PIB de países em conflito caiu quase 10% em cinco anos, aponta Banco Mundial
14 de setembro de 2025
Os conflitos e a instabilidade estão tendo um impacto devastador em 39 países afetados, aumentando a pobreza extrema mais rapidamente do que em qualquer outro lugar, intensificando a fome aguda, e deixando várias metas de desenvolvimento importantes ainda mais distantes do alcance, de acordo com a primeira avaliação abrangente do Banco Mundial sobre sua situação após a COVID-19.
À medida que os conflitos se tornaram mais frequentes e mortais na década de 2020, essa economias estão ficando para trás de todas as outras economias em indicadores-chave de desenvolvimento, segundo a análise. Desde 2020, o PIB per capita deles encolheu em média 1,8% ao ano, enquanto cresceu 2,9% em outras economias em desenvolvimento. Este ano, 421 milhões de pessoas estão lutando com menos de US$ 3 por dia devido a conflitos ou instabilidade — mais do que no resto de todo mundo junto. A projeção é que esse número aumente para 435 milhões, ou quase 60% da população extremamente pobre do mundo, até 2030.
“Nos últimos três anos, a atenção mundial tem se voltado para os conflitos na Ucrânia e no Oriente Médio e esse foco agora se intensificou”, disse Indermit Gill, economista-chefe do Grupo Banco Mundial. “No entanto, mais de 70% das pessoas que sofrem com conflitos e instabilidade são africanas. Sem tratamento, essas condições se tornam crônicas. Metade dos países que enfrentam conflitos ou instabilidade hoje vive nessas condições há 15 anos ou mais. Uma miséria dessa magnitude é inevitavelmente contagiosa.”
O novo estudo destaca por que a meta global de erradicar a pobreza extrema tem sido inatingível até agora. Ela agora está concentrada em áreas do mundo onde o progresso é mais difícil de alcançar. Das 39 economias atualmente classificadas como enfrentando conflito ou instabilidade, 21 estão em conflito ativo.
Nas economias em desenvolvimento em geral, a taxa de pobreza extrema caiu para um dígito — apenas 6%. Em economias que enfrentam conflitos ou instabilidade, porém, a taxa é de quase 40%. Seus níveis de PIB per capita, atualmente em torno de US$ 1.500 por ano, praticamente não se alteraram desde 2010 — mesmo com o PIB per capita mais que dobrando, para uma média de US$ 6.900 em outras economias em desenvolvimento. Além disso, ao contrário de outras economias em desenvolvimento, economias que enfrentam conflitos ou instabilidade não conseguiram criar empregos suficientes, em média, para acompanhar o crescimento populacional. Em 2022, o último ano para o qual tais dados estão disponíveis, mais de 270 milhões de pessoas estavam em idade ativa nessas economias, mas apenas metade delas estava empregada.
“ A estagnação econômica — e não o crescimento — tem sido a norma em economias atingidas por conflitos e instabilidade na última década e meia”, afirmou M. Ayhan Kose, Economista-Chefe Adjunto do Grupo Banco Mundial e Diretor do Grupo de Perspectivas . “A comunidade global precisa prestar mais atenção à situação difícil dessas economias", disse.
Em uma base quinquenal, a frequência e a letalidade dos conflitos mais que triplicaram desde o início dos anos 2000 e uma vez iniciados, os conflitos tendem a ser persistentes, com efeitos econômicos graves e duradouros. Metade das economias que enfrentam conflitos ou instabilidade hoje enfrenta essas condições há 15 anos ou mais. Conflitos de alta intensidade - aqueles que matam mais de 150 em cada 1 milhão de pessoas — geralmente são seguidos por uma queda cumulativa de cerca de 20% no PIB per capita após cinco anos.
Nessas circunstâncias, os esforços para prevenir conflitos podem gerar altos retornos, afirma o relatório. Ele observa que "sistemas de alerta precoce de conflitos — especialmente aqueles que detectam mudanças nos riscos em tempo real — podem permitir intervenções oportunas, muito mais econômicas do que responder após o início da violência". Prevenir conflitos também significa reduzir a "fragilidade" — fragilidades nas instituições governamentais que limitam sua capacidade de impulsionar o progresso econômico sustentável, manter a paz e defender a justiça.
Vantagens aproveitáveis
Apesar dos desafios, essas economias apresentam diversas vantagens potenciais que, com as políticas certas, podem ajudar a reacender o crescimento, segundo a análise. Os lucros provenientes dos recursos naturais — minerais, florestas, petróleo, gás e carvão — representam, em média, mais de 13% do PIB. Isso representa três vezes a participação de outras economias em desenvolvimento. Várias economias — especialmente a República Democrática do Congo, Moçambique e Zimbábue — são ricas em minerais necessários para tecnologias de energia renovável, como veículos elétricos, turbinas eólicas e painéis solares.
Uma população jovem e em expansão é uma vantagem a longo prazo. Na maioria das economias avançadas e em desenvolvimento, a população em idade ativa já começou a se estabilizar ou diminuir. O mesmo não ocorre em economias afetadas por conflitos ou instabilidade, onde se espera que a população em idade ativa aumente de forma constante durante a maior parte desse período: até 2055, quase duas em cada três pessoas estarão em idade ativa — uma parcela maior do que em qualquer outro lugar do mundo. A obtenção de um "dividendo demográfico", no entanto, dependerá do aumento dos investimentos em educação, saúde, infraestrutura e da construção de um setor privado vibrante que possa gerar mais e melhores empregos, apo9nta o relatório.
Fontes
[editar | editar código]- Extreme Poverty is Rising Fast in Economies Hit by Conflict, Instability, World Bank Group, 27.06.2025
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