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Governo avalia volta do horário de verão para reduzir consumo de energia e uso de termelétricas

Fonte: Wikinotícias

15 de setembro de 2024

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O ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, afirmou esta semana que o governo está analisando a possibilidade de retomar o horário de verão. A medida, que foi abolida em 2019, pode ser reconsiderada devido à necessidade de aproveitar a luz natural e reduzir o consumo de energia elétrica, especialmente em um cenário de alta demanda e crise hídrica que afeta a capacidade de geração das hidrelétricas.

De acordo com o professor Pedro Luiz Côrtes, da Escola de Comunicações e Artes (ECA) e do Instituto de Energia e Ambiente (IEE), ambos da Universidade de São Paulo, o consumo de energia elétrica tem se mantido alto em 2024 devido às temperaturas elevadas e à falta de chuvas. “Tradicionalmente, o nosso consumo é muito elevado durante o verão, pelo uso mais intensivo de aparelhos de ar-condicionado, ventiladores e reduz bastante no inverno. O que tem acontecido este ano é que o consumo subiu muito, em função do calor, são temperaturas de um período muito quente, e isso fez com que o consumo subisse muito. Um dado importante é que o consumo mínimo, que nós verificamos este ano em agosto, foi maior do que todos os picos de consumo que nós tivemos ao longo dos anos anteriores”, destaca.

Crise hídrica

Paralelamente, o docente alerta que o Brasil enfrenta uma crise hídrica, com redução do nível dos reservatórios — alguns reservatórios estão com nível considerado adequado para esta época do ano, mas há perspectivas de falta de chuvas em vários Estados, o que pode prejudicar e postergar o seu reabastecimento, de acordo com o uso intensivo das hidrelétricas. Ele afirma que, com isso, o uso de termelétricas começou a aumentar, o que causa um aumento direto nas contas de luz devido ao seu custo operacional muito alto.

O horário de verão, caso seja adotado novamente, pode trazer uma economia real de energia elétrica, especialmente ao deslocar o consumo de pico para momentos em que há maior incidência de luz natural. No entanto, Côrtes explica que, embora o consumo de pico no final da tarde e início da noite ainda exista — por conta do consumo dos escritórios, que ainda permanece, somado ao consumo dentro das residências, quando a pessoa está voltando para casa —, o maior consumo de energia atualmente ocorre no meio da tarde, devido ao uso de ar-condicionado. “O horário de verão, até a última vez em que ele foi adotado, ainda apresentava algum resultado em termos de economia de energia. Não tão significativa proporcionalmente quanto fora em anos anteriores, mas ainda ocorria”, comenta.

Além do benefício energético, o comércio também se mostra favorável à volta do horário de verão. Conforme o professor, bares e restaurantes tendem a ter um movimento maior quando os consumidores saem do trabalho e ainda há luz do dia, o que impulsiona o consumo e a economia local. “Quando o horário de verão deixou de ser aplicado, o comércio reclamou, porque isso movimentava mais a economia e os negócios”, finaliza.