Carlito Roberto apela à reconciliação e alerta: "FNLA pode desaparecer"

Fonte: Wikinotícias
Angola.

Agência VOA

Em Angola não se pratica a democracia disse o filho de Holden Roberto.

20 de fevereiro de 2015

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Um grupo de militantes da Frente Nacional de Libertação de Angola (FNLA) dirigiu uma carta aberta aos dirigentes das duas facções do partido propondo uma direcção colegial durante um período de transição enquanto se resolvem os diferendos no partido.

A carta propõe que se realize um congresso que não tenha como objectivo eleger líderes mas sim apenas resolver os diferendos e criar um período de transição para “apaziguarmos os espíritos”.

A carta surge poucos dias depois de um congresso da FNLA ter falhado em resolver os diferendos que dividem as duas facções do partido elegendo de novo Lucas Ngonda para a direcção da FNLA.

Os apoiantes de Ngola Kabango dizem que foram excluídos e o congresso foi marcado no seu inicio por incidentes violentos que resultaram na morte de uma pessoa.

Carlito Roberto, que assinou a carta, faz parte da Plataforma para a Reconciliação, faz notar na sua carta que que “o risco que corre o nosso partido é colectivo” avisando do perigo para todos os militantes da possibilidade de extinção da FNLA.

Em entrevista à rádio Voz da América (VOA), no Angola Fala Só, Carlito Roberto, falou sobre a crise na FNLA, que segundo o líder, a FNLA pode desaparecer e por isso é dever dos militantes “fazer renascer o partido”.

Roberto, filho do fundador da FNLA, Holden Roberto, faz parte de uma “Plataforma de Reconciliação” que visa encontrar uma solução para os diferendos existentes no partido.

A FNLA realizou recentemente um congresso em Luanda que foi marcado, antes do início, por actos de violência entre apoiantes das facções de Lucas Ngonda e Ngola Kabango.

Uma pessoa morreu nos confrontos e vários ouvintes que telefonaram mostraram-se chocados e desiludidos com a situação no partido. “Isto é uma vergonha”, disse um dos ouvintes.

Carlito Roberto afirmou que o problema do congresso:

[O de que] havia pendentes que não foram resolvidos antes de se ir para o congresso. Há situações pendentes que criaram um divórcio e de posições irredutíveis. Infelizmente estamos a constatar que se estão a defender os interesses pessoais acima de todos os interesses colectivos.

Carlito Roberto

Quando interrogado sobre se havia a possibilidade de militantes afastarem os actuais lideres afirmou que isso “não se pode decidir fora do congresso”.

O filho do fundador da FNLA, Carlito Roberto, acusou Ngola Kabango de usar o congresso para fazer “uma fuga em frente que não resolve nada”. Roberto defendeu a realização de um novo congresso para estabelecer uma direcção colectiva de transição que resolva os diferendos e decidir “entre o que é importante e o que não é”. Criticando o facto de muitos dentro da FNLA continuarem a identificar-se com os líderes e não com o partido, avisou Roberto:

O partido pode desaparecer.

Carlito Roberto

“Não temos que nos identificar com os lideres”, disse afirmando que muitos continuam a dizer “sou do Ngola Kabango ou sou do Lucas Ngonda” em vez de afirmarem “sou da FNLA”. “Corremos o risco de perdermos o nosso partido”, advertiu.

Para Carlito Roberto a personalização da política dentro da FNLA em detrimento do colectivo e dos interesses do partido “está a afundar” a FNLA. O congresso, disse, “foi uma perda de tempo para nada”.

Interrogado sobre a possibilidade da criação de um outro partido com militantes desiludidos com a FNLA, Roberto disse que a FNLA “representa uma esperança” com uma base social e que por isso “não podemos apagar essa identidade”, mas pôs de parte a possibilidade de ele próprio se candidatar à liderança. “Não tenho ambição de liderar o partido”, garantiu.

Questionado por um ouvinte sobre a quem atribuía responsabilidade pela morte do militante durante os confrontos no inicio do congresso, Carlito Roberto afirmou que “infelizmente só poderão ser os dois líderes”, mas acrescentou que o problema dentro da FNLA “é um problema colectivo” e os responsáveis “somos todos nós”.

Embora a esmagadora maioria dos ouvintes tenha falado sobre a FNLA e a situação interna do partido, um ouvinte quis saber a opinião de Roberto sobre um recente incidente em que militantes do MPLA atacaram uma caravana da Unita na Lunda Norte.

Roberto disse que a função dos dirigentes é “apaziguar os espíritos” que podem não ser pacíficos devido a anos de guerra, mas acrescentou que “infelizmente a intolerância é uma realidade” em Angola.

“Um país não é democrático pelos princípios que pode ter numa constituição, mas sim pelo respeito prático desses princípios”, disse acrescentando que em Angola “não se pratica a democracia”.

Fontes