Brasil tem o segundo maior número de cesáreas no mundo, apesar dos riscos

Fonte: Wikinotícias

29 de agosto de 2023

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De janeiro a outubro do ano passado, foi registrada uma elevação de 57,6% no número de cesarianas feitas no País, segundo dado do Ministério da Saúde. A Organização Mundial de Saúde recomenda que somente 15% dos partos sejam não naturais, mas os números estão muito acima do indicado. Esses dados representam uma grave distorção na assistência à saúde, com desperdício de dinheiro público e privado, com intervenções cirúrgicas desnecessárias, em patamares muito acima do aceitável, expondo a mulher e criança a riscos como infecções, hemorragias, prematuridade, aumentando a mortalidade materna e perinatal.

A cesárea, quando bem indicada clinicamente, salva vidas, no entanto, é importante que se diga que, sem indicação, aumenta o risco de morte: 86% dos partos no sistema privado de saúde são cesáreas.

Cerca de três milhões de partos acontecem anualmente no Brasil, desse total, um milhão 680 mil são cesáreas; 870 mil delas são feitas anualmente sem uma verdadeira indicação cirúrgica. No SUS, o número de cesáreas tem crescido e diversos fatores contribuem para essa realidade, apesar de as taxas serem menores: em geral, 44,2%. Entre os fatores que influenciam a cirurgia estão: profissional que está no plantão, horário deste (se é diurno ou noturno), se ocorre no final de semana ou durante a mesma.

Os gastos em saúde são mais altos nas cesáreas, além dos riscos de morbimortalidade mais altos para a mulher e o feto neonato na cirurgia sem indicação clínica adequada, tornando-se um problema de saúde pública. Mas essa realidade pode ser modificada. Segundo a professora Marlise de Oliveira Pimentel Lima, docente do curso de Obstetrícia da Escola de Artes, Ciências e Humanidades da USP, “o governo pode investir na qualificação técnica dos profissionais para elevar as taxas de parto normal, bem como monitorar as taxas de cesárea dos serviços com indicadores internacionais bem estabelecidos, como a classificação de Robson, por exemplo, e com a inserção e valorização das obstetrizes e enfermeiras obstétricas nos serviços para aumento dos partos normais. É comprovado por vários estudos que a presença dessas profissionais aumenta as taxas de parto normal e melhora a satisfação materna com o parto”, menciona ela.

Fontes