Revista Nature pede desculpas por vincular o coronavírus a Wuhan

Fonte: Wikinotícias

9 de abril de 2020

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Povo chinês em transporte público em Huanggang, província de Hubei, 23 de janeiro de 2020

A revista científica Nature pediu desculpas por seu material que ligava o coronavírus a Wuhan, na China. "Ligar o vírus e a doença a um local específico é irresponsável e isso deve ser interrompido", escreve a revista. A publicação cita o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, o deputado brasileiro Eduardo Bolsonaro, filho do presidente Jair Bolsonaro, e políticos britânicos como exemplos.

As doenças virais estavam frequentemente ligadas ao local onde ocorreu o primeiro surto ㅡ por exemplo, a síndrome respiratória do Oriente Médio ou o vírus da zika, em homenagem à floresta em Uganda. Porém, em 2015, a Organização Mundial da Saúde abandonou essa prática para evitar estigmatização e negatividade em relação a essas regiões e seus moradores.

A Nature chama ataques racistas contra asiáticos após o surto da doença, incluindo crimes de ódio, consequências negativas da revista. Mais de 700 mil chineses, estudantes de graduação e doutorado, estudam em universidades fora da China ㅡ a maioria na Austrália, Reino Unido e EUA. Muitos asiáticos podem não voltar devido a temores de racismo, o que será uma perda para eles e para toda a atividade científica. "A estigmatização do coronavírus deve ser interrompida agora", conclui a revista.

Após um surto de coronavírus, ataques a asiáticos ocorreram em vários países. Em março, um morador do Texas atacou uma família asiática com uma faca em um supermercado, ferindo três pessoas, incluindo crianças de 2 e 6 anos. Ele explicou aos agentes do FBI que estava tentando matar os chineses pois estavam infectados com o vírus.

Em fevereiro, um estudante asiático de 16 anos foi internado no hospital da Califórnia depois de ser atacado por adolescentes que o chamavam de "portador do vírus". O relatório do FBI prevê que o número de crimes contra os asiáticos aumentará em todo o país devido à propagação da doença.

Ataques de Trump

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, e o secretário de Estado Mike Pompeo têm repetidamente chamado o novo vírus de "coronavírus chinês" e "vírus de Wuhan", o que provocou os protestos de Pequim. A congressista Judy Chu disse no final de março que mais de mil incidentes envolvendo ataques a asiáticos foram registrados no país.

O Chinese Global Times publicou inúmeras matérias acusando Trump de retórica anti-chinesa. "Ele está tentando se livrar da responsabilidade pelo fracasso na luta contra a epidemia", afirmou. A China, como uma "fábrica global", está contribuindo para a luta global contra a pandemia na fabricação de suprimentos médicos, informou o Global Times. "A China não vai interromper o fornecimento de medicamentos para os Estados Unidos por razões humanitárias", expressou a publicação.

O New York Times observou que a China fornece mais de 90% de antibióticos, vitamina C, ibuprofeno e hidrocortisona, 70% de paracetamol e 40-45% de heparina dos Estados Unidos. A China é líder na produção de penicilina, antibióticos, analgésicos, máscaras cirúrgicas e dispositivos médicos, além de deter uma participação significativa na produção de componentes para medicamentos nos EUA, Europa e Índia.

No final de março, Trump anunciou que recusaria o termo "coronavírus chinês", embora não o considerasse racista. Alguns dias depois, Trump e Xi Jinping discutiram por telefone a cooperação na luta contra a pandemia. Trump no Twitter observou que ele teve uma "conversa muito boa", a China "passou por muita coisa e tem um grande conhecimento sobre o vírus".

Fontes