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Poluição do ar: Planejamento urbano deve considerar como os poluentes se dispersam nas cidades

Fonte: Wikinotícias
Poluição

22 de fevereiro de 2025

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Um número maior de veículos não é o único determinante para uma maior concentração de poluentes no ar nas cidades. É isso que evidencia um estudo publicado em parceria entre a Faculdade de Arquitetura e Urbanismo (FAU) da USP e o Instituto de Geografia e Ordenamento do Território (Igot) da Universidade de Lisboa. Sem negar a influência dos veículos na poluição atmosférica, o artigo aponta outros elementos que também contribuem para este quadro: estabilidade atmosférica, velocidade e direção do vento, temperatura, altura da Camada Limite Atmosférica (CLA) e presença de árvores ou grandes barreiras físicas.

Para os autores, essa combinação de fatores deve ser considerada no planejamento urbano e na construção das cidades.

O estudo monitorou três cânions urbanos – avenidas com altos edifícios em seu entorno – em um período de cinco anos (2018-2022). Os espaços de estudo foram a Avenida da Liberdade e a Estrada de Benfica, em Lisboa, e a Marginal Tietê, em São Paulo. A equipe investigou a concentração de PM10 – material particulado de 10 micrômetros ou menos, pequenos o suficiente para serem inalados pela população.

Em relação às condições meteorológicas, o estudo aponta que em períodos de ventos fortes a concentração de PM10 é menor. Isso acontece devido à dispersão do poluente.

O mesmo ocorre com cenários de instabilidade atmosférica: quando a Camada Limite Atmosférica está estável, as massas de ar não circulam e o PM10 é retido naquele ambiente; já quando a camada está instável, o poluente se dispersa com mais facilidade”, aponta Carolina.

Árvores no ambiente urbano

De maneira geral, o estudo aponta que a concentração de PM10 é menor durante o verão, com uma variação sazonal significativa. A exceção foi o resultado observado na Avenida da Liberdade. Este cânion apresenta uma densa cobertura vegetal com árvores altas e latifoliadas (com folhas largas e grandes), que formam uma espécie de “túnel natural” ao redor da rua.

Carolina aponta que, neste caso, a cobertura vegetal funciona como uma barreira física para a dispersão do poluente, favorecendo a sua concentração. Quando as folhas dessas árvores caem, durante o inverno, a concentração de PM10 reduz.

O professor António Lopes, da Universidade de Lisboa, acompanhou a pesquisa e comentou a importância do estudo da geografia física no planejamento urbanístico. Para ele, uma das principais questões das cidades atuais é o estudo das árvores.

“As árvores são fundamentais para as cidades, especialmente no contexto das mudanças climáticas: elas reduzem a temperatura, preservam a biodiversidade e, estudos apontam, até mesmo têm um efeito positivo na saúde mental dos cidadãos”, comenta o professor.