Covid-19: excesso de mortalidade avança no Brasil e chega a 64% em abril, alerta Conass

Fonte: Wikinotícias

6 de junho de 2021

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O Conass, Conselho Nacional de Secretários de Saúde, alertou dias atrás para o excesso de mortalidade no Brasil, que, segundo o órgão, entre 01 de janeiro e 17 de abril, foi de 64%. Isto significa, a título de explicação, que, invés de morrerem 100 mil pessoas no período, morreram 164 mil.

"De acordo com os dados, o número de mortes acima do esperado – classificado como excesso de mortalidade – é superior à população de Angra dos Reis, no Rio. É como se todos os habitantes do município e ainda 4.803 visitantes tivessem morrido de forma inesperada e por causas naturais num período de quatro meses e meio", explicaram os analistas.

O número se refere a todas as mortes por causas naturais - causadas por doenças ou mau funcionamento interno do corpo e incluem óbitos por covid-19 e doenças respiratórias - informadas no Portal de Transparência do Registro Civil (RC).

Os dados integram o Painel de Análise do Excesso de Mortalidade por Causas Naturais no Brasil em 2021, preparado pelo Conass em parceria com a organização global de saúde pública Vital Strategies e com a Associação Nacional dos Registradores de Pessoas Naturais (Arpen-Brasil).

Em 2020, o excesso de mortalidade foi de 22%, sendo que em números absolutos, foram identificadas 275.587 mortes a mais do que o esperado.

Covid-19

O acompanhamento das taxas de excesso de mortalidade é recomendado pela Organização Mundial da Saúde (OMS) para avaliar os reflexos da covid-19 nos países. “Os dados, associados à análise do número de mortes e infecções da doença, permitem ter um quadro mais preciso sobre as consequências diretas e indiretas da epidemia no país, fornecendo informações para a formulação de estratégias eficazes para o enfrentamento da crise de saúde”, reforçou o Diretor Executivo da Vital Strategies no Brasil, Pedro de Paula.

As mortes não esperadas podem ser reflexo, além da infecção provocada pelo novo coronavírus, do atraso no diagnóstico e tratamento de outras doenças, em virtude da crise sanitária e aumento da demanda dos serviços de saúde. Os dados, no entanto, mostram uma inequívoca relação entre o comportamento da epidemia e o excesso de mortes.

Mais mortes entre homens de meia-idade

Os analistas destacaram a confirmação da tendência registrada no final de 2020, a de que homens e a população na faixa etária até 59 anos têm sido os mais impactados. “O excesso de mortes vem crescendo entre a população de até 59 anos e se mantido maior entre os homens. Na população do sexo masculino de todas as faixas etárias, o número esperado de óbitos era de 171.132 até a semana de 11 de abril. O excesso de mortes observado, no entanto, foi de 115.843, equivalente a 68% do que havia sido inicialmente projetado. Entre mulheres, o percentual de excesso de mortalidade foi de 61%. O número de óbitos esperado era de 157.533, mas foram identificadas 96.004 mortes a mais”, explicou Fátima Marinho, Epidemiologista sênior da Vital Strategies.

Segundo os analistas, dois fatores combinados podem explicar o maior impacto nesta população: o de que os homens adotam comportamentos de maior risco para a contaminação com o vírus da covid e o fato de que a variante P1 do Sars-Cov-2 atingir também, com intensidade, a faixa etária das pessoas com menos de 60 anos de idade.

Mais mortes no Sul

Os dados chamaram atenção também para o excesso de mortalidade no Sul do Brasil, região que atravessou boa parte de 2020 com baixos percentuais de excesso de mortes. A taxa teve um aumento expressivo a partir de 14 de fevereiro de 2021 e alcançou um pico na semana de 14 de março, com 150% de excesso de mortalidade proporcional. No último período analisado, que começou em 11 de abril, o excesso de mortalidade proporcional ainda era muito grande: 84%.

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