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Moçambique: Polícia reprime manifestantes em Maputo e há confrontos em Nampula

Fonte: Wikinotícias

4 de novembro de 2024

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No quarto dia dos protestos convocados pelo candidato presidencial Venâncio Mondlane contra o que chama de fraude eleitoral, a Polícia da República de Moçambique (PRM) dispersou com gás lacrimogéneo um grupo de manifestantes no centro de Maputo.

A semana de protestos, que começou no dia 31 de outubro, já deixou 11 pessoas feridas, de acordo com o diretor do Serviço de Urgência de Adultos no Hospital Central de Maputo.

Em Nampula, há denúncias de mortos e feridos.

Na capital moçambicana, os manifestantes empunhavam cartazes que contestavam o resultado das eleições de 9 de outubro quando os agentes os dispersaram com gás lacrimogéneo, tendo os moradores atirado pedras e outros objetos contra a polícia.

Entretanto, em conferência de imprensa, o diretor do Serviço de Urgência de Adultos no Hospital Central de Maputo informou que “desde o dia 31, que foi o primeiro dia de tumultos, até domingo deram entrada 11 pacientes com traumas".

Dino Lopes acrescentou que nove pacientes continuam internados e dois tiveram alta.

Aquele responsável lamentou o apedrejamento de ambulâncias, o que tem condicionado o trabalho dos profissionais “que estão nos bairros periféricos e às vezes não conseguem chegar”, o que, para Dino Lopes, tem provocado uma sobrecarga no trabalho.

Nampula com confrontos

Na província de Nampula, o Centro de Democracia e Desenvolvimento (CDD) informou que pelo menos 30 pessoas deram entrada no hospital central.

Outra organização não governamental, o Centro de Integridade Públia (CIP) relatou no seu boletim diário que, no fim de semana, a província de Nampula foi o epicentro das manifestações, com três focos identificados.

Em Namialo, manifestantes bloquearam a Estrada Nacional Nº 1, impedindo a comunicação entre a cidade de Nampula e todos os distritos costeiros e entre a cidade de Nampula e os distritos da zona norte.

O segundo foco das manifestações, em Nampula, segundo o CIP Eleições, esteve localizado no distrito de Mecuburi. Neste local, foi baleado mortalmente um manifestante, após ter sido vandalizada a sede do partido Frelimo.

Em Mecuburi, os manifestantes partiram todas as janelas da sede da Frelimo e destruíram bens, como computadores, material propagandístico e produtos alimentares, tendo a polícia usado gás lacrimogéneo, balas de borrachas e reais para dispersar os manifestantes.

Na cidade capital, três pessoas foram mortas no mercado Waresta e Trim Trim e pelo menos 28 ficaram gravemente feridas em confrontos com a polícia.

A Polícia não confirmou as mortes, nem o hospital de Nampula pronunciou-se sobre os feridos.

Os protestos que começaram a seguir às eleições gerais, ganhas pela Frelimo, já deixaram um número de mortos que diverge entre as diversas fontes e não confirmado pela Polícia, que, entretanto, disse ter detido quase 371 pessoas.

A Federação Internacional dos Direitos Humanos, o CDD e a Human Rights Watch apontaram para 11 mortos antes do início da atual semana de protestos e cerca de 500 detidos.