Irão nega entrega de mísseis balísticos e ajuda ao esforço de guerra de Moscovo na Ucrânia

13 de setembro de 2024

 

A decisão dos Estados Unidos de impor novas sanções ao Irão devido ao fornecimento de mísseis balísticos à Rússia foi recebida com uma tempestade de negações de Teerão.

Em 10 de setembro, o Secretário de Estado dos EUA, Antony Blinken, confirmou relatos anteriores de que o Irão havia fornecido mísseis balísticos à Rússia "em apoio direto à Guerra da Rússia contra a Ucrânia, [que] é uma ameaça à segurança europeia e global.”

Blinken disse que o tesouro dos EUA e o Departamento de Estado impuseram sanções adicionais a "indivíduos e entidades que apoiam tais atividades.”

Em 9 de setembro, o comandante militar Iraniano Fazlollah Nozari chamou os relatórios da transferência russa de uma forma de "guerra psicológica", alegando que "nenhum míssil foi enviado à Rússia.”

Ele acrescentou que o Irão não apoia nenhum partido na guerra entre a Rússia e a Ucrânia.

Um dia antes, o porta-voz do Ministério das Relações Exteriores Iraniano, Nasser Kanani, chamou as alegações de que o Irão havia transferido mísseis para a Rússia de "completamente infundadas" e afirmou que o Irão nunca fez parte do conflito militar na Ucrânia.

O Embaixador Iraniano nas Nações Unidas, Amir Saeid Iravani, também negou o envolvimento Iraniano na Guerra da Ucrânia, chamando as alegações de que Teerão vendeu, exportou ou transferiu armas em violação de suas obrigações internacionais de "enganosas" e completamente infundadas.”

Em 11 de setembro, o Ministro das Relações Exteriores Iraniano, Abbas Araghchi, disse que" inteligência defeituosa e lógica defeituosa " levaram os Estados Unidos e europeus a empregar sanções contra o Irão por sua entrega de mísseis à Rússia. "O irão não entregou mísseis balísticos à Rússia. Período.”

A negação do Irão de que apoiou o esforço de guerra da Rússia na Ucrânia através do fornecimento de armas é falsa.

A imprensa informou nesta semana que a Rússia recebeu cerca de 200 mísseis de curto alcance Fath-360 fabricados no Irão. O Pentágono disse que o uso dos mísseis pela Rússia na Ucrânia nas próximas semanas pode levar à "morte de ainda mais civis ucranianos.”

Analistas comparam o Fath-360, que tem um alcance de 121 quilómetros, com o sistema HIMARS dos EUA, que se mostrou crucial na defesa da Ucrânia.

Os EUA não divulgaram a inteligência usada para determinar que o Irão forneceu mísseis Fath-360 à Rússia.

Mas as sanções introduzidas pelo Departamento do Tesouro dos EUA indicam que os EUA estavam cientes de quando Teerão assinou pela primeira vez o contrato para fornecer a Moscovo centenas de mísseis, quando o Irão treinou militares russos para usar os sistemas de armas, quais funcionários e empresas de transporte facilitaram a entrega dessas armas, e quando a Rússia recebeu os primeiros carregamentos dos mísseis no início deste mês.

Um porta-voz da União Europeia disse que os aliados da UE partilharam informações "credíveis" sobre a entrega de mísseis balísticos Iranianos à Rússia.”

Em 2023, a UE estabeleceu um quadro específico para sanções "tendo em conta o apoio militar do Irão à guerra de agressão da Rússia contra a Ucrânia.”

Provas físicas, incluindo fragmentos de mísseis, só estarão disponíveis se ou quando a Rússia implantar os Fath-360 na Ucrânia.

Da mesma forma, Teerão negou ter fornecido drones da série Mohajer-6 e Shahed de fabricação iraniana para a Rússia. No entanto, a Ucrânia recuperou total e amplamente intactos os drones de fabricação Iraniana, bem como os remanescentes dos drones usados nos ataques, provando o contrário.

Além disso, a inteligência dos EUA confirmou o uso de drones de fabricação iraniana na Ucrânia por meio de análise fotográfica e outros meios.

Autoridades iranianas confirmaram anteriormente a intenção de Teerão de enviar outros tipos de mísseis balísticos para a Rússia.

Em outubro de 2022, dois altos funcionários iranianos e dois diplomatas iranianos disseram à Reuters que o Irão concordou, a pedido de Moscovo, em enviar mísseis balísticos superfície-superfície de curto alcance Fateh-110 e Zolfaghar de fabricação iraniana para a Rússia.

Um dos diplomatas iranianos tentou contornar as alegações de que o Irão estava alimentando o esforço de guerra da Rússia, alegando que não era "questão do vendedor" onde a Rússia decidiu usar essas armas.

Em fevereiro, seis fontes, incluindo três funcionários do governo iraniano, disseram à Reuters que o Irão enviou cerca de 400 mísseis, incluindo muitos poderosos mísseis balísticos superfície-superfície, para a Rússia.

Ao contrário das recentes negações, uma autoridade Iraniana não identificada na época disse à Reuters que haveria mais remessas desse tipo.

Uma autoridade dos EUA na época disse à Reuters, porém, que não havia indicação de que as entregas haviam ocorrido.

Moscovo e Pyongyang também negaram que a Coreia do Norte fornecesse à Rússia mísseis balísticos de longo alcance. Mas monitores de sanções da ONU, autoridades ucranianas e outros recuperaram fragmentos de mísseis da série Hwasong-11 da Coreia do Norte em toda a Ucrânia.

Autoridades ucranianas notaram que os mísseis norte-coreanos se mostraram altamente pouco confiáveis, levando a Rússia a buscar as armas de maior precisão do Irão.

Fontes

• ((en)) William Echols. Iran denies delivering ballistic missiles, aid to Moscow’s Ukraine war effort — Voa News, 13 de setembro de 2024