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Eleição na Venezuela "não pode ser considerada democrática", conclui Centro Carter

Fonte: Wikinotícias

1 de agosto de 2024

link=mailto:?subject=Eleição%20na%20Venezuela%20"não%20pode%20ser%20considerada%20democrática",%20conclui%20Centro%20Carter%20–%20Wikinotícias&body=Eleição%20na%20Venezuela%20"não%20pode%20ser%20considerada%20democrática",%20conclui%20Centro%20Carter:%0Ahttps://pt.wikinews.org/wiki/Elei%C3%A7%C3%A3o_na_Venezuela_%22n%C3%A3o_pode_ser_considerada_democr%C3%A1tica%22,_conclui_Centro_Carter%0A%0ADe%20Wikinotícias Facebook X WhatsApp Telegram LinkedIn Reddit

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Agência VOA

O Centro Carter (CC), uma das mais respeitadas organizações de fiscalização de eleições, concluiu que a eleição da Venezuela "não pode ser considerada democrática".

A organização não governamental, fundada pelo ex-Presidente americano Jimmy Carter e pela sua falecida mulher Rosalynn, enviou uma equipa de 17 observadores eleitorais ao país sul-americano para acompanhar a votação.

Num comunicado divulgado na noite de terça-feira, 30, o CC disse que a votação "não cumpriu os padrões internacionais de integridade eleitoral".

A Comissão Nacional Eleitoral (CNE) da Venezuela, controlada por Maduro, anunciou na segunda-feira, 29, que o Presidente venceu as eleições com 51% dos votos, contra 44% do opositor Edmundo González.

Os resultados contradizem amplamente as sondagens de saída dos eleitores, que mostraram que González venceu por uma grande margem.

O CC disse não poder verificar ou corroborar os resultados anunciados e que a falha da CNE em revelar os totais dos votos "constitui uma violação grave dos princípios eleitorais".

Entre as questões apontadas pelo Carter Center estão a dificuldade dos venezuelanos nacionais e estrangeiros registarem-se para votar, a interferência nos registos de partidos e candidatos e as frequentes tentativas por parte das autoridades de restringir as actividades de campanha da oposição, incluindo "assédio ou intimidação".

Opositores ameaçados

Horas depois de Maduro ter sido declarado vencedor, González e a líder da oposição, Maria Corina Machado, disseram aos jornalistas que obtiveram mais de 70% dos editais da votação, mostrando Gonzalez a ganhar mais de 6 milhões de votos, com Maduro a ganhar pouco mais de 2 milhões de votos.

O anúncio da vitória de Maduro desencadeou imediatamente protestos na capital, Caracas, e em toda a Venezuela, que se tornaram violentos e pelo menos 16 pessoas morreram, segundo o grupo de defesa dos direitos humanos Foro Penal, sediado na Venezuela.

O procurador-geral, Tarek William Saab, disse que pelo menos 750 pessoas foram detidas e enfrentam acusações de terrorismo e outros crimes.

Saab emitiu mandados de detenção na terça-feira para González e Machado, a quem acusou de atacar o sistema eleitoral sem oferecer qualquer prova.

O partido da oposição Voluntad Popular disse, na terça-feira, que o líder Freddy Superlano foi levado por homens mascarados armados.

Maduro e um aliado importante, o presidente da Assembleia Nacional, Jorge Rodriguez, pedem na terça-feira a detenção de González e Machado, que foi impedida de se candidatar após uma decisão do Supremo Tribunal da Venezuela.

Machado e González ignoraram as ameaças de Maduro e Rodriguez ao realizarem um comício em Caracas, fora da missão das Nações Unidas, com a participação de milhares de apoiantes, muitos deles provenientes de bairros da classe trabalhadora que têm sido bastiões eleitorais de Chávez e Maduro.

Sem reconhecimento internacional

Os resultados foram recebidos com ceticismo por vários vizinhos sul-americanos da Venezuela.

O Ministério dos Negócios Estrangeiros da Costa Rica ofereceu asilo político a Machado e González, bem como a seis membros da oposição que procuraram abrigo na embaixada da Argentina.

Os governos dos dois países e os do Equador, Guatemala, Panamá, Paraguai, Peru, República Dominicana e Uruguai, numa declaração conjunta na segunda-feira, apelaram a uma contagem transparente dos votos.

O ministro dos Negócios Estrangeiros da Venezuela, Yvan Gil, respondeu aos diplomatas do país da Argentina, Costa Rica, República Dominicana, Panamá e Peru, Uruguai e Chile.

A Casa Branca emitiu um comunicado na terça-feira, 30, a informar que o Presidente norte-americano, Joe Biden, falou com o seu homologo brasileiro, Lula da Silva, sobre a situação na Venezuela e "concordaram na necessidade da divulgação imediata de dados eleitorais completos, transparentes e detalhados" e que a eleição "representa um momento crítico para a democracia no hemisfério".

A vitória de Maduro foi reconhecida apenas pela Bolivia, China, Cuba, Honduras, Irão, Nicaragua e Russia.