Continua crise política no Uzbequistão
18 de maio de 2005
Milhares de pessoas procuram sair do país pela cidade de Karasu, próxima à fronteira com o Quirguistão. A localidade foi tomada por rebeldes que exigem a renúncia do presidente Islam Karimov, do Uzbequistão.
A crise começou sexta-feira passada, 13 de maio na cidade de Andizán, quando tropas leais ao governo supostamente abriram fogo contra um grupo de manifestantes que exigia a renúncia de Karimov e a anulação de uma decisão judicial contra 23 empresários acusados de extremismo islâmico.
Karimov acusa os movimentos islâmicos de praticar violência, e estes negam.
Terça-feira, dia 17, o governo reconheceu a morte de 169 pessoas. O promotor geral Rashid Kadyrov assinalou que "só morreram terroristas pelos disparos das forças governamentais". Todavia, um militar de alta patente contou a Mónica Whitlock, correspondente da BBC no Uzbequistão, que a cifra real de vítimas seria cerca de 500 pessoas. A jornalista afirmou que "o militar assegurou que dava esta informação porque queria que se soubesse a verdade. O fato de que um militar de alta casta romper o silêncio desta forma é algo sem precedentes".
Os refugiados que conseguiram cruzar a fronteira com o Quirguistão disseram à BBC que "as tropas do Uzbequistão abriram fogo enquanto cruzavam a fronteira, matando e ferindo várias pessoas".
O país se encontra quase incomunicável com o resto do mundo. Os canais estrangeiros de televisão, como CNN e BBC, foram bloqueados pelo governo, e a rádio local de Andizán saiu do ar. O canal estatal de televisão só emite breves boletins a respeito da crise.
Islam Karimov governa o país desde sua independência da extinta União Soviética em 1991.
Fontes
- Uzbekistán reconoce 169 muertos — BBC, 17 de maio de 2005
- Sube tensión en Uzbekistán — BBC, 16 de maio de 2005