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Casal que sequestrou uma estudante perto da capital do Brasil é condenado

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Fonte: Wikinotícias
Localização da Brasília e o Distrito Federal.

Brasília, Distrito Federal, Brasil • 19 de agosto de 2024

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O Tribunal de Justiça do Distrito Federal e Territórios (TJDFT) condenou na tarde de última quarta-feira (14), um casal que realizou sequestro a uma estudante menor de idade (na época, com 12 anos) para fins sexuais. O TJDFT condenou o homem a 45 anos e 9 meses de prisão enquanto a mulher recebeu 29 anos e dois meses. As sentenças foram proferida no 2° Juizado de Violência Doméstica e Familiar Contra Mulher de Brasília pelo juiz Newton Mendes de Aragão Filho.

Localização da Cidade Ocidental em Goiás.

A Justiça deu alta pena ao homem por ter sequestrado e estuprado a estudante, enquanto a mulher recebeu menor pena por sequestro e colaborado às investigações. Apesar da condenação, ela está respondendo em liberdade, enquanto ele continua preso e não poderá recorrer em liberdade. A dupla também foi condenada a pagar cada um, R$ 80 mil (oitenta mil reais) para a vítima, totalizando R$ 160 mil (cento e sessenta mil reais) em compensação financeira pelos danos morais e estéticos sofridos pela vítima.

Localização da Luziania em Goiás.

O casal de réus em questão é o ex-servidor público Daniel Moraes Bittar e a ex-influenciadora digital Gesielly de Souza Vieira, que antes das prisões, Daniel Bittar morava em Brasília (no Distrito Federal) e a Gesielly Vieira em Luziânia (Goiás). A defesa dos réus informaram que irão recorrerem da decisão judicial.

No ano passado, Daniel Moraes Bittar se encontrou com sua amiga e amante Gesiely de Sousa Vieira para sequestrar a estudante em Goiás em um carro preto. Antes e após sequestro, o carro foi flagrado pelas câmeras de monitoramento em Luziânia até Brasília. A polícia foi informada do sequestro e agiu rápido após obter imagens das câmeras, chegando a placa do veículo e o dono, conseguindo prender o casal posteriormente.

Com o crime divulgado pela mídia, Daniel Moraes Bittar foi demitido por justa causa do Banco de Brasília (BRB), como analista de tecnologia da informação (TI) no núcleo de sistemas externos, na qual era concusado desde 2015. Seus familiares passaram a serem ameaçados na mesma cidade onde mora após o vazamento dos seus dados pessoais dele ser realizado na internet.

Na madrugada do dia 28 de junho de 2023 às 4h30min, Daniel Moraes Bittar saiu do condomínio onde morava (SQN 411 Asa Norte) com seu carro Eco Sport da cor preta para se encontrar com sua amiga Gesiely de Sousa Vieira na Cidade Ocidental (no Entorno do Distrito Federal), chegando ao local por volta das 6h da manhã.

Às 12h41min, o carro Eco Sport da cor preta foi visto perto da escola no bairro Jardim Ingá em Luziânia (Goiás), onde o casal escolheram a estudante. A mulher desceu do carro, perto da escola da menina.

Às 12h42min, o casal abordou uma estudante a caminho de casa e a levou à força no carro preto, realizando o crime de sequestro, testemunhado por várias pessoas que viram o casal jogando a estudante no carro e tapando sua boca para que ela não gritasse.

O carro em questão passou por várias ruas e avenidas, enquanto a estudante era ameaçada com uma faca e dopada pela mulher, saindo da cidade de Luzilândia. Ela sedou a estudante com um pano molhado com clorofórmio e colocou a vítima no banco de trás do veículo. Por volta das 13 horas, Daniel Bittar deixou Gesiely Vieira na Cidade Ocidental para depois voltar a Brasília com a garota ja dopada.

Às 14h11, sendo flagrado pelo circuito interno de TV, chega no condomínio onde mora (SQN 411 Asa Norte) em Brasília, ele tirou do carro uma mala dentro da qual a menina dopada e a levou até o apartamento, para não levantar suspeita do sequestro em andamento, mas deixou amochila dela no carro. Às 14h21, as câmeras flagraram Daniel Bittar subindo lances de escada com a mala até chegar na residência.

Após levar a vítima na cama do apartamento e algemar, a estudante acorda e ele passou a assediar sexualmente, chegando a dizer que faria dela uma "escrava sexual". Para isso, obrigou a ela a gravar um vídeo pornográfico no qual masturbava nele enquanto fazia o mesmo nela. Após terminar a gravação, enviou o vídeo para sua cúmplice Gesiely Vieira, pela internet.

Às 17h20, a mãe da menina, que estava no trabalho, se desesperou com a ausência da filha e foi para a escola, onde não a encontrou, onde fica sabendo do sequestro da filha através de alguns alunos que testemunharam o ato criminoso. Ela liga pro policial que é tio da sequestrada.

