Mangalarga Marchador, a raça nacional de cavalos do Brasil

Fonte: Wikinotícias

21 de fevereiro de 2021

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Ao se falar, em uma roda qualquer de conversas, sobre o cavalo Mangalarga Marchador, é comum alguém logo lembrar de que se trata da raça nacional de cavalos do Brasil. E isso é oficial. É que em 2014 a então presidente Dilma Rousseff assinou a Lei 12.975 que afere a distinção a este animal de história secular no país. E uma história que só cresce.

Inicialmente, é necessário se trazer aqui uma dimensão do negócio da equinocultura no Brasil e, para isso, uma referência são dos dados fornecidos pela Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz/Universidade de São Paulo (ESALQ/SP). Segundo números de 2018, que foram consolidados antes da pandemia da Covid-19 - e, portanto, são mais representativos da normalidade do mercado -, o setor movimentou, naquele ano, cerca de R$ 16,5 bilhões, gerando 3,2 milhões de empregos. Mesmo sendo uma raça especificada e qualificada, e por isso mais restrita, o Marchador é responsável por uma boa fatia desse bolo, tendo gerado algo em torno dos 240 mil empregos, ainda segundo a ESALQ/SP.

Atualmente, existem cerca de 400 mil cavalos Mangalarga Marchador no país e 20 mil criadores. Números portentosos para uma raça cujos primeiros exemplares surgiram no sul de Minas Gerais, por volta de 1812, a partir do cruzamento de cavalos da raça Alter-Real com outros cavalos selecionados pelos criadores mineiros. Os Alter-Real foram trazidos do município português de Alter do Chão, por nobres da Corte e pelo próprio imperador D. João VI. Já os cavalos selecionados derivam daqueles que os colonizadores do Brasil trouxeram da Península Ibérica, a partir do século 18, e geralmente de origem comum.

“O Marchador tem temperamento dócil e é uma raça apropriada para montaria, com seu passo acelerado que traz comodidade ao cavaleiro. São animais de porte elegante e grande beleza”, comenta Saulo Silva, diretor de marketing da Associação Brasileira dos Criadores do Cavalo Mangalarga Marchador (ABCCMM).

A raça desperta paixões e isso fica perceptível ao se conversar com os criadores. Léo Barros, proprietário do Haras Caraíbas, é logo taxativo: “Estamos falando da maior raça de cavalos de toda a América Latina. Para montaria, são perfeitos: dóceis, macios, resistentes, percorrem grandes distâncias sem cansar o cavaleiro”, enumera. Em seu haras, na cidade baiana de Ipirá, Léo Barros cria cerca de 150 cavalos Mangalarga Marchador. Em sua propriedade nasceram alguns campeões, “como o Trilho das Caraíbas, que foi Campeão Potro Mirim”, lembra o criador para depois dizer que “o que mais me agrada é que também é um cavalo eclético, que pode ser adquirido por todos os bolsos. Um campeão custa dez, quinze milhões de reais, ou até mais, porém, você pode comprar um outro Marchador por oito, dez mil reais e curtir sua cavalgada”.

Batida e Picada

O Mangalarga Marchador se divide entre os Marcha Batida e os Marcha Picada. Indiferente ao tipo de marcha, os animais dessa raça, no movimento, mantêm o contato constante com o chão, sempre com dois ou três membros apoiados no solo, o que é diferente do trote. Assim, sejam de Batida ou Picada, esses animais proporcionam ao cavaleiro muito conforto na equitação. Há campeonatos e julgamentos por todo o país tanto para os Mangalarga de Marcha Batida (os eventos mais tradicionais) quanto para os de Marcha Picada (surgiram a partir do século 21). E uma curiosidade: uma cria de um cavalo e uma égua Marcha Batida não necessariamente será Marcha Batida, e vice-versa. E isso só reforça a ênfase no desenvolvimento da raça e de suas particularidades.

“A Marcha Picada está regulamentada desde 2006 e a Bahia, inclusive, sedia o segundo maior evento do país nesse segmento da raça”, diz Bruno Assis, proprietário do Haras HD, referindo-se ao Campeonato Brasileiro de Marcha Picada, que teve sua décima terceira edição no Parque de Exposições Agropecuárias de Salvador, no último mês de dezembro. “Nesses campeonatos e julgamentos, os criadores conseguem entender o nível em que está seu plantel, pois há a comparação, a competição mesmo. Há o retorno financeiro, pois um campeão tem seu preço inflacionado, mas há também a consagração da criação que acontece quando um cavalo seu é vencedor”, comenta Bruno Assis que, em sua propriedade no município baiano de Varzedo, cria e treina cerca de 300 cavalos Mangalarga Marchador.

Fonte

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