Esposa de Marcos Valério depõe para CPI dos Correios do Brasil

Fonte: Wikinotícias

Brasil • 26 de julho de 2005

Email Facebook X WhatsApp Telegram LinkedIn Reddit

Email Facebook Twitter WhatsApp Telegram

 

Renilda Maria Santiago Fernandes de Souza, esposa do empresário Marcos Valério, suspeito de participar do esquema de corrupção conhecido como mensalão, depõe nesta terça-feira (26) para parlamentares da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) dos Correios. Sentada ao lado de seu advogado, ela respondeu durante cerca de oito horas às perguntas de deputados e senadores brasileiros.

A sessão chegou a ser interrompida algumas vezes para o almoço e para poupar a depoente, que mostrou-se abalada emocionalmente. Apesar de algumas vezes Renilda ter chorado e de mostrar-se bastante abalada na parte final da sessão, à noite, seu depoimento foi na maior parte do tempo feito de forma tranqüila.

Renilda disse que o ex-ministro da Casa Civil José Dirceu tinha conhecimento dos empréstimos que seu marido, Marcos Valério, fazia ao Partido dos Trabalhadores (PT). Segundo ela, Dirceu participou de reuniões em Belo Horizonte,, no hotel Ouro Minas, na qual foram discutidos os empréstimos feitos no Banco Rural. Ele também participou de reuniões em Brasília. onde foram discutidos os empréstimos do Banco BMG.

Renilda disse que não participava das empresas e dos negócios do marido, e que a opção dela foi cuidar dos filhos. Ela considerou-se "covarde" por não ter participado das empresas e se pudesse voltar atrás, participaria mais da vida das firmas, que estão em nome dela.

Renilda Santiago disse que nos últimos dias, o tesoureiro licenciado do Partido dos Trabalhadores (PT), Delúbio Soares, conversou com Marcos Valério por telefone. Ela disse que não sabe se eles se encontraram pessoalmente.

Segundo Renilda, ela conheceu Delúbio Soares, no dia 7 de setembro de 2004 em São Paulo. Ela disse que depois nunca mais se encontrou com Delúbio. Renilda disse que não sabe se o marido Marcos Valério encontrou-se com parlamentares e autoridades do governo, e se tais encontros ocorreram, não foram em sua casa. Ela disse que não conhece o ex-secretário-geral do PT Silvio Pereira.

Renilda explicou aos parlamentares que todas as suas contas bancárias eram movimentadas por Marcos Valério e que ela mexia apenas com uma conta conjunta com o marido na qual eram depositados R$ 60 mil (R$ 30 mil da SPMB e R$ 30 mil da DNA Propaganda) para despesas domésticas. Renilda disse ainda que tem uma conta pessoal na qual são depositados mensalmente R$ 3,5 mil como pró-labore das empresas que possui. Sobre a movimentação de R$ 4 milhões verificada em suas contas no ano passado, Renilda disse que não sabe de nada e que nem sequer assinou cheques.

Quando falou sobre seus bens, Renilda disse que tem uma casa em Brumadinho (35 quilômetros de Belo Horizonte), uma casa no bairro do Castelo, em Belo Horizonte, comprada há 14 anos, e três automóveis: um Land Rover (mesmo carro presenteado pela empresa GDK ao secretário-geral do PT Silvio Pereira), um Corolla e uma Pajero, comprada em 2005. Ela disse que não sabia que o valor do patrimônio declarado por seu marido no Imposto de Renda subiu de R$ 3 milhões, em 2003, para R$ 18 milhões, em 2004.

Renilda disse que seu marido, Marcos Valério, vive em cárcere doméstico. "Peço às pessoas que participaram que se sensibilizem e ajudem a revelar os fatos, pois minha família está desmoronada. Foi execrada e condenada publicamente.", pediu.

A esposa de Marcos Valério disse que a responsabilidade financeira das empresas não pode ser só de seu marido, já que os dois sócios das empresas precisavam assinar todos os cheques.

Ela disse desconhecer o fato de Valério ter mais documentos ou informações sobre empréstimos ou pagamento de “mesadas” a deputados. Renilda contou que Marcos Valério nunca fez trabalhos para o Presidente Luiz Inácio Lula da Silva, nem para a família dele, e que Valério nem sequer conhece o presidente pessoalmente.

Renilda negou à CPMI dos Correios ter sacado na boca do caixa do Banco Rural dois cheques cada um no valor de R$ 50 mil. Segundo ela os pagamentos em valores mais altos que apareceram com a quebra do sigilo bancário, foram realizados por ela com cheques nominais e para reformas da casa onde mora. Integrantes da CPMI dos Correios não ficaram convencidos com essas explicações e citaram informações do Banco Central, segundo as quais R$ 10 milhões foram movimentados nas contas de Renilda em 2003 e 2004. Renilda não soube explicar essa movimentação.

Por volta das 20h o Presidente da CPMI Senador Delcidio Amaral (PT) encerrou a sessão, no momento em que a esposa de Marcos Valério, Renilda Maria Santiago Fernandes de Souza, demonstrava visivelmente sinais de esgotamento físico e emocional.

Fontes