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Governo da Venezuela rejeita posição de países da região contra validação da vitória de Maduro

Fonte: Wikinotícias

23 de agosto de 2024

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O Ministério das Relações Exteriores da Venezuela condenou uma declaração conjunta de 11 países da região, incluindo os Estados Unidos, que rejeitou a decisão da Suprema Corte que validou a vitória do presidente Nicolás Maduro nas eleições de 28 de julho.

O governo da Venezuela condenou na sexta-feira a declaração conjunta de 11 países da região que rejeitou a decisão da Corte Suprema de Justiça (TSJ) que validou o triunfo do presidente Nicolás Maduro nas eleições de 28 de julho.

Os países enfatizaram a necessidade de uma auditoria imparcial e independente.

O ministro das Relações Exteriores da Venezuela, Yvan Gil, disse em um comunicado que os países buscam imitar o "nefasto, fracassado e derrotado Grupo de Lima" e "pretendem continuar violando o direito internacional cometendo um ato inaceitável de interferência em assuntos que dizem respeito apenas aos venezuelanos".

Segundo o chanceler, os governos da Argentina, Costa Rica, Chile, Equador, Estados Unidos, Guatemala, Panamá, Paraguai, Peru, República Dominicana e Uruguai, que insistem em pedir uma auditoria imparcial e independente para avaliar todos os registros eleitorais, estão tentando impor uma política de "mudança de regime" e compararam a situação a 2019, quando Juan Guaidó, então presidente do Parlamento, Ele assumiu como presidente interino.

O governo dos EUA assegurou, em um comunicado adicional, que a decisão da Suprema Corte "carece de toda credibilidade" diante de "evidências contundentes" de que o candidato da oposição, Edmundo González Urrutia, recebeu "o maior número de votos".

"Agora é a hora de as partes venezuelanas iniciarem discussões sobre uma transição pacífica e respeitosa de acordo com a lei eleitoral venezuelana e os desejos do povo venezuelano", disse um comunicado assinado por Vedant Patel, porta-voz do Departamento de Estado.

O porta-voz disse que as tentativas contínuas de "reivindicar fraudulentamente a vitória de Maduro só exacerbarão a crise atual" e pediu ao governo que liberte aqueles que foram detidos por exercerem seu direito à liberdade de expressão.

A líder María Corina Machado, vencedora das primárias presidenciais da oposição, mas desqualificada para ocupar cargos públicos, disse que o mundo democrático "se encaixa" com o povo da Venezuela e o respeito à soberania popular.

"Neste ponto, ninguém engole a manobra grosseira do TSJ para esconder os minutos que demonstram a vitória esmagadora de Edmundo González. É por isso que, mais uma vez, o regime estava errado: o que o TSJ decidiu foi sua cumplicidade com a fraude da CNE. Longe de 'encerrar o caso', eles aceleraram o processo que a cada dia isola e afunda Maduro ainda mais", escreveu ele no X na sexta-feira.

Enquanto isso, o presidente do México, Andrés Manuel López, evitou responder se reconhecerá Maduro como vencedor das eleições presidenciais e disse que aguardará a divulgação da ata, apesar da decisão do TSJ.

"O Tribunal Eleitoral da Venezuela sustenta que o presidente Maduro ganhou a eleição e, ao mesmo tempo, recomenda que as atas sejam divulgadas. Vamos aguardar a divulgação da acta, porque aparentemente o tribunal resolve e pede ao Conselho Nacional Eleitoral (CNE) que divulgue a acta", respondeu quando questionado em conferência de imprensa esta sexta-feira.

O TSJ, no entanto, instou a CNE a publicar os resultados das eleições no diário oficial, mas não se referiu à divulgação das atas.

O alto representante da União Europeia para Assuntos Externos e de Segurança, Josep Borrell, disse que, enquanto não houver um "resultado verificável", o bloco não reconhecerá Maduro como o vencedor das eleições.

"Temos que provar esse resultado eleitoral, no momento não vimos nenhuma evidência, e enquanto não virmos um resultado verificável, não vamos reconhecê-lo", disse ele a vários meios de comunicação.

A oposição venezuelana denuncia que a Câmara Eleitoral do TSJ validou uma "fraude eleitoral" ao usurpar funções do Poder Eleitoral e descreve como "nula" a sentença que certifica os resultados.

O Conselho Nacional Eleitoral (CNE) proclamou Maduro o vencedor das eleições de 28 de julho, mas, quase quatro semanas após o processo, ele não cumpriu a legislação ao não divulgar os resultados desagregados. A oposição, que denuncia fraudes, publicou cópias das atas mantidas por suas testemunhas e garante que a vitória corresponde a González Urrutia com mais de 67% dos votos.

O Ministério Público anunciou nesta sexta-feira que solicitará a declaração do candidato González Urrutia por suposta contumácia e desobediência às autoridades e por sua suposta responsabilidade na publicação desses atos eleitorais.

Os governos que se manifestaram sobre a decisão judicial que valida o triunfo de Maduro reiteraram sua preocupação e rejeição às violações dos direitos humanos perpetradas contra cidadãos que exigem pacificamente respeito, o voto dos cidadãos e a restauração da democracia.

Os resultados das eleições causaram protestos massivos que, em alguns casos, terminaram em atos violentos. De acordo com o balanço oficial, 27 pessoas morreram e pelo menos 2.000 foram presas, muitas acusadas de terrorismo.

O governo culpou Machado e González Urrutia por supostamente promoverem a violência no país, por meio dos comanditos, uma rede de cidadãos organizada pela oposição para proteger os votos. A oposição rejeitou a narrativa do governo e denunciou uma escalada na repressão e detenções arbitrárias.

O relatório preliminar do Painel de Especialistas Eleitorais da ONU, que inicialmente era confidencial e acabou sendo publicado, expôs que a gestão dos resultados pela autoridade eleitoral não atendia aos "requisitos básicos de transparência e integridade" essenciais para a realização de eleições confiáveis. O governo alegou que o documento está "repleto de mentiras".