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Seca extrema faz ‘caretas’ reaparecerem, de novo, em Manaus

Fonte: Wikinotícias

5 de outubro de 2024

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As gravuras rupestres milenares submersas no pedral do Sítio Arqueológico Ponta das Lajes, em Manaus, estão novamente visíveis neste período de seca na bacia amazônica. O que antes acontecia eventualmente, pode passar a ser mais frequente do que se imaginava. O sítio Ponta das Lajes está localizado à margem esquerda do rio Amazonas, na região do Encontro das Águas (rios Negro e Solimões), no bairro Colônia Antônio Aleixo, zona leste da capital.

As gravuras que apareceram com a seca no Rio Negro são testemunhos do modo de vida dos povos que viviam na região de Manaus no período pré-colonial, é o que afirma o arqueólogo Jaime Oliveira, do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan). Esta é a segunda vez que afloram as gravuras do sítio arqueológico Ponta das Lajes, com data estimada de 2 mil a mil anos. O primeiro registro foi em 2010, durante seca similar à que ocorre este ano. Segundo Oliveira, desta vez no entanto foi possível observar quantidade maior de figuras.

O arqueólogo Eduardo Góes Neves se preocupa com possíveis danos no atual cenário de crise ambiental do planeta e como isso pode afetar os recursos arqueológicos. Para Neves, o fato de elas estarem reaparecendo tem o lado interessante, porque ajuda a conhecer mais a história. Mas há também riscos.

“Paradoxalmente, quando estão embaixo d´água, elas estão mais protegidas. Quando aparecem na seca, tem o lado ruim. As pessoas vão lá, querem tirar foto, coletar coisas. Apesar dos esforços do Iphan [Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional], que são importantes, é difícil proteger um patrimônio que está em cima d´água”, comentou.

“É preciso educar o povo, dizer que é um patrimônio da sociedade manauara, amazonense, brasileira. É um ambiente sagrado. Precisa ter cautela para preservar. Esse material exposto, pode acarretar danos e extravios. As altas temperaturas podem destruir. Já vemos problemas de rachadura, etc”, alerta Carlos Augusto.

Ele sugere um trabalho coletivo entre os órgãos públicos de meio ambiente e patrimonial de diferentes áreas para definir meios de proteger o sítio. “Nesse período da seca os órgãos deveriam fazer um ajuntamento, um diálogo, e mostrar que esse patrimônio precisa ser mantido para que as próximas gerações tenham o mesmo direito que estamos tendo hoje”, afirma.