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Obesidade é doença crônica, mas ainda enfrenta estigmatização e negligência

Fonte: Wikinotícias

21 de junho de 2024

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No Brasil, 85% das pessoas com obesidade relatam ter sofrido algum tipo de preconceito em relação ao seu peso, segundo levantamento feito pela Associação Brasileira para o Estudo da Obesidade e da Síndrome Metabólica (Abeso). Em 2013, a American Medical Association passou a considerar a obesidade como uma doença crônica. A justificativa se deu a partir da conclusão de que a obesidade é um problema complexo, urgente e que carece de melhor acolhimento, tanto dos sistemas e agentes de saúde, como da sociedade em geral. “A obesidade foi colocada como uma doença, principalmente, para ser levada mais a sério, mas isso não tem acontecido. Ela ainda é tratada como uma questão de força de vontade. E se a gente não considerar ela como uma doença, como reivindicar que essas pessoas sejam cuidadas? É contraditório”, explica a nutricionista e pesquisadora Camila Secaf.

Camila é graduada em Nutrição pela Universidade de Ribeirão Petro (Unaerp), pós-graduada em Comportamento Alimentar pelo Instituto de Pesquisa e Gestão em Saúde (IPGS) e especialista em Nutrição Clínica pelo Hospital das Clínicas de Ribeirão Preto (HCRP).

Ela conta que as experiências da vida acadêmica e na prática clínica influenciaram a escolha por explorar as tensões que envolvem a obesidade em sua dissertação de mestrado, intitulada Explorando o estigma do peso: uma análise multifacetada da gordofobia e do estigma internalizado em relação ao gênero e índice de massa corporal. A pesquisa foi desenvolvida no Laboratório de Nutrição e Comportamento da Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras da USP de Ribeirão Preto (FFCLRP).

“Durante toda a minha trajetória, eu fiquei muito angustiada em ver o tratamento que as pessoas com obesidade recebiam na área da saúde. Muitos colegas próximos de profissão com condutas gordofóbicas e com preconceitos em relação às pessoas com obesidade. Foi quando eu decidi estudar e entender mais sobre esse assunto, que era algo em que eu tinha bastante interesse”, relata Camila.

A nutricionista confessa uma insatisfação com a função atribuída aos profissionais: “O nutricionista, hoje em dia, é visto como ‘emagrecionista’. Não é mais sobre saúde. Com isso, os tratamentos são diferenciados O profissional recebe um paciente com obesidade que traz várias queixas, mas trata tudo isso como sendo ligado ao peso. Quando você fala sobre saúde, especialmente sobre saúde para todos, é remar contra a maré”.

Com esse pensamento, Camila buscou analisar como o recorte de gênero e a própria internalização dos estigmas em relação ao peso, em indivíduos de diferentes classificações do Índice de Massa Corporal (IMC), influenciam a manifestação de preconceitos em relação a pessoas com obesidade.

Fontes[editar | editar código-fonte]