Tendência preocupante: Melissa junta-se ao clube de furacões cujos ventos se intensificaram mais de 110 km/h em 24 horas
2 de novembro de 2025
O furacão Melissa, de categoria 5, atingiu a ilha da Jamaica furiosamente na passada terça-feira, 28 de outubro, apresentando uma pressão central mínima de 892 hPa e ventos sustentados de 295 km/h.
O vento, a precipitação e as marés de tempestade, fortíssimas e perigosas, causaram uma enorme destruição na passagem do furacão pela Jamaica. O Melissa conquistou o primeiro lugar entre os furacões mais intensos do Atlântico que fizeram landfall entre 1851 e 2025.
Partilha este incrível recorde com o furacão do "Dia do Trabalho”, que também registou uma pressão mínima de 892 hPa e ocorreu em 1935. Mas agora, há um outro dado impressionante que se tornou digno da atenção de vários especialistas em meteorologia e climatologia.
Tema de 2025
De acordo com Kieran Bhatia, um especialista em ciclones tropicais e mudanças climáticas e associado pós-doutorado da Universidade de Princeton, “devido aos furacões Gabrielle, Humberto, Erin e agora Melissa, este ano de 2025 está empatado com os anos de 2020, 2005 e 2008 no que diz respeito ao maior número de eventos de intensificação rápida de mais de 93 km/h num ano, ou seja, 4”.
No sábado, 25 de outubro, Melissa ainda era uma tempestade tropical e no domingo, 26 de outubro, em somente 24 horas, transformou-se num poderoso furacão de categoria 4, com os seus ventos máximos sustentados a aumentarem de 115 km/h para 227 km/h.
Recorrendo aos dados do NHC (Centro Nacional de Furacões dos Estados Unidos), Bhatia conclui que a trajetória descrita pelo furacão Melissa tornou-o na "terceira tempestade de 2025 a aumentar cerca de 112 km/h em 24 horas, juntando-se a Erin e Humberto. No Atlântico, 2020 foi o único outro ano em que 3 tempestades conseguiram este feito (Eta, Delta, Iota). A intensificação extremamente rápida é um tema de 2025".
Número crescente
Tendo como referência os últimos 46 anos de dados do IBTrACS (International Best Track Archive for Climate Stewardship), observa-se uma mudança extremamente relevante na intensificação de tempestades (nesta designação de tempestade também se incluem obviamente os furacões) de mais de 110 km/h em 24 horas.
Comparando dois períodos de 23 anos - o primeiro 1980-2002 e o segundo 2003-2025 - verifica-se que no período mais antigo apenas 3 tempestades atingiram este marco de intensificação, ao passo que já em pleno século XXI, esse número multiplicou-se por 6, tendo sido registadas 18 tempestades, entre as quais Melissa, que alcançaram e superaram este patamar.
Nesta temporada de furacões do Atlântico de 2025 já foram alcançados registos semelhantes a outras temporadas num menor espaço de tempo, tanto quanto ao número de eventos de intensificação rápida (4), como ao número de furacões cujos ventos intensificaram mais de 110 km/h em 24 horas (3).
Logo, tendo em conta o facto de que a temporada só terminará a 30 de novembro deste ano, não se exclui a possibilidade de que eventuais recordes venham a ser batidos a nível oficial, o que tornaria o ano de 2025 o possível precursor de uma tendência preocupante no que toca à intensificação rápida dos furacões, especialmente quanto ao elemento climático do vento.
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Fontes
[editar | editar código]- Alfredo Graça. Tendência preocupante: Melissa junta-se ao clube de furacões cujos ventos se intensificaram mais de 110 km/h em 24 horas, Tempo - Meteored, 31/10/2025
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