Património histórico angolano deixado ao abandono
23 de abril de 2017
A falta de conservação e investimentos nos monumentos e sítios de Angola tem se revelado numa grande preocupação para alguns turistas e empresários que visitam as províncias de Malanje e Kwanza Norte. Angola conta atualmente com 265 monumentos e sítios classificados, e mais de duas mil áreas inventariadas, muitas em avançado estado de degradação.
Na província do Kwanza Norte são encontrados noventa e sete monumentos e sítios nos seus mais variados municípios, sendo que deste número, apenas 13 foram oficialmente classificados. Estes locais têm servido de ponto de atração turística.
Cambambe é o município que alberga o maior número de monumentos históricos da província já classificados, sobretudo na localidade de Massangano que foi transformada em capital provisória da província ultramarina de Angola quando da ocupação de Luanda pelos holandeses.
Entre os monumentos históricos existentes na comuna de Massangano destaca-se a igreja de Nossa Senhora das Vitória, erguida no século XVI, o Cemitério dos Missionários Capuchinhos, o Túmulo do Capitão Português Paulo Dias de Novais, a Praça dos Escravos, a antiga Câmara de Reclusão, entre outras infraestruturas.
O realce histórico do município de Cambambe decorre ainda do fato do mesmo albergar o corredor fluvial do Kwanza, usado como canal de trânsito das embarcações portuguesas que realizavam exportações para Europa a partir da localidade de Massangano.
No mesmo município está localizada a primeira fundição de ferro erguida na África subsariana, a Fortaleza de Cambambe, entre outras infraestruturas que serviram o governo português durante o período colonial e que têm servido de fonte de estudo para académicos e historiadores.
Alexandrina Raquel Garrido da Cunha, diretora provincial do Comercio, Hotelaria e Turismo do Kwanza Norte fala de uma nova roupagem para o sector do Turismo, que visa estabelecer vários projetos de desenvolvimento turístico, que terão início nos municípios do Cazengo e Cambambe.
Já na província de Malanje entre os vários monumentos e sítios destacam-se as Pedras Negras de Pungo Andongo (no município de Cacuso), Quedas de Kalandula, Rápidos do Kwanza (município de Cangandala), entre outras áreas que registam um considerável número de turistas internos e externos. O Palácio da Administração Colonial, Igreja da Missão Protestante do Quéssua, Fortaleza de Calandula, Presídio de Duque de Bragança são outros locais da província, que embora não recebam muitas visitas, mas são também históricos;
De acordo com dados recentes das autoridades locais, são mais 87 bens materiais e imateriais já catalogados e que poderão ser classificados como monumentos e sítios, devido ao seu elevado simbolismo histórico.
Investimento, sobretudo para incentivar o setor do turismo em Angola é um desafio que propõe para conservação dos sítios e monumentos históricos e também turísticos. O Vice-presidente da Associação dos Resorts e Hotéis de Angola, Carlos Manuel cita que é importante as autoridades, em Malanje em particular, facilitar os empresários no investimento nas áreas turísticas, para sua melhor preservação.
O mundo assinalou a 18 de Abril, o Dia Internacional dos Monumentos e Sítios instituído pelo Conselho Internacional de Monumentos e Sítios (ICOMS) e aprovado, em 1983, pela UNESCO, com o intuito de sensibilizar os Estados membros a diversificar, proteger e conservar o património cultural.
Em Malanje, as Pedras Negras de Pungo Andongo ficam localizadas no município do Cacuso, a cerca de 116 km da cidade de Malanje e é um ponto histórico e de atração turística de Angola. As Pedras Negras são umas estranhas formações rochosas, com milhões de anos que se elevam acima da savana que as rodeia. Segundo a tradição, as pegadas esculpidas na rocha são de D. Ana de Sousa ou Rainha Nzinga Mbandi Ngola.
A vila de Pungo-Andongo localiza-se nas imediações, onde também se encontram as ruínas da antiga Fortaleza de Pungo-Andongo, erguida pelos portugueses em 1671. Não muito distante encontram-se, também, as Quedas de Kalandula no rio Lucala que, com os seus 105 metros de altura, são as segundas mais altas de África.
Fonte
- ((pt)) Kim Tchalyongo. Património histórico angolano deixado ao abandono — Voz da América, 23 de abril de 2017
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