Às 18 horas, os serviços de inteligências da Polícia Militar de Goiás e do Distrito Federal são acionados e alertado do sequestro. Às 22 horas, a Polícia Militar de Goiás consegue as imagens das câmeras que flagraram antes e depois do crime, conseguindo a placa do carro, registrada no Distrito Federal. A Polícia Militar do Distrito Federal é avisada e consulta no DETRAN-DF, onde verificou o endereço e o nome do dono.

Às 23 horas, as polícias de Goiás e do Distrito Federal chegaram ao endereço e encontram o carro estacionado com a mochila estudantil, deslocando para o apartamento onde o dono do carro mora. Chegando ao local, os policiais encontram o carro e a mochila dentro do veículo, indo ao apartamento do dono do carro. Ao chegarem, o policiais são atendidos por ele vestido de cueca, sendo rendido e o local invadido, encontrando a vítima, que no início, disse ser sua prima, encerrando as 11 horas do sequestro.

No apartamento dele, a polícia encontra a garrafa de clorofórmio, duas máquinas de choque, uma fita (geralmente usada pelos criminosos para amarrar pessoas em sequestros em andamento), medicamentos, objetos sexuais (entre eles vibradores), uma câmera fotográfica, cartões de memória, uma mala, DVDs e revistas de conteúdo pornográfico. Também foi encontrada uma plantação da maconha, o que leva a crer que era usuário ou traficante.

Sede do Banco de Brasília (BRB) em 2019.

No início da tarde do dia 29 de junho, após o noticiário do crime repercutir no Distrito Federal e em todo o Brasil, o presidente do Banco de Brasília (BRB), Paulo Henrique Costa, anunciou por meio de nota a demissão do servidor Daniel Moraes Bittar do seu cargo como analista de tecnologia da informação (TI) no núcleo de sistemas externos da empresa (pelo qual ele recebia R$ 16 mil por mês). De acordo com o próprio banco, o último comparecimento dele ao serviço havia sido na quinta-feira (22 de junho), quando pegou um dia de folga (23 de junho) e para os demais após 24 de junho alegou que estava cuidando da mãe, com problemas de saúde. Costa emitiu nota de repúdio ao crime:

O BRB informa que o vínculo empregatício do acusado foi encerrado a partir do momento em que a instituição tomou conhecimento dos fatos. O Banco não tolera condutas que ferem valores inegociáveis como o respeito à infância e repudia qualquer tipo de assédio, em especial o sexual e contra menor de idade.

Comunicado do BRB

Após o crime ser exposto pela mídia, surgiram mais informações: Daniel Moraes Bittar era ator no grupo de teatro brasiliense nas décadas de 2000 e 2010, participou no grupo de "doutores da alegria" que visita aos hospitais onde as crianças eram internadas e tratadas em hospitais. As novas informações fizeram com que os artistas que atuavam em espetáculos locais na cidade e que tiveram contato com ele fossem obrigados a divulgar nas redes sociais notas de repúdio contra o criminoso e seus atos durante o dia.

Doze horas depois da prisão e algumas horas depois da demissão do servidor Daniel Moraes Bittar do seu cargo como analista de tecnologia da informação (TI) no núcleo de sistemas externos do BRB, a Polícia Militar do Distrito Federal conseguiu identificar e prender Gesiely de Sousa Vieira.

Alessandro Arantes, tenente-coronel da Polícia Militar de Goiás (PMGO), fez uma coletiva de imprensa na qual foi revelado que a namorada de Daniel não era a comparsa do crime (Synara Ávila), mas sim outra jovem (Gesiely de Sousa Vieira), que inicialmente havia sido apontada como participante do crime pela imprensa e pelas redes sociais.

Em 30 de junho, num vídeo divulgado na abordagem policial feito na noite do dia anterior fora do apartamento, Bittar é interrogado pela polícia e diz que apenas conversava com a vítima, confirmando que estava em seu apartamento e afirma que ainda não tinha feito "nada com ela". Questionado pelos policiais, chega a pedir calma e até chora, encerrando com a prisão dele, sendo levado à delegacia, onde na madrugada do dia anterior (29 de junho), ele permaneceu em silêncio durante o depoimento prestado à polícia.

Horas depois, os policiais descobriram numa investigação rápida que o casal criminoso já tinham relacionamento desde 2021 (chegaram a morar juntos entre os meses de janeiro e fevereiro de 2023), isso após encontrarem diversos registros de pagamentos feitos por Daniel para Gesiely (o que gerou a suspeita que ela seria uma garota de programa), pois em março do mesmo ano, ele começou ter relacionamento com outra garota, desta vez a jovem Synara Ávila. Apesar de não participar do crime por não saber que seu então namorado era um criminoso, Synara Ávila foi confundida com Gesiely por ter aparecido na foto no perfil do então namorado no Instagram em sua última publicação antes do crime, quando passaram o dia dos namorados juntos (12 de junho). Ela apareceu publicamente à imprensa negando qualquer crime, anunciar o término do namoro e revelar que ele deixava a casa fechada e tinha fetiches sexuais.

Em 5 de julho, o delegado da Polícia Civil do DF, João Guilherme Medeiros, revelou que o acusado, após ser alertado sobre suas prerrogativas legais e direito de ficar em silêncio após ser preso, permitiu gravar um vídeo onde confessa seus atos, admitido inclinações pedófilas e dizendo que já havia pensado em "castração química".

