Bento XVI defende que a verdade é essencial para a paz

Fonte: Wikinotícias

31 de dezembro de 2005

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O Papa Bento XVI em sua mensagem de ano novo intitulada "Na verdade, a paz" disse que a paz só pode ser conseguida na presença da verdade e apontou a mentira como a sua maior inimiga.

Segundo o papa: "A busca autêntica da paz deve partir da consciência de que o problema da verdade e da mentira diz respeito a cada homem e mulher e aparece como decisivo para um futuro pacífico do nosso planeta".

O papa disse que "a paz não pode ser reduzida a simples ausência de conflitos armados, mas tem de ser entendida como um fruto da ordem que o divino Criador estabeleceu para a sociedade humana, uma ordem que deve ser realizada pelos homens, sempre anelantes por uma mais perfeita justiça".

Bento XVI citou o livro do Apocalipse para condenar a mentira, dizendo que da Jerusalém Celeste "Ficarão de fora (...) todos os que amam e praticam a mentira".

O papa disse que "com a mentira, está ligado o drama do pecado com as suas consequências perversas, que causaram, e continuam a causar, efeitos devastadores na vida dos indivíduos e das nações".

O pontífice lembrou-se dos sistemas sistemas ideológicos e políticos do século XX que teriam mistificado a verdade para levar à exploração e eliminação de um grande número de pessoas. E perguntou: "Depois destas experiências, como não sentir-se seriamente preocupado diante das mentiras do nosso tempo (..)"?

Bento XVI condenou o terrorismo. Citando as palavras do Papa João Paulo II declarou: "Quem mata, com actos terroristas, cultiva sentimentos de desprezo pela humanidade, manifestando desespero pela vida e pelo futuro".

A fim de analisar as causas do terrorismo o papa sugeriu a compreensão das motivações culturais, religiosas e ideológicas, além das razões de carácter político e social.

O papa criticou ainda o niilismo e o fanatismo religioso, capaz de "alimentar propósitos e gestos terroristas".

Bento XVI disse:

"(...) o niilismo e o fundamentalismo relacionam-se de forma errada com a verdade: os niilistas negam a existência de qualquer verdade, os fundamentalistas avançam a pretensão de poder impô-la com a força. Mesmo tendo origens diversas e sendo manifestações que se inserem em contextos culturais distintos, o niilismo e o fundamentalismo têm em comum um perigoso desprezo pelo homem e sua vida e, em última análise, pelo próprio Deus. Com efeito, na base deste trágico recurso está, em definitivo, a falsificação da verdade plena de Deus: o niilismo nega a sua existência e providencial presença na história; o fundamentalismo fanático desfigura a sua face amorosa e misericordiosa, substituindo-O por ídolos feitos à própria imagem."

Bento XVI demonstrou otimismo em relação à paz ao constatar uma redução, embora tímida, dos conflitos armados. Contudo lembrou que existe ainda muitas guerras sangrentas.

O papa condenou os países que têm armas nucleares e aqueles que pretendem tê-las. Condenou também o aumento mundial nos gastos militares.

Bento XVI lembrou-se do 60o aniversário das Nações Unidas e desejou à organização uma renovação institucional e operativa de modo que ela tenha condições de responder às novas exigências da época actual.

Já perto da parte final do discurso, o Papa Bento XVI disse: "a paz, para ser autêntica e duradoura, deve ser construída sobre a rocha da verdade de Deus e da verdade do homem" e que "apenas sobre a verdade de Deus e do homem assentam os alicerces de uma paz autêntica".

O papa renovou o convite aos que acreditam em Cristo para ficarem atentos e disponíveis, e encerrou seus discurso de ano novo com as seguintes palavras:

"Ao início deste novo ano, pedimos-Lhe que ajude todo o Povo de Deus a ser, em cada situação, agente de paz, deixando-se iluminar pela Verdade que nos torna livres (cf. Jo 8, 32). Pela sua intercessão, possa a humanidade crescer no apreço por este bem fundamental e comprometer-se na consolidação da sua presença no mundo, para entregar um futuro mais sereno e seguro às gerações que hão-de vir."

Fontes

  • Papa Bento XVI. Na verdade, a paz — A Santa Sé, 1 de janeiro de 2006   (publicado em dezembro)