Polícia Civil desarticula esquema de venda de uísque falsificado em Pernambuco

Fonte: Wikinotícias

Agência Brasil

11 de abril de 2016

Email Facebook Twitter WhatsApp Telegram LinkedIn Reddit
Email Facebook Twitter WhatsApp Telegram

 

A Polícia Civil de Pernambuco desarticulou um esquema de venda de uísque falsificado que abastecia boates e bares do Recife. Uma distribuidora clandestina do produto, localizada na cidade vizinha de Jaboatão dos Guararapes, fazia a falsificação e revendia para bares e boates da zona sul da capital pernambucana, além de autoridades locais.

A operação ocorreu na última sexta-feira (9), mas só foi divulgada hoje (11) pela polícia. O esquema foi descoberto depois que a corporação recebeu uma denúncia de entrega a uma das boates abastecidas pelos produtos falsificados, por volta das 15h30. Ao chegar ao local, os policiais civis conseguiram interceptar o vendedor no momento da entrega. A encomenda era de 20 garrafas de uísque da marca Johnnie Walker Red Label, vendida à boate por R$ 59 a unidade, enquanto no mercado legal custa cerca de R$ 100.

O vendedor relatou à Polícia Civil que trabalha de forma independente, revendendo as garrafas da distribuidora a uma série de clientes. O homem levou os agentes ao estabelecimento em que entregou os produtos. A distribuidora sequer tinha sede legal, funcionava em uma casa em construção, onde eram armazenadas de forma desordenada e em péssimas condições de higiene mais de 3 mil garrafas de uísque, a maior parte vazia. Vídeos apresentados pela corporação mostram embalagens e recipientes de vidro de várias marcas, como Johnnie Walker, Old Parr e Logan.

No lugar do líquido original, as garrafas eram preenchidas com uma mistura à base de uma marca de bebida nacional chamada Old Red, de valor bem inferior ao dos outros rótulos. As apreensões incluíram uma garrafa de Johnnie Walker Green Label , que custa mais de R$ 500 no mercado. Várias caixas de água mineral com prazo de validade vencido também foram encontradas na casa.

O que chamou a atenção dos agentes que atenderam a denúncia foi a forma de falsificação dos dispositivos de segurança que atestam a procedência das garrafas. Em uma primeira avaliação, não foi possível perceber diferenças entre o produto falso e o original, mas um detalhe acusou a atividade ilegal, de acordo com o delegado titular da Delegacia de Boa Viagem, Carlos Couto: “Os lacres, em vez de conter micropontos [forma de fixação das tampas pelos fabricantes], continham resquícios de cola. Inclusive ao abrir uma das garrafas ficou cola nas nossas mãos”, conta.

As bebidas abasteciam bares, restaurantes e boates principalmente da zona sul do Recife, onde eram comercializadas como produtos originais. Anotações apreendidas no estabelecimento registram transações feitas há pelo menos seis meses, e uma lista de pessoas físicas – autoridades do Judiciário e do Legislativo, por exemplo – e jurídicas figuram nos papéis.

“A pessoa que adquire para consumo próprio compra de boa fé, acreditando que está comprando um produto de qualidade. Agora bares, restaurantes e boates que adquiriram grande quantidade certamente sabiam que era uísque falso, pela diferença do preço, então esse pessoal vai ter que ser ouvido e prestar contas disso aí, porque colocou aquela bebida para os consumidores, podendo causar risco à saúde das pessoas, de modo que elas [representantes legais dos estabelecimentos] também poderão ser indiciadas”, avisou o delegado da Seccional de Boa Viagem, Joel Venâncio.

Os nomes dos compradores não foram divulgados pela Polícia Civil para, de acordo com os delegados, não atrapalhar as investigações. O proprietário do estabelecimento, César Augusto Duarte Costa, 55 anos, não foi encontrado na casa e é procurado para prestar esclarecimentos.

Caso seja considerado culpado pela Justiça, o proprietário pode pegar de quatro a oito anos de prisão com base no Artigo 272 do Código Penal Brasileiro, que criminaliza a adulteração, falsificação, ou alteração de substância alimentícia ou bebida. Ele também pode pagar multa de até R$ 117 mil.

Os delegados ressaltaram que os representantes dos estabelecimentos que revendem a mercadoria também podem ser indiciados, ao menos na modalidade culposa, sem intenção de praticar o crime, já que é obrigação das empresas zelar pela correta procedência e segurança dos produtos comprados.

Mais de 1,5 mil garrafas foram quebradas no local para impossibilitar o reúso das embalagens. O restante foi recolhido pela polícia, e uma parte vai ser analisada pelo Instituto de Criminalística de Pernambuco para identificar a composição exata das bebidas.

Tráfico de drogas

Enquanto os policiais aguardavam a chegada do proprietário na distribuidora clandestina, foram flagradas duas entregas de maconha ao local, totalizando cerca de 11,5 quilos da substância. Dois homens foram presos em flagrante ao chegarem separados em um intervalo de cinco minutos: Williams Barbosa da Silva, de 24 anos, e Rafael Duarte Costa Cavalcanti de Souza, de 23.

SIlva é sobrinho do proprietário do estabelecimento e, segundo a Polícia Civil, confessou que ganhava dinheiro para armazenar o entorpecente, mas precisou retirar o produto de casa depois de uma briga com a esposa, e optou por levar ao depósito do parente. Souza, que já foi preso antes por tráfico de drogas, disse aos agentes que apenas ajudou o amigo a transportar a droga. Além disso, o proprietário da distribuidora vai ser investigado para esclarecer se ele também tinha relação com a venda da maconha.

Fontes