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Relatório da ONU sobre drogas é divulgado

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Fonte: Wikinotícias

Agência Brasil

24 de junho de 2009

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A produção e o uso de de drogas sintéticas cresceram nos últimos anos nos países em desenvolvimento, dentro de um processo em que a fabricação artesanal se transformou em negócio de grande amplitude. A conclusão é do Relatório Mundial sobre Drogas 2009, lançado hoje (24) pelo Escritório das Nações Unidas sobre Drogas e Crime (Unodc). A pesquisa indica que o mercado global de cocaína, ópio, morfina, heroína e maconha está estável ou em declínio. A maconha segue como a droga mais cultivada e consumida em todo o mundo.

As apreensões de ecstasy dispararam no Brasil em 2007, quando foram interceptados pelas autoridades mais de 211 mil unidades. Em 2006, apenas 11.648 unidades tinham sido apreendidas. O salto nos números fez o Brasil entrar na lista dos 22 países com maiores apreensões de substâncias do grupo ecstasy.

Em 2008, a Polícia Federal (PF) brasileira desmantelou o primeiro laboratório clandestino de ecstasy do país, no Paraná. A maior parte dos comprimidos consumidos no Brasil, porém, é originada da Europa. Países da União Europeia são apontados no relatório como principais fornecedores de ecstasy e o Canadá como principal eixo de tráfico no continente americano.

Em fevereiro de 2009, a PF prendeu 55 pessoas no Brasil integrantes de uma quadrilha internacional de drogas. Jovens de classe média levavam cocaína da América do Sul para a Europa e aproveitavam para, na volta, trazer ecstasy a ser vendido no Brasil. Na América Latina, o relatório menciona um crescimento de consumo de ecstasy principalmente entre os jovens das áreas urbanas.

O documento ressalta que, no Sudeste Asiático, laboratórios de porte industrial passaram a produzir em massa comprimidos de metanfetaminas, crystal meth (ice) e de susbstâncias como a quetamina.

O uso de anfetamina aumentou significativamente no Oriente Médio. Somente a Arábia Saudita apreendeu em 2007 um terço de todas as substâncias desse grupo no mundo, superando a soma entre as apreensões chinesas e americanas.

O Brasil apresentou no mesmo ano o terceiro maior índice estimado de uso de estimulantes do tipo anfetamina no mundo. Entre 2001 e 2005, o uso dessas substâncias na população geral das áreas urbanas do país mais que dobrou, passando de 1,5% para 3,2%. Substâncias como anfepramona e fenoproporex estão presentes em remédios para emagrecer, usadas como inibidores de apetite.

O Relatório Mundial sobre Drogas 2009 firma posição contrária à legalização de drogas ilícitas e ressalta que a melhora no enfrentamento do problema exige maior atenção à prevenção e ao tratamento de usuários, por meio de investimentos sociais.

A constatação é de que o cultivo ilícito e a venda de drogas se mostram mais fortes em regiões sem presença do Estado ou nas quais a ordem pública é frágil.

“Moradia, emprego, educação, acesso aos serviços públicos e ao lazer podem fazer com que as comunidades estejam menos vulneráveis às drogas e ao crime”, disse o diretor executivo da entidade, Antonio Maria Costa.

O tratamento dos dependentes é outro ponto chave para o Unodc. Trecho do relatório destaca que “o vício das drogas é uma questão de saúde: as pessoas que usam drogas precisam de ajuda médica, e não de sanção criminal”. Os usuários crônicos, segundo o Unodc, devem receber máxima atenção por consumirem mais e, consequentemente, agravarem os danos a si mesmos e à sociedade.

O Unodc define como erro a percepção da descriminalização das drogas como forma de acabar com a violência e a corrupção inerentes ao mercado ilegal.

“As drogas ilícitas representam um grande perigo à saúde. Por essa razão, as drogas são e devem permanecer controladas”, defendeu o diretor do Unodc. “Um mercado liberado acarretaria uma epidemia de drogas, enquanto a existência de um mercado controlado acarretaria a criação um mercado paralelo criminoso. A legalização não é uma varinha mágica que acabaria tanto com o crime organizado quanto com o abuso de drogas”, acrescentou.

Em relação à atuação policial, a recomendação do relatório é de que seja priorizado como foco das operações aqueles criminosos com maior influência e volume de ação, e não um grande número de contraventores menores. Na prática, significa prender mais traficantes e menos usuários, ao contrário do que ocorre hoje em muitos países.

“Isso é um desperdício de recursos da polícia e um desperdício de vidas jogadas nas cadeias. Devemos ir atrás dos peixes grandes, não dos pequenos”, argumentou Costa.

Um dos caminhos apontados para melhor repressão é a maior cooperação internacional entre os países no enfrentamento de práticas como a lavagem de dinheiro e os crimes cibernéticos.

A diminuição do número de apreensões de cocaína - cuja comercialização movimenta US$ 50 bilhões – pode explicar, segundo o Unodc, o aumento nos índices de violência em países como o México.

Também na África Ocidental se observa violência e instabilidade política associadas às drogas. “Enquanto houver demanda por drogas, os países mais vulneráveis continuarão sendo alvos dos traficantes”, assinalou Costa.

O relatório constatou declínio do consumo de cocaína na América do Norte, estabilização na Europa e crescimento na América do Sul. Apontou ainda um crescimento significativo nos últimos anos da produção e do uso de de drogas sintéticas nos países em desenvolvimento.

Fontes