Em 8 de julho, o Ministério Público do Distrito Federal e Territórios (MPDFT) denunciou Daniel Moraes Bittar (sequestro e estupro) e Gesielly Souza Vieira (também por sequestro e por ter ajudado no crime) nos crimes mencionados, mas não divulgou mais informações sobre a denúncia, em razão do sigilo para os processos que envolvem menores de idade, tornando o casal em réus.

Em outubro, começou audiência entre os criminosos, as testemunhas e as provas com o juiz do caso, terminando em uma semana, mas depois disso não divulgou mais o andamento até fevereiro de 2024, quando foi marcado a data do julgamento.

Controvérsia na omissão partidária do criminoso

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A tentativa de associar o crime realizado por Daniel Moraes Bittar ao Jair Bolsonaro (primeiro) e a omissão da informação do seu apoio ao Luiz Inácio Lula da Silva (segundo) foram alvos de muitas críticas na internet.

Nas primeiras horas da manhã do dia 29 de junho, a mídia divulga o crime chocante e de imediato, lulistas (seguidores do atual presidente esquerdista Luiz Inácio Lula da Silva), difundiram mensagens em redes sociais (Facebook, Twitter e Instagram) e em seções de comentários nos sites de notícias a informação de que Daniel Moraes Bittar seria um bolsonarista (seguidor do ex-presidente direitista Jair Bolsonaro), em mais uma tentativa de explorar um caso chocante para atacar a direita brasileira, sem no entanto mostrar alguma prova para comprovar a acusação. A tentativa dos lulistas em associar o criminoso ao bolsonarismo falhou depois que os internautas encontraram nos perfis dele nas redes sociais no Facebook, no Twitter (atual X) e Instagram, nas quais todas desmentem o seu apoio à direita, pois demonstrou a sua simpatia à esquerda.

Nos perfis encontrados pelos internautas mostra que em 2022, Daniel Bittar se posicionava favoravelmente ao Partido dos Trabalhadores (PT) e seu então candidato Lula na eleição naquele ano. Nas postagens antigas, ele apoiou o governo da Dilma Rousseff na década passada que terminou com o impeachment e criticou o seguinte Michel Temer (que chamava de "golpista"), além das postagens em apoio às causas feministas e minorias sexuais. Na eleição presidencial anterior (2018), ele apoiou o então candidato Fernando Haddad (PT) que foi derrotado pelo Jair Bolsonaro (na época, filiado ao PSL).

Nos perfis pessoal dele nas redes sociais, internautas realizaram outras descobertas chocantes em duas postagens contra o abuso sexual de menores no Instagram em 2022: Ele compartilhou imagem de uma menina com a boca vedada pela fita que aparece com o braço esticado e a mão aberta com a mensagem: "Pintou um clima? Não. Pedofilia é crime[.] Denuncie." (em referência ao então presidente e candidato à reeleição Jair Bolsonaro sobre sua fala "pintou um clima" a garotas de 14 anos, na qual o então candidato negou qualquer associação, cujo o deslize foi explorada pelos petistas); outra postagem do mesmo mês traz uma foto de um broche da campanha "Faça Bonito", de Mobilização de Combate à Violência Sexual contra Crianças e Adolescentes. O símbolo é uma flor amarela e o slogan é "Faça bonito, proteja nossas crianças e adolescentes". No outro perfil pessoal, desta vez no Facebook, em 27 de maio de 2016, ele havia postado mensagem curta sobre os "homens contra a cultura do estupro", cujo crime cometeria sete anos depois dessa postagem. Já no Twitter (atual X) em 2022, tinha feito alguns tweets contra o estupro e a pedofilia, criticar um usuário por supostamente "passar o pano" para pedofilia. No mesmo ano após a eleição, defendeu a prisão do Bolsonaro, que ele mesmo seria preso.

No entanto, com a repercussão do caso, sites e blogs esquerdistas que apoiam o governo e do establishment midiático (acusados de apoiarem o atual governo) omitiram a informação da preferência partidária do criminoso, enquanto outros publicaram a preferência partidária mas ignoraram o caso. A omissão do detalhe foi tão controversa e alvo de críticas nos comentários nas notícias publicadas, influenciadores digitais e sites da direita (representados pelos bolsonaristas), devido ao fato os criminosos que eram presos e seu apoio a Bolsonaro em suas redes sociais sendo expostas com manchetes sensacionalistas, reforçando a existência dois pesos e duas medidas na imprensa brasileira. A omissão reforça as acusações contra uma parte da mídia por adotarem seus padrões duplos em seus noticiários nos anos recentes: se Daniel Moraes Bittar fosse um bolsonarista ou direitista iriam expor sua preferência partidária e caso ele fosse um lulista ou esquerdista sua preferência partidária era ignorada. Após a notícia da sua prisão e a evidente hipocrisia vir à tona (dizia ser contra a pedofilia e o estupro), internautas encheram os perfis dele nas redes com mensagens de revolta pelo crime praticado, principalmente no Instagram até sua exclusão em 13 de julho de 2023.