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Caça furtiva dobra em Uganda durante pandemia de COVID-19

Fonte: Wikinotícias

7 de julho de 2020

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Autoridades de Uganda ligadas à vida selvagem dizem que a queda na renda que vinha do turismo, causada pela pandemia de COVID-19, levou muitas pessoas que dependiam dos turistas a caçar os mesmos animais dos quais esta indústria depende. Os parques nacionais de Uganda registraram uma duplicação na caça furtiva durante a pandemia em comparação com mesma época do ano passado, enquanto conservacionistas estão procurando fontes alternativas de renda para as comunidades a fim de impedir este tipo de atividade.

Entre fevereiro e junho deste ano, a Autoridade da Vida Selvagem de Uganda (Uganda Wildlife Authority) registrou 367 casos de caça furtiva em todo o país, mais do que o dobro dos 163 casos registrados em um período semelhante em 2019. John Makombo, diretor de conservação da entidade, atribui o aumento à COVID-19, que causou perda de renda para as pessoas que trabalham no setor de turismo e a diminuição dos recursos humanos para patrulhar todas as áreas de conservação.

O turismo é geralmente a principal entrada de divisas em Uganda, tendo gerado 1,6 bilhões de dólares apenas nos anos de 2018 e 201, mas com o fechamento do setor devido à pandemia, Makombo diz que o setor não está ganhando dinheiro, tornando os parques nacionais vulneráveis ​​aos caçadores. "Essa diminuição no turismo levou ao desemprego", disse Makombo. "Alguns membros da comunidade que estavam sem emprego voltaram suas lanças contra a vida selvagem como caçadores".

O incidente mais recente foi o assassinato de Rafiki, um gorila-prateado que vivia no Parque Nacional Impenetrável de Bwindi (Bwindi Impenetrable National Park), no sudoeste do país

Gladys Kalema Zikusoka é fundadora e chefe da Conservação Através da Saúde Pública, uma ONG protetora dos animais selvagens. Ela diz que a maioria das mortes de gorilas é acidental, mas a morte de outros animais não. "Eles preparam armadilhas para outros animais que querem comer, como o pequeno antílope ou um porquinho-do-mato", disse Kalema. "Quando eles colocam essas armadilhas, os gorilas podem ser pegos acidentalmente por elas. Tivemos casos de pessoas que atiraram lanças em gorilas, no entanto, eles não estavam indo caçar gorilas, mas porcos-do-mato".

De acordo com a Lei de Turismo de Uganda, 20% de toda a receita dos parques nacionais é direcionada às comunidades locais, incluindo 10 dólares de todas as entradas do Parque Nacional Impenetrável de Bwindi. Nas circunstâncias atuais, no entanto, esse dinheiro acabou.

Kalema diz que para reduzir a caça furtiva, sua organização e a Uganda Wildlife Authority lançaram uma iniciativa em que os agricultores recebem um preço acima do mercado pelo café. "São agricultores com quem nos engajamos, para que não precisem ir ao parque caçar para poder alimentar suas famílias", disse Kalema. "Estamos incentivando-os para que cultivem alimentos para que possam pelo menos comer. Eles não estarão morrendo de fome enquanto esperam os turistas voltar. Essas comunidades locais, eu acho, podem coexistir com a vida selvagem, mas se estão com fome, é muito difícil coexistir".

De acordo com a Autoridade de Vida Selvagem de Uganda, a vida selvagem nos parques nacionais Kidepo, Lake Mburo, Murchison Falls e Bwindi Impenetrable permanece vulnerável, apesar dos esforços para aumentar o patrulhamento nas áreas protegidas.

As autoridades estão garantindo que os guardas passem mais tempo com os gorilas - que são a principal atração dos parques - para diminuir a chance de que eles possam passear e ser caçados.


Fontes