SIDA: Metade de novos infetados em 2023 está na África Subsaariana e Governos não cumprem promessas
23 de julho de 2024
"Quase metade das pessoas que contraíram o VIH em 2023 vivia na África Subsaariana", mas a pandemia pode acabar em 2030 se os Governos tomarem as decisões acertadas e a tempo.
A conclusão é do relatório "A urgência do agora – A SIDA na encruzilhada", lançado nesta segunda-feira, 22, em Munique, na Alemanha, pelo Programa Conjunto das Nações Unidas sobre o HIV/SIDA, por ocasião da 25.ª Conferência Internacional sobre a SIDA.
A África Oriental e Austral continuam a ser as regiões mais afetadas em todo o mundo com 20,8 milhões de pessoas a viver com HIV, das quais 450 mil foram infetadas no ano passado e 260 morreram.
Embora tenha sido feito um grande progresso na prevenção de novas infeções por HIV, que caíram 39% globalmente desde 2010 e 59% na África Oriental e Austral, o relatório do ONUSIDA mostra que novas infeções por HIV aumentam em três regiões: Médio Oriente e Norte da África, Europa Oriental e Ásia Central, e América Latina.
"As lacunas e desigualdades persistem e cobram seu preço", diz o documento que prova que "os serviços de prevenção e tratamento do HIV só alcançarão as pessoas se os direitos humanos forem respeitados, se leis injustas contra mulheres e contra comunidades marginalizadas forem abolidas e se a discriminação e a violência forem enfrentadas".
Os cálculos da ONUSIDA mostram que, embora 20% dos recursos para o HIV devam ser dedicados à prevenção da doença para as populações mais afetadas, apenas 2,6% do total de gastos foram destinados a intervenções para populações-chave em 2023.
- Desigualdade, estigma e discriminação
Entre as principais causas para esta realidade, a ONUSIDA aponta a desigualdade de género que exacerba os riscos enfrentados por meninas e mulheres e impulsiona a pandemia.
"A incidência de HIV entre adolescentes e mulheres jovens ainda é muito alta em partes da África Oriental e Austral e da África Ocidental e Central, e o estigma e a discriminação afetam particularmente comunidades marginalizadas, criando barreiras de acesso aos serviços vitais de prevenção e tratamento de populações-chave, incluindo profissionais do sexo, homossexuais, pessoas trans e pessoas que fazem uso de drogas", afirma o relatório, que pontua que estes setores da população representam 55% das novas infecções globalmente, quando em 2010, representavam 45%.
A criminalização em países africanos, como o Uganda e o Gana de que são alvo certos grupos de pessoas, impede os progressos no combate à pandemia porque as suas vítimas não podem procurar ajuda e tratamento em segurança.
- Promessas não cumpridas
A nível mundial, prevalência média do HIV entre os adultos com idades compreendidas entre os 15 e os 49 anos foi de 0,8% em 2023.
"Embora o fim da SIDA esteja ao nosso alcance ainda nesta década, o mundo está fora do caminho", resume o relatório que lembra que os dirigentes mundiais comprometeram-se a reduzir as novas infeções para menos de 370 mil ao ano até 2025, mas, em 2023, houve 1,3 milhão de novas infeções, número mais de três vezes superior ao estabelecido.
"Agora, com cortes nos recursos e um aumento na oposição aos direitos humanos colocam em risco o progresso já alcançado", lê-se no documento.
Winnie Byanyima, diretora executiva da ONUSIDA, reforça que as lideranças mundiais prometeram acabar com a pandemia como uma ameaça à saúde pública até 2030 e elas podem cumprir essa promessa.
"Mas, para isso, é preciso que elas garantam que a resposta ao HIV tenha os recursos necessários e que os direitos humanos de todas as pessoas sejam protegidos. A atuação decidida das lideranças pode salvar milhões de vidas, prevenir milhões de novas infeções por HIV e garantir que todas as pessoas vivendo com HIV possam ter vidas saudáveis e completas", afirma Byanyima.
O relatório conclui que, "se forem tomadas as ações ousadas necessárias agora para garantir recursos suficientes e sustentáveis e proteger os direitos humanos, o número de pessoas vivendo com HIV que necessitarão de tratamento vitalício será de cerca de 29 milhões até 2050", mas se, como acontece atualmente, a opção foi "o caminho errado" o número de pessoas que precisarão de suporte vitalício aumentará para 46 milhões (comparado aos 39,9 milhões em 2023).
Fonte
[editar | editar código-fonte]((pt)) VOA Português. SIDA: Metade de novos infetados em 2023 está na África Subsaariana e Governos não cumprem promessas — Voz da América, 23 de julho de 2024
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