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Brasil: apenas 21% dos docentes no ensino superior são negros ou pardos

Fonte: Wikinotícias

29 de dezembro de 2024

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O acesso da população negra aos bancos universitários tem crescido nos últimos anos, mas ainda não chegou à sala dos professores. É o que revelam dados do último Censo da Educação Superior, realizado pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), analisados pela Fiquem Sabendo em novembro passado.

As políticas públicas de inclusão, como a reserva de vagas, que ampliaram a presença de estudantes negros no ensino superior, não se reflete de forma significativa no corpo docente. Apenas um em cada cinco professores universitários em exercício se declara preto ou pardo (21%), uma proporção muito baixa quando comparada aos 55,5% de brasileiros que se declaram como pardos ou pretos, conforme o Censo 2022, realizado pelo IBGE.

Especialistas destacam que a falta de professores negros nas universidades reflete a ausência de representatividade em posições de liderança acadêmica, afetando o senso de pertencimento de alunos negros ao dificultar que se identifiquem nesses espaços. A situação é ainda mais grave entre os estudantes autodeclarados pretos: apenas um em cada 34 professores universitários (2,9%) se identifica como preto, conforme o Censo da Educação Superior de 2023, divulgado em outubro. Esse percentual corresponde a menos de um terço da proporção de pretos na população brasileira (10,2%).

O estudo dos resultados do censo pela Fiquem Sabendo expõe um padrão nacional de contratações de professores. Com exceção da região Norte, os quadros docentes no Brasil são majoritariamente formados por autodeclarados brancos.

Região Brancos (%) Pretos e pardos (%)
Centro-Oeste 52,8 24,9
Nordeste 38,7 35,8
Norte 37,7 47,7
Sudeste 68 13,4
Sul 78,3 5,9

Rede pública e rede privada

Um dos recortes possíveis a partir da síntese é por tipo de rede de ensino: pública ou privada. Embora se acredite que as instituições federais, por exemplo, apresentam números mais representativos, as distorções permanecem igualmente desafiadoras – e a diferença em relação às instituições privadas ainda é pouco significativa.

Apesar da Lei 12.990/2014 estabelecer a reserva de 20% em concursos públicos federais para candidatos negros, por exemplo, atualmente 3,4% dos professores se autodeclaram pretos e 18,2%, pardos. O quadro docente nas instituições privadas não é muito diferente: 2,4% dos professores se autodeclaram pretos e 18%, pardos. Em outras palavras, docentes que se declaram brancos ainda são maioria, representando mais da metade do magistério em ambas as redes, mesmo considerando os indígenas, orientais (cor amarela) e os casos de raça e cor não informada.

  • Consciência Negra: magistério superior conta com apenas 2,9% de professores autodeclarados pretos - Don't LAI to Me #136 — Fiquem Sabendo, 18 de novembro de 2024