Senadores repercutem demissões de chanceler e ministro da Defesa
30 de março de 2021
As demissões do ministro das Relações Exteriores, Ernesto Araújo, e do ministro da Defesa, Fernando Azevedo e Silva, causaram repercussão entre os senadores. O presidente Jair Bolsonaro também fez mudanças em outras pastas nesta segunda-feira (29).
Os parlamentares que se manifestaram sobre a saída de Ernesto Araújo foram unânimes em afirmar que o chanceler não tinha mais condições de prosseguir no cargo. No último dia 24, Ernesto Araújo esteve no Senado para tratar das dificuldades enfrentadas pelo Brasil na aquisição de vacinas contra a covid-19. Na ocasião, os senadores apontaram a responsabilidade do Itamaraty pelo atraso no acesso a vacinas e insumos vindos de outros países. Eles também cobraram gestões diplomáticas para acelerar a obtenção de imunizantes contra a covid-19 e pediram a renúncia do ministro.
Araújo compareceu ao debate acompanhado de Filipe Martins, assessor internacional do Palácio do Planalto. Durante a sessão remota, o assessor fez um sinal com as mãos considerado ofensivo pelos senadores, pois reproduz um dos símbolos de ódio utilizados por grupos de extrema direita e supremacistas brancos dos EUA. O episódio segue sob investigação do Senado.
- “Catástrofe diplomática”
Na segunda-feira (29), o líder da minoria no Senado, Jean Paul Prates (PT-RN), disse que o agora ex-ministro das Relações Exteriores é uma “catástrofe diplomática”. No entanto, o senador também alega que a culpa da falta de vacinas para o país é de responsabilidade do presidente Jair Bolsonaro, e que Ernesto Araújo estaria servindo como “bode expiatório”.
— A fritura do ministro das Relações Exteriores é evidente. Ele foi escalado como culpado da hora pelo atraso e pela ausência de vacinas no país. Que Araújo é uma catástrofe diplomática, ninguém nega. Mas ele é o bode que colocaram na sala para que outros não paguem o pecado a ser expiado. Se o Brasil não tem vacinas, o responsável é Bolsonaro. Foi ele quem sabotou a negociação das vacinas com países produtores e laboratórios — declarou Jean Paul.
Pelas redes sociais, o senador Jaques Wagner (PT-BA) informou que entrou, junto com os senadores Humberto Costa (PT-PE) e Fabiano Contarato (Rede-ES), com uma representação no Ministério Público Federal para que Ernesto Araújo explique sua omissão diante da pandemia e por que não se empenhou para conseguir vacinas para o país enquanto era ministro.
“Como o chanceler bem declarou durante audiência no Senado, não há nenhum problema diplomático entre o Brasil e os outros países fabricantes de vacina. Assim, não há explicação para que ele não tenha buscado, com urgência e antecipação, negociações para trazer vacinas ao país”, argumentou Jaques Wagner.
O senador pelo PT da Bahia afirmou que o grau de instabilidade do governo Bolsonaro é assustador, seja pela constante troca de ministros, seja pelas orientações totalmente erráticas, "e quem paga a conta é o povo”.
Fontes
- Senadores repercutem demissões de chanceler e ministro da Defesa — Senado Federal do Brasil, 30 de março de 2021
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