Delúbio Soares diz que dinheiro era "caixa 2" de campanhas
Brasil • 19 de agosto de 2005
O ex-tesoureiro do Partido dos Trabalhadores (PT) Delúbio Soares prestou depoimento ontem (18) em Brasília para a Comissão Parlamentar Mista de Inquérito da Compra de Votos, também conhecida como CPI do Mensalão. Delúbio negou que o dinheiro arrecadado de maneira irregular para o PT foi usado para comprar deputados. Ele disse que os recursos financeiros não declarados à Justica Eleitoral (conhecido como "caixa 2") foram usados para cobrir dívidas de campanhas do PT e partidos aliados.
Delúbio Soares afirmou que as empresas de Marcos Valério foram usadas para emprestar dinheiro para o PT e outros partidos aliados. Os empréstimos, segundo Delúbio, seriam usados para quitar débitos não contabilizados feitos nas campanhas políticas de vários candidatos desses partidos. Ele explicou que como as contas já haviam sido apresentadas aos respectivos tribunais regionais eleitorais, o pagamento delas não poderia ser feito através de recursos oficiais legais.
O ex-tesoureiro declarou que ex-presidente do PT José Genoíno sabia sobre a existência do fundo ilegal não declarado (chamado "caixa dois", no Brasil) para as campanhas, mas desconhecia como ele era usado por Delúbio para saldar os débitos. Ele disse que Genoino era "apenas comunicado de que o problema estava resolvido".
Delúbio Soares disse que o ex-ministro-chefe da Casa Civil José Dirceu não foi informado sobre as questões financeiras do PT depois que entrou no governo e que por causa disso não sabia sobre a prática de usar recursos não contabilizados pelos diretórios do partido.
O ex-tesoureiro disse que os empréstimos contraídos pelo PT junto aos bancos BMG e Rural, serviram para quitar compromissos oficiais assumidos pelo PT para custear despesas do período de transição entre os governos anterior e atual, e para financiar a festa de posse de Luiz Inácio Lula da Silva. Ele não soube dizer quais integrantes do partido tinham conhecimento de que os pagamentos feitos ao publicitário Duda Mendonça eram feitos com recursos não contabilizados.
Sobre a entrevista do presidente do Partido Liberal (PL), ex-deputado Valdemar Costa Neto para revista Época,o ex-tesoureiro afirmou que ela retrata "um pouco a realidade, mas tem exageros".
O senador Leonel Pavan (PSDB-SC) perguntou a Delúbio sobre a amizade dele com Lula. Delúbio respondeu que trabalhou como coordenador das campanhas presidenciais de Lula três vezes e que gostava muito do presidente. Ele não disse diretamente se considerava amigo pessoal do presidente. Ao invés disso, preferiu dizer: "Se ele é meu amigo, ele é quem tem que falar".
Fontes
- Iolando Lourenço. Delúbio diz que não falou com integrantes do governo sobre doações de recursos aos partidos aliados — Agência Brasil, 18 de julho de 2005
- Delúbio confirma caixa dois nas campanhas estaduais do PT e aliados — Agência Senado (Brasil), 18 de julho de 2005
- Delúbio não explica pagamentos a Duda Mendonça — Agência Senado (Brasil), 18 de julho de 2005
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