Santarém e Marabá torcem pela criação dos novos estados na Região Norte

Fonte: Wikinotícias

Agência Brasil

Brasília, Distrito Federal, Brasil • 10 de dezembro de 2011

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Se os eleitores do Pará aprovarem amanhã (11) a divisão do estado em três unidades da Federação, com a criação dos novos estados do Carajás e do Tapajós, duas cidades deverão virar capital: Marabá e Santarém. Nos dois municípios, a expectativa é de crescimento econômico e mudança nos indicadores sociais e de qualidade da vida.

Prefeita de Santarém, candidata a capital do Tapajós, Maria do Carmo (PT), diz que a região nunca se sentiu contemplada nos planos de desenvolvimento do Pará e que a divisão é uma chance para alavancar um novo modelo de crescimento econômico para os 27 municípios que formariam o novo estado.

"Somos hoje colônia da região metropolitana de Belém. O projeto de desenvolvimento tem sido pensado a partir da capital, dos grandes projetos, com foco na exportação de matérias-primas. Por que um estado tão rico tem um povo tão pobre? Porque a concepção é pautada no extrativismo, na exportação, nossa vocação econômica aqui no Tapajós é outra", avaliou a prefeita.

Segundo Maria do Carmo, com a divisão, a região poderia explorar o potencial industrial, com a criação de uma zona franca, além do fortalecimento do turismo e criação polos de conhecimento na Amazônia, com cidades universitárias.

A possibilidade de Santarém se transformar em capital do novo estado também seria transformadora para o município, na avaliação da prefeita. "Subiremos um patamar, deixaremos de ser uma cidade polo para ser uma capital, é um upgrade na classificação de investimentos do governo federal, vamos receber o dobro de recursos".

Já para Marabá, provável capital do estado do Carajás – se a divisão do Pará for aprovada – a expectativa é que mudança de patamar possa reverter alguns indicadores sociais do município, que estão entre os piores do país. A nova capital já nasceria como a mais violenta do país. De acordo com o Mapa da Violência, do Ministério da Justiça, com base em dados de 2008, a cidade é a quarta mais violenta do país, com uma taxa de 125 mortes para cada 100 mil habitantes, acima de Maceió (107,1), Recife (85,2), Vitória (73,9), quatro vezes maior que a do Rio de Janeiro (31) e dez vezes pior que a de São Paulo (14,8).

Além disso, o Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) de Marabá (0,714) seria o mais baixo entre as capitais. Uma das causas é a explosão demográfica do município que viu sua população crescer 38% entre 2000 e 2010, passando de 168 mil para 233 mil habitantes. O crescimento acelerado, influenciado principalmente pela instalação de siderúrgicas e a atividade da pecuária na região, trouxe pessoas de diferentes partes do país. Em 2000, de acordo com dados do IBGE, 42% da população de Marabá não era nascida no estado do Pará.

Cerca de 4,6 milhões de eleitores paraenses vão as urnas amanhã (10) para decidir sobre a divisão do estado. Se a separação for aprovada no plebiscito, a criação dos novos estados ainda passará pelo Congresso Nacional e pela sanção da presidenta Dilma Rousseff.

Marabá[editar | editar código-fonte]

Na cidade de 247 mil habitantes que pode se tornar capital no caso de criação do estado do Carajás, o principal assunto é o plebiscito de próximo domingo, no qual a população votará pela criação ou não de mais dois estados: Tapajós e Carajás. Nas ruas de Marabá, é difícil encontrar alguém que revele seu voto contra a divisão do estado do Pará. A maioria favorável à divisão diz esperar que ela traga a prosperidade que estão esperando há anos.

O crescimento populacional e até econômico não veio acompanhado, na mesma proporção, de infraestrutura. A população se ressente das condições precárias das estradas, saneamento básico, educação e, principalmente, saúde. "Pior do que está não vai ficar", muitos dizem ao justificar o voto pela divisão do estado, mesmo sem tanta certeza de uma melhora considerável futura.

"Aqui precisa de tanta coisa, é saneamento básico que não tem e saúde, principalmente. A gente adoece e vai pra Teresina (PI) ou Araguaína (TO), porque aqui onde moramos não tem pra gente", conta Leslie de Almeida, que vende frutas na feira de Marabá. Alguns, como o taxista Francisco das Chagas, acham que os impostos pagos na região acabam sendo aplicados em outro lugar. "A capital fica muito longe de onde a gente mora, do sul do Pará, e fazendo o estado fica tudo aqui, até os recursos, que não vão embora".

Em Marabá, quem é contra a divisão duvida que a situação mude e diz que o problema político é maior. "Não creio que mude alguma coisa com a divisão. Acho que tem que mudar muita coisa começando lá de cima, não daqui do Pará. Acho que não é só o governo estadual que está errado, é o governo em geral", diz a garçonete Katiane da Cruz.

Mesmo a menos de dois dias do plebiscito, ainda é possível encontrar quem ainda não escolheu em que vai votar. É o lado do comerciante João Primo, que tem uma de loja de roupas no centro da cidade. "Ainda estou em dúvida se vou votar e em que votar. Minha dúvida é que para os fracos pode não ter melhora. Acho que para quem já tem melhora mais, mas pra quem não tem, acho que vai é piorar".

O plebiscito ocorre no domingo (11) das 8h às 17h e os eleitores do Pará responderão a duas perguntas. A primeira, se eles são a favor ou contra a criação do estado do Tapajós. Em seguida, os paraenses responderão se são favoráveis ou não à criação do estado do Carajás. O voto é obrigatório para quem tem título de eleitor do Pará, e os que estiverem fora do domicílio eleitoral têm o prazo de 60 dias para justificar a ausência.

Na manhã de hoje (10) as últimas urnas saíram do Tribunal Regional Eleitoral (TRE) em Marabá para as zonas eleitorais onde a população do município votará, neste domingo (11), a favor ou contra a divisão do estado do Pará em mais duas unidades federativas: Tapajós e Carajás. 138.716 eleitores votarão em Marabá em uma das 369 urnas espalhadas pelo município. Dessas, 37 serão usadas pela população que vive na zona rural, sendo que sete terão seus dados transmitidos via satélite, por causa da dificuldade para chegar ao TRE a tempo.

Segundo Glênio Sales, chefe da 100ª Zona Eleitoral em Marabá, a maior distância do centro da cidade que uma urna percorrerá é 250 quilômetros, mas devido às condições precárias da estrada, a duração da viagem em camionete é cerca de seis horas. Para esses locais, as urnas com pontos de transmissão via satélite partiram ontem (9). Nas eleições presidenciais e estaduais do ano passado, Sales disse que os votos levaram cerca de duas horas e meia para serem apurados.

Para reforçar a segurança durante o plebiscito, no quarto município com maior índice de homicídios do país, foram enviadas tropas federais, que, além de Marabá, atuarão em 15 municípios do estado.

Na cidade, no entanto, não há confronto entre grupos pró e contra a divisão. Com uma população ressentida da ausência do estado na região, não se vê nas ruas campanha contra a criação do Carajás e do Tapajós. Hoje às 9h, como último ato da campanha, uma carreata com aproximadamente 80 carros, além de 50 motos, saiu pelas ruas marabaenses.

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