No adeus a Mujica, Lula exalta exemplo de política 'digna, respeitosa e humana'
16 de maio de 2025
![]() |
![]() |
![]() |
![]() |
![]() |

O presidente brasileiro Luiz Inácio Lula da Silva compareceu ontem ao velório do ex-presidente uruguaio Pepe Mujica, na cidade de Montevidéu, acompanhado da primeira-dama Janja Lula da Silva participou da cerimônia. O casal veio direto de Pequim, China.
“Eu ontem fiquei sabendo da morte do companheiro Pepe Mujica e imediatamente liguei para o presidente Yamandú pra saber que horas ia ser o velório, porque eu não queria que o Pepe fosse cremado ou enterrado sem que eu pudesse me despedir. Foram 25 horas de voo até aqui para prestar uma homenagem a um político que eu não o respeito apenas como político. O Pepe Mujica é mais do que isso. Pepe Mujica é um ser humano muito, muito especial, para quem pensa no passado, para quem pensa no presente, para quem pensa no futuro. O que é gratificante para nós seres humanos é que uma pessoa como Pepe Mujica não morre. Se foi o corpo dele, a carne dele se vai, mas as ideias que Pepe Mujica plantou em todos esses anos, inclusive a generosidade de um homem que passou 14 anos no cárcere, e que conseguiu sair para a liberdade sem nenhum ódio das pessoas que o aprisionaram, das pessoas que o torturaram. Isso é uma dádiva de Deus, que só é concedida a seres humanos superiores, e o Pepe Mujica é um ser humano superior. Eu conheci na minha vida muita gente, muitos políticos, muita gente que eu gosto, muita gente que eu respeito, mas o Pepe era aquela figura especial", disse Lula aos jornalistas.
Biografia de Pepe Mujica
José Alberto Mujica Cordano nasceu em Montevidéu, em 20 de maio de 1935 e morreu no dia 13 passado. Ele completaria 90 anos na próxima terça-feira. De família de origem humilde, Mujica entrou para a política ao fundar o Movimento de Libertação Nacional Tupamaros, grupo guerrilheiro urbano que operou nos anos 1960 e 1970 e enfrentou a ditadura civil-militar no Uruguai (1973-1985).
Nesse período, foi ferido em quatro ocasiões em confrontos com policiais. Foi preso, fugiu duas vezes até ser recapturado definitivamente, em 1972.
Foram 14 anos de prisão onde passou por torturas. Em 1985, com o fim da ditadura e aprovação de um projeto de anistia, Mujica foi libertado. Em seguida, entrou para a política, ajudou a fundar o partido Movimento de Participação Popular (MPP) , pelo qual foi eleito deputado, em 1994. Em 1999 foi eleito senador e, depois, foi ministro da Agricultura durante o governo de Tabaré Vázquez, de 2005 a 2010.
O auge de sua carreira política ocorreu em 2010, quando foi eleito presidente do Uruguai. Ele era conhecido como “presidente mais pobre do mundo”, por seu estilo de vida simples. Morava em um sítio modesto nos arredores da Montevidéu, dirigia seu próprio Fusca ano 1987 diariamente até a sede do Executivo e doava parte do salário para projetos sociais.
Na Presidência, Pepe Mujica chamou atenção por promover uma legislação considerada progressista com a descriminalização do aborto, a lei do casamento igualitário, que permitiu casais homossexuais adotarem filhos, além da legalização da maconha.
Após deixar a Presidência, voltou ao Senado, cargo que ocupou até 2020, quando renunciou por motivos de saúde, em meio à pandemia de covid-19.
Em abril do ano passado, Mujica anunciou ter recebido diagnóstico de câncer no esôfago. Desde então, passou a ter uma vida mais reclusa, com raras aparições. O tumor acabou se espalhando para outras partes do corpo.
Em 5 de dezembro do ano passado, durante visita a Montevidéu, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva condecorou Pepe Mujica com a Ordem Nacional do Cruzeiro do Sul, a mais alta condecoração oferecida pelo Brasil a cidadãos estrangeiros. Na ocasião, o presidente da República referiu-se ao ex-Presidente Mujica como “a pessoa mais extraordinária” entre os presidentes com quem conviveu.
Em junho de 2018, Mujica visitou Lula, que estava preso na Superintendência da Polícia Federal em Curitiba. Já em outubro de 2022, às vésperas das eleições, o uruguaio participou de ato da campanha de Lula, em São Paulo, e reforçou que a eleição representaria um retorno da democracia no Brasil.
Fontes
[editar | editar código-fonte]- No adeus a Mujica, Lula exalta exemplo de política 'digna, respeitosa e humana', Agência Gov, 15/05/2025.Conforme aviso no final do texto, no portal, "a reprodução é gratuita desde que citada a fonte".