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Coligação em Angola diz que pode contestar resultados onde não teve delegados em postos de votação

Fonte: Wikinotícias

Agência Brasil

Angola • 2 de setembro de 2012

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A Convergência Ampla de Salvação de Angola (Casa-CE), a nova coligação de Abel Chivukuvuku, em disputa nas eleições em Angola, informou que pode não reconhecer resultados gerais no país, em postos de votação onde não teve delegados.

Em uma declaração à imprensa, sem direito a perguntas, na noite ontem (1º) em Luanda, Chivukuvuku disse que, "por má-fé ou de forma propositada", não foi permitido à sua coligação ter delegados em todas as assembleias eleitorais do país, embora tivesse "capacidade humana" para isso.

A Casa-CE disse que vai conferir os dados oficiais com a suas atas, "especialmente em Luanda", e "em tempo útil" fará uma declaração final. A coligação segue com menos de 5% de votos, na terceira posição, a larga distância do Movimento Popular de Libertação de Angola (MPLA) e também da União Nacional para a Independência Total de Angola (UNITA), nos resultados provisórios divulgados ontem pela Comissão Nacional Eleitoral (CNE), com mais de dois terços dos votos contados.

Em Angola, o voto é em cédulas e a apuração ocorre nos locais de votação. Os eleitores vão às urnas para escolher 220 deputados. No país, a eleição para presidente da República ocorre de forma indireta e é definida pelos parlamentares.

A eleição de anteontem é a segunda realizada em Angola, desde o fim da guerra civil no país, em 2002. Ela ocorre quatro anos depois da eleição parlamentar de 2008, que já contou com a participação do principal partido de oposição do país, a UNITA.

No poder há mais de três décadas, o atual presidente José Eduardo dos Santos é o número 1 da lista de seu partido, o MPLA, na tentativa de obter mais um mandato. Para especialistas, o MPLA deve ficar com a maioria das cadeiras no Parlamento, o que garantirá a Santos mais um mandato de cinco anos.

A UNITA, segunda maior força política de Angola, tem protestado contra a parcialidade das eleições, mas se mantém na disputa. Durante 27 anos, a divergência entre os dois grupos provocou uma guerra civil que devastou o país. Cerca de 500 mil angolanos morreram. Um acordo de paz só foi possível após a morte de Jonas Savimbi, líder da UNITA, ocorrida em 2002, em confronto com forças do governo.

Ontem, o porta-voz do partido MPLA, Rui Falcão, disse que os resultados das eleições gerais em Angola "servem aos objetivos" do MPLA e garantem a estabilidade e o desenvolvimento do país.

O MPLA obteve 81% nas eleições legislativas de 2008, e os dados preliminares deste pleito, divulgados às 17h30 (horário local de ontem), atribuem-lhe cerca de 75%. Sobre a Casa-CE, Falcão disse que “não há atores novos nestas eleições. Há é um novo ator coletivo. A Casa-CE é constituída por militantes expulsos de outros partidos ou provenientes de outras formações entretanto extintas".

"É uma manta de retalhos. Desempenhou nestas eleições o mesmo papel que o do PRS [Partido de Renovação Social] nas eleições de 1992", acrescentou.

Quanto à UNITA, que poderá aumentar dos 10% alcançados em 2008 para 17%, Rui Falcão disse que até prefere que o líder desse partido continue em suas funções. "O que eu quero mesmo é que Isaías Samakuva continue líder da UNITA por muito mais tempo", concluiu.