenciados, comparativamente as nações asiáticas em vias de desenvolvimento.

"Basta olharmos para o volume das trocas comerciais, especialmente nos últimos anos, veremos que 80 por cento centrou-se no petróleo," disse Shikwati acrescentando que "vinte por cento , representa a única janela, através da qual 7 mil outros produtos tentam a sua penetração no mercado americano".

"Portanto, olhando para toda a engenharia do processo, fica claro que a América tem sido a grande beneficiada, comparativamente ao povo africano" disse.

Organizações sedeadas aqui em Washington, nomeadamente a Brookings Institution estimam por exemplo que cerca que 96 por cento ou seja 56.3 mil milhões de dólares resultantes das transacções entre os Estados Unidos e a África em 2008, no quadro da AGOA, sejam provenientes da exportação de produtos energéticos.

No que tange a exportação dos têxteis, o que a África Subsaariana conseguiu exportar representa um pouco mais de um por cento do total do bolo, das exportações africanas para o mercado americano, por conseguinte, um percentual três vezes menos aquilo que só o Bangladesh, por exemplo exportou no mesmo ano para os Estados Unidos.

Para a Brookings Instituition, vários factores pesaram, na limitação das potencialidades da AGOA, nomeadamente os altos custos da iniciativa empresarial, que colocam a África em posição de desvantagem competitiva, a própria AGOA, que pouco fez para encorajar os países elegíveis a iniciativa a diversificarem as suas economias, por forma a atraírem capitais americanos isto sem perder de vista as leis e regulamentos proteccionistas, que entravam em certa medida a entrada dos produtos agrícolas africanos no mercado americano.

Perante esta realidade, James Shikwati, economista queniano defende que o maior desafio quer para os Estados Unidos quer para os Estados Africanos, passa agora pela transformação da AGOA, de uma iniciativa largamente dependente das exportações petrolíferas em algo, da qual a África e o seu povo possam assacar vantagens.

Mas que para que isso aconteça, defende aquele economista africano, vai ser pois necessário que a África identifique o que realmente espera e deseja da América.

A agencia internacional de combate a pobreza, a Action AID instou igualmente os lideres africanos e os Estados Unidos a zelarem para que a AGOA, resulte igualmente num incremento de empregos, na melhoria das condições dos trabalhadores e no respeito dos direitos humanos dos estados beneficiários da iniciativa.

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