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Venezuela revoga autorização ao Brasil para representar a embaixada argentina em Caracas

Fonte: Wikinotícias

8 de setembro de 2024

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A Venezuela revogou no sábado a autorização para o Brasil representar os interesses da Argentina em seu território e a custódia de sua embaixada em Caracas, onde estão asilados seis opositores ao governo de Nicolás Maduro.

Em nota, o Itamaraty informou que a medida foi notificada oficialmente ao governo brasileiro.

“A Venezuela é obrigada a tomar esta decisão motivada pelas provas disponíveis sobre a utilização das instalações dessa missão diplomática para o planeamento de atividades terroristas e tentativas de assassinato contra o Presidente Constitucional da República Bolivariana da Venezuela, Nicolás Maduro Moros e contra a República Bolivariana da Venezuela. A vice-presidente executiva, Delcy Rodríguez Gómez, pelos fugitivos da justiça venezuelana que nela permanecem”, afirma um comunicado divulgado pelo Itamaraty.

Reação do Brasil

O Itamaraty afirmou pouco depois em comunicado que recebeu "com surpresa" a decisão da Venezuela e acrescentou que continuaria a representar os interesses argentinos até que outro país com aprovação venezuelana fosse designado para fazê-lo.

“O governo brasileiro destaca neste contexto, nos termos das Convenções de Viena, a inviolabilidade das instalações da missão diplomática argentina”, acrescentou.

Argentina rejeita decisão unilateral da Venezuela

A Argentina rejeitou a decisão “unilateral” do governo venezuelano de revogar a autorização concedida ao Brasil para guardar a sua sede e alertou que deve respeitar a Convenção de Viena sobre Relações Diplomáticas que consagra a inviolabilidade das instalações da missão.

“Qualquer tentativa de interferência ou sequestro dos requerentes de asilo que permanecem na nossa residência oficial será duramente condenada pela comunidade internacional”, destaca um comunicado do Itamaraty.

Desde sexta-feira à noite, a residência da embaixada argentina em Caracas, onde estão abrigados seis assessores próximos da líder da oposição, María Corina Machado, está fortemente vigiada por agentes de segurança, muitos deles encapuzados e armados.

“É assim que amanhece a sede da embaixada argentina em Caracas, cercada por agentes do regime, encapuzados e armados, que - além disso - impedem o acesso a jornalistas, embora a rua não esteja fechada”, escreveu Magalli Meda, chefe do comando de campanha da oposição, que divulgou fotografias tiradas da sede diplomática.

O cerco à sede diplomática ocorreu horas depois de o governo do presidente da Argentina, Javier Milei, ter solicitado ao Tribunal Penal Internacional (TPI), que investiga alegados crimes contra a humanidade cometidos na Venezuela, a emissão de mandados de prisão contra Maduro e outros altos funcionários.

A ministra da Segurança da Argentina, Patricia Bullrich, manifestou consternação com uma “possível incursão” e apelou à comunidade internacional e aos venezuelanos para “resistirem”, num áudio divulgado pela jornalista venezuelana no estrangeiro, Carla Angola.

O Brasil, que no início de agosto assumiu a representação da Argentina na Venezuela, após a expulsão da representação diplomática daquele país que questionava os resultados das eleições presidenciais que deram a Maduro o vencedor para um terceiro mandato, em meio a alegações de fraude do oposição, disse que continua representando os interesses da Argentina.