Cabo Verde: A agenda de transformação

Fonte: Wikinotícias
Cabo Verde.

Agência VOA

Da infra-estruturação do país à luta pelo emprego e crescimento económico.

3 de julho de 2015

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Após 10 anos de governação do Movimento para a Democracia (MpD), liderado por Carlos Veiga, o Partido Africano para a Independência de Cabo Verde (PAICV), que dirigiu o país de 1975 a 1991, regressou ao poder em 2001, cumprindo actualmente o seu terceiro mandato. O primeiro-ministro José Maria Neves apresentou como linha orientadora do seu Executivo a Agenda de Transformação que teve como peça-chave a infra-estruturação do país e o lançamento de bases para o desenvolvimento do arquipélago.

A oposição acusou o Executivo de Governo de gestão, mas o Cabo Verde conseguiu, no entanto, graduar-se como país de rendimento médio, apesar de enormes desafios que ainda persistem.

“Lançamos alicerces para o desenvolvimento sustentado do país, foi um conceito uma visão do que pretendíamos para o país e agora, salvo alguns discursos diferenciados, não há dissensos, todos convergem para uma mesma visão”, disse o primeiro-ministro José Maria Neves ao definir a Agenda de Transformação proposta pelo seu Governo em 2001.

O objectivo era criar as bases para o desenvolvimento do país, com especial destaque para o turismo, a mola impulsionadora do crescimento económico. O país, que recebia menos de 100 mil turistas por ano no início da década de 2000, agora acolhe mais de meio milhão.

A oposição acusou o Governo de se preocupar apenas com o betão, mas José Maria Neves diz que a sua opção foi a melhor.

“É falta de visão dizer que as infra-estruturas são só betão, são alicerces fundamentais para a transformação de Cabo Verde, porque como é que desenvolveríamos o turismo na Boa Vista sem o aeroporto internacional, como é que desenvolveríamos os transportes marítimos internacionais sem portos, como promover o agro-negócio sem a prospecção da água, sem a construção de barragens ou sem o tratamento de águas residuais?”, pergunta Neves em jeito de resposta.

Apesar de um crescimento considerável do país, que atingiu níveis de sete e oito por cento até 2008, quando os efeitos da crise internacional começou a fazerem-se sentir em Cabo Verde, o arquipélago não conseguiu debelar o desemprego, em taxas ainda elevadas.

O jornalista Carlos Santos, enumera alguns desses problemas, apesar do reconhecido forte investimento realizado pelo Governo.

“De facto era expectável, com todo esse investimento feito, que se criasse mais emprego ou se diminuísse a taxa de desemprego, que é uma preocupação reiterada do Grupo de Apoio Orçamental”, explica Santos, para quem o crescimento da economia e o combate ao desemprego são os grandes desafios do momento.

O Governo acredita que a economia irá voltar a crescer este ano e em 2016, com a estabilização na zona euro, à qual Cabo Verde está ancorada, afastando assim o fantasma da crise que o Executivo de José Maria Neves encontrou em 2001.

“Tivemos de trabalhar muito para garantir a credibilidade internacional, que foi um momento muito difícil, e tivemos de recuperar as instituições do Estado que estavam desgastadas, como as Forças Armadas, a polícia, o parlamento, etc.”, lembrou o primeiro-ministro.

No ano em que assinala os 40 anos como país independente, Cabo Verde regista índices elevados, ao ocupar os primeiros lugares na maioria dos indicadores em África. O director executivo da Comissão Económica das Nações Unidas para África, Carlos Lopes disse recentemente que Cabo Verde é um exemplo em África, apesar das suas vulnerabilidades.

Carlos Santos considera que Cabo Verde caminha para consolidar a sua democracia, com a total independência da imprensa, “que ainda não acontece porque Estado domina o sector, onde o privado enfrenta muitas dificuldades”.

A excessiva partidarização da vida no arquipélago “em todos os sectores, inclusive naqueles em que a sociedade civil devia fazer ouvir a sua voz” constitui, para aquele analista, um problema que urge ultrapassar, porque “os partidos asfixiam a vida nacional”.

Com a graduação a país de rendimento, Cabo Vede deixou de ter acesso a muitos fundos da cooperação internacional.

Agora, o desafio é assegurar as bases para um produção nacional capaz de exportar e atrair investimentos e recursos para um país que, de cerca de 300 mil habitantes em 1975, agora tem uma população superior a 500 mil.

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