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Altas temperaturas afetam o organismo de bovinos e diminuem a produção no campo

Fonte: Wikinotícias

1 de setembro de 2024

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No ano de 2023, o Brasil produziu cerca de 9 bilhões de toneladas de carne bovina, figurando entre os maiores exportadores desse produto no mundo. No entanto, para manter a qualidade da produção, sobretudo nas condições atuais de temperaturas extremas, é fundamental que os produtores ofereçam condições adequadas de conforto térmico ao gado. Cristiane Gonçalves Titto, professora da Faculdade de Zootecnia e Engenharia de Alimentos (FZEA) da USP, explica que o estresse é definido como qualquer condição que afete a homeostase de um indivíduo e, em função disso, ele precisa buscar alterações fisiológicas para retornar à normalidade.

Segundo a professora, o estresse térmico, em específico, ocorre quando a temperatura do ambiente excede ou fica aquém da zona de conforto térmico de um animal. Ela explica que, quando um indivíduo presencia uma situação de mudanças abruptas de temperatura, o corpo sente um impacto inicial e então o animal é forçado a adotar mecanismos para restaurar seu equilíbrio de temperatura corporal.

Bovinos

Em se tratando especificamente de bovinos de corte, Cristiane afirma que a temperatura corporal ideal varia entre 37,5°C e 38,5°C e explica que, em um país tropical como o Brasil, o mais comum é que as situações de estresse térmico estejam associadas a níveis elevados de calor. Ela explica que, diante dessas situações, os bovinos utilizam primeiramente seus sistemas termorreguladores, ou seja, aumentam a frequência respiratória em um processo conhecido como ofego. Após as alterações respiratórias, o corpo do animal também utiliza-se da sudação para fazer trocas de calor com o ambiente e perder o calor adquirido pela temperatura do ar.

Conforme a especialista, a exposição prolongada dos bovinos ao calor pode levar a uma série de problemas secundários, incluindo alterações na frequência cardíaca e redução do consumo alimentar. Ela explica que, por ingerir menos alimentos, o animal consome pouca energia e tem menor ganho de peso, fator que influencia na produção de carne. “No caso de fêmeas em lactação, existe também uma redução na produção de leite e isso vai acontecer porque toda a energia que ela está consumindo através da alimentação vai estar sendo utilizada para manter seu corpo estável e tentar diminuir a temperatura. Então, acaba sobrando pouca energia para a produção do leite”, explica.

De acordo com a docente, existem pesquisas avaliando a maneira pela qual os genes respondem ao estresse térmico. Segundo Cristiane, os estudos mostram que o desconforto térmico resulta em um aumento dos níveis de cortisol, o principal hormônio do estresse, e uma diminuição dos hormônios tireoidianos T3 e T4, responsáveis pela regulação de uma série de funções do organismo dos indivíduos.

Conforme Cristiane Titto, qualquer espécie de animal utilizado nas produções zootécnicas que esteja sendo afetado por condições extremas de temperatura vai sofrer queda na produtividade, como na ovinocultura, por exemplo, em que os carneiros e ovelhas costumam ficar em pastagens, como os bovinos. Ela afirma que o Brasil conta atualmente com diversas fazendas dotadas de tecnologias como aspersão, nebulização e ventilação, contudo, a maior parte da produção ainda é feita em pasto.

“Em outras criações, como na suinocultura e avicultura, normalmente os animais são mantidos em ambientes cobertos ou fechados. Por isso, a tendência é que seja necessário utilizar equipamentos de resfriamentos, como ventiladores e sistemas de nebulização em locais onde a umidade é mais baixa. A própria aspersão pode ser utilizada também na suinocultura, mas pode ser evitada na avicultura”, finaliza.