Trump relaciona autismo ao Tylenol e a vacinas, alegações que não são respaldadas pela ciência
22 de setembro de 2025
Nessa segunda (22), o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, vinculou o autismo às vacinas infantis e ao uso do conhecido analgésico Tylenol por gestantes e crianças, afirmações que não são sustentadas por décadas de pesquisa científica.
Durante uma coletiva de imprensa notável na Casa Branca, o presidente republicano ofereceu orientações médicas a gestantes e pais de crianças pequenas, recomendando enfaticamente que não utilizassem nem administrassem o analgésico de venda livre.
A recomendação de Trump, que não possui formação médica e enfatizou que "não sou médico", contraria as sociedades médicas, que apresentam dados de diversos estudos indicando que o paracetamol é seguro para o bem-estar das mulheres grávidas.
"Quero dizer as coisas como elas são: não tomem Tylenol. Não tomem", afirmou Trump, e disse que "lutem como o inferno para não tomá-lo. Pode ser que haja um momento em que você precise tomar, e isso você terá que resolver consigo mesma, portanto, não tome Tylenol".
O secretário de Saúde e Serviços Humanos dos Estados Unidos (HHS, na sigla em inglês), Robert F. Kennedy Jr., endossou a declaração em um comunicado e por meio de um comunicado oficial da agência reguladora do país, a FDA. Considerada polêmica e controversa, a medida se baseia no fato de que a condição é genética em até 80% dos casos. Trump e Kennedy Jr. descreveram as informações como "decisivas" para o que foi denominado de combate à epidemia de autismo.
"Hoje, estamos tomando medidas decisivas — abrindo as portas para o primeiro caminho de tratamento reconhecido pela FDA, informando médicos e famílias sobre os riscos potenciais e investindo em pesquisas inovadoras. Seguiremos a ciência, restauraremos a confiança e levaremos esperança a milhões de famílias americanas", declarou o secretário.
Ele menciona a atualização da bula do medicamento leucovorina para a deficiência cerebral de folato, que, de acordo com o órgão, está ligada ao transtorno. Com essa alteração, crianças no espectro poderão continuar o tratamento se houverem benefícios comprovados em linguagem e socialização, entre outros. O TEA é uma condição neurodiversa que impacta o comportamento, a comunicação e as interações sociais, sendo incurável.
No comunicado, a FDA esclareceu que alguns estudos indicaram que o risco foi mais evidente quando o medicamento foi utilizado de forma "cronicamente na gravidez". Além disso, embora tenha sido identificada a associação, "uma relação causal não foi estabelecida e há estudos contrários na literatura científica".
Em uma reportagem publicada na revista científica Nature, pesquisadores que estudam o autismo enfatizaram que não existem provas conclusivas de que o uso de paracetamol por gestantes seja uma causa do transtorno. Os estudos que compararam mães que usaram o medicamento com aquelas que não o fizeram durante a gestação identificaram um maior número de casos de autismo entre as voluntárias que se medicaram; no entanto, a diferença era considerada residual.
Fontes
[editar | editar código]- ((pt)) Trump relaciona autismo ao Tylenol e a vacinas, alegações que não são respaldadas pela ciência — Universo Online, 22 de setembro de 2025
- ((pt)) Em decisão polêmica, EUA apontam ligação entre paracetamol na gravidez e autismo — Veja, 22 de setembro de 2025

