Uma decisão judicial não resolverá a crise na Venezuela, alertam especialistas
13 de agosto de 2024
Uma decisão do mais alto tribunal de justiça sobre a votação presidencial na Venezuela não será uma “palavra sagrada” para a comunidade internacional, como sugere o presidente Nicolás Maduro, e os três presidentes de esquerda que estão mediando a crise têm uma tarefa “árdua” e urgente, disseram os especialistas.
A Câmara Eleitoral do Supremo Tribunal da Venezuela iniciou a análise das eleições presidenciais de 28 de julho, nas quais Maduro foi proclamado vencedor, apesar de a oposição afirmar ter vencido com base em mais de 80% dos registos de votação.
Maduro, que interpôs recurso para que aquele órgão judicial decida sobre a votação, disse na sexta-feira passada que a sua decisão será “palavra sagrada” e que todos devem respeitá-la. Os presidentes do Brasil, da Colômbia e do México, que lideram uma iniciativa de mediação entre o partido no poder e a oposição, anunciaram que esta não será uma solução válida.
“O Conselho Nacional Eleitoral é o órgão responsável, por mandato legal, pela divulgação transparente dos resultados eleitorais”, afirmaram Luiz Inácio Lula da Silva, Gustavo Petro e Andrés López Obrador em comunicado conjunto nesta quinta-feira.
Segundo os chefes de Estado, é “fundamental” que a autoridade eleitoral venezuelana publique os resultados desagregados por cada uma das 30.000 assembleias de voto e também permita a verificação imparcial deste detalhe.
A sua gestão, apoiada por vários governos que questionaram a proclamação de Maduro e avaliaram a vitória do candidato da oposição Edmundo González Urrutia, fecha a porta a uma sentença que sele a crise pós-eleitoral, segundo especialistas.
Lula, Petro e López Obrador aproveitam seus canais de comunicação abertos com Maduro para expressar-lhe “muito claramente” que uma solução através de uma sentença não resolverá as disputas eleitorais, diz especialista em relações internacionais e professor aposentado da Universidade Central da Venezuela, Elsa Cardozo.
“É muito difícil que este percurso do TSJ seja admitido, se o que fará é ratificar uma polémica vitória de Maduro”, indica em conversa com a VOA.
As expressões de Maduro na sexta-feira contrastam com a sua atitude “desafiadora” face às dúvidas sobre a sua vitória, diz Cardozo, por sua vez.
Missão de paciência e coalizões A tarefa dos três presidentes de ajudar a resolver a crise na Venezuela “é árdua” e merece “grande paciência e maior apoio” de outros governos da região, disse à VOA o cientista político Carlos Romero.
Os três líderes mediadores procuram prevenir a violência, mesmo uma guerra civil, e evitar declarações mais contundentes de governos como o dos Estados Unidos.
“Esta iniciativa cairia no esquecimento se não houvesse apoio de mais países. Há pessimismo em relação ao que esses esforços podem alcançar”, afirma o também professor da Universidade Central da Venezuela.
Na política real, Lula, Petro e López Obrador encontram dois partidos que afirmam ter vencido as eleições, com um governo “defensivo”, segundo Romero. “É uma posição de ‘soma zero’, é muito difícil para eles propor uma solução” satisfatória para dois partidos que afirmam ter vencido as eleições de 28 de julho.
Fonte
[editar | editar código-fonte]((es)) Un fallo judicial no zanjará la crisis en Venezuela, advierten expertos — Voz da América, 12 de agosto de 2024
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