Senador Aloizio Mercadante anuncia que vai deixar o cargo do líder do PT no Senado após os senadores arquivar as 11 investigações contra Sarney

Fonte: Wikinotícias

Agência Brasil

Brasília, Distrito Federal, Brasil • 19 de agosto de 2009

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Enfraquecido depois que a Executiva Nacional do partido determinou que os senadores petistas votassem pelo arquivamento das acusações contra o presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP), o líder da bancada, Aloizio Mercadante (SP), mais uma vez colocou o cargo à disposição. “Meu cargo está à disposição da bancada. Só não quero aprofundar a crise”, reafirmou.

Ontem, o líder do PT no Senado colocou ontem o cargo à disposição da bancada, alegando pressão de aliados para substituir os integrantes petistas no Conselho de Ética do Senado. Uma manobra com objetivo de beneficiar Sarney. Ele disse aos aliados que não estaria disposto a trocar nenhum integrante e que se isso ocorrer, terá que ser com outro líder. "Fazer esse tipo de coisa, tem que ser outro líder", disse o petista, de acordo com relato de aliados.

O PT tinha ontem duas vagas ainda não preenchidas de suas três cadeiras no Conselho de Ética. A senadora Ideli Salvatti (PT-SC) e o senador Delcídio Amaral (PT-MS) são suplentes e não querem assumir como titulares, conforme deseja Mercadante. A posição do líder desagradou os senadores petistas.

Em entrevista à imprensa hoje, convocada para tentar explicar a crise que atinge a bancada - só hoje (19) o partido perdeu dois senadores Marina Silva (AC) e Flávio Arns (PR) -, Mercadante discordou publicamente da postura da direção nacional do partido e disse que só permanece à frente da bancada “por solidariedade aos companheiros”. Na ocasião, sete dos agora 11 membros da bancada no Senado estavam presentes.


A decisão da Executiva Nacional do partido impôs uma disciplina partidária que tenho dúvidas profundas se foi o melhor caminho para a bancada. Seguramente, para o Senado e para bancada não tenha sido. Não reivindico continuar como líder, não pleiteio. Só não sou uma pessoa de deixar minha bancada e meu partido em uma situação tão difícil. Nunca fiz isso na história do PT. Tenho 37 anos de militância, 30 anos de PT e sempre atravessei todas as tempestades junto com meu partido e minha militância. Estou aqui hoje por solidariedade à bancada para cumprir o papel e não deixar meus companheiros expostos.

—Mercadante

Mercadante responsabilizou Sarney pela crise no Senado e também dentro do PT. “Teríamos que aprofundar as investigações e as reformas. Essa sempre foi a postura da bancada. A crise do Senado, a crise da bancada são de responsabilidade do presidente José Sarney. Ele deveria ter se licenciado como um gesto de grandeza”, argumentou.

Em relação à crítica de seu colega de partido, senador Delcídio Amaral (MS), que o acusou de abandonar os senadores no Conselho de Ética, Mercadante justificou que não poderia conduzir um processo contrário às suas posturas e convicções. “Mantive minha posição em todos os momentos. Disse que não encaminharia posição contrária às minhas convicções. Não acho que os senadores [do PT] votaram por decisão própria. Fizeram constrangidos”, argumentou.

O líder também afirmou que sofreu pressões para substituir os senadores petistas Delcídio e Ideli Salvatti (SC) e evitar o risco de votos contra Sarney. “Não tinha condições de substituir e colocar, inclusive, pessoas de fora da bancada. Prefiro enfrentar essa crise de frente, expondo as divergências da nossa bancada, que são profundas”, afirmou.


Hoje a senadora Marina Silva deixou o partido e o senador Flávio Arns também anunciou seu desligamento. O preço político é muito grande, o que reforça que o melhor caminho era o da bancada. Minha vontade hoje era de sair da liderança, porque sinto que não consegui enfrentar essa crise com as nossas posições. Coloquei isso em todas as reuniões, inclusive para o presidente Lula.

—Mercadante

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