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Ipea revisa projeção de inflação medida pelo IPCA de 4,0% para 4,4% em 2024

Fonte: Wikinotícias

27 de setembro de 2024

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O Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) divulgou nesta quinta-feira, 26/9, as projeções atualizadas para a inflação brasileira em 2024. A análise elevou as estimativas do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) de 4,0% para 4,4%, e do Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC) em 3,8% para 4,2%, conforme as tabelas abaixo:

IPCA: Projeção para 2024

(Em e p.p.)

Inflação por faixa de renda
Projeção anterior - Junho/2024 Projeção atual - Setembro/2024
Peso Previsão da taxa
de variação
Contribuição para o
IPCA 2024
Previsão da taxa
de variação
Contribuição para o
IPCA 2024
Alimentos no domicílio 16,0 5,9% 0,9 5,6 0,9
Bens industriais 23,5 2,1% 0,5 2,4 0,6
 Serviços - totais 34,6 4,6% 1,6 5,0 1,7
 Serviços - exceto educação 29,7 4,4% 1,3 4,7 1,4
Educação 5,0 6,1% 0,3 6,9% 0,3
Administrados 25,9 4,0% 1,0 4,7% 1,2
IPCA 100,0 4,0% 1,3 4,4
Elaboração: Grupo de Conjuntura da Dimac/Ipea

INPC: Projeção para 2024

(Em e p.p.)

Inflação por faixa de renda
Projeção anterior - Junho/2024 Projeção atual - Setembro/2024
Peso Previsão da taxa
de variação
Contribuição para o
INPC 2024
Previsão da taxa
de variação
Contribuição para o
IPNC 2024
Alimentos no domicílio 19,5 6,0% 1,2 5,8 1,1
Bens industriais 26,7 1,9% 0,5 2,2 0,6
 Serviços - totais 28,5 4,3% 1,2 4,7 1,3
 Serviços - exceto educação 25,0 4,1% 1,0 4,4 1,1
Educação 3,5 6,1% 0,2 6,8% 0,2
Administrados 25,3 3,8% 0,9 4,5% 1,1
IPCA 100,0 3,8% 4,2
Elaboração: Grupo de Conjuntura da Dimac/Ipea

A análise da Diretoria de Estudos e Políticas Macroeconômicas do Ipea é de que o ambiente inflacionário brasileiro vem se tornando menos favorável, gerando, assim, um aumento das expectativas de inflação. Diante de um desempenho mais forte do nível de atividade e seus impactos sobre um mercado de trabalho aquecido, a aceleração dos preços dos serviços livres, aliada aos efeitos da desvalorização cambial sobre os bens comercializáveis e novos focos de pressão sobre os preços dos alimentos, da energia e dos combustíveis, sinalizam que o processo de desinflação da economia brasileira tende a ser mais lento que o projetado no último trimestre.

Em agosto, a inflação brasileira registrou alta de 4,2% em 12 meses, repercutindo, sobretudo, os reajustes de 5,2% dos serviços livres e de 5,6% dos preços administrados. Em relação aos preços administrados, os reajustes da gasolina (8,7%), dos planos de saúde (8,7%) e dos medicamentos (6,0%) podem ser apontados como os principais focos de pressão inflacionária no período.

Ainda que em menor intensidade, as altas apontadas pelos alimentos e pelos bens industriais refletem a aceleração dos preços, agrícolas e industriais, no atacado, refletindo o aumento dos custos de matérias primas, originados tanto pela aceleração das cotações das commodities no mercado internacional, quanto pela forte desvalorização cambial.

No caso dos serviços livres, há pressão inflacionária por conta de uma demanda aquecida e pelo aumento dos custos relativos à mão de obra, ambos provenientes de um mercado de trabalho mais dinâmico.

A partir deste contexto mais desafiador, mesmo diante de um cenário de menor pressão de preços de alimentos, a piora na trajetória dos serviços livres, dos bens industriais e dos preços administrados, em relação à projetada anteriormente, gerou uma elevação das projeções para a inflação em 2024.

Em relação à alimentação no domicílio, considerando a pressão causada pelos efeitos da seca sobre a produção de cereais, carnes, frutas e legumes, a taxa de inflação prevista passou de 5,9% para 5,6%, refletindo o alívio inflacionário vindo da queda de 2,3% observada no bimestre julho-agosto. Já as taxas de inflação dos bens industriais e a dos serviços livres, projetadas para 2024, aceleraram de 2,1% e 4,6% para 2,4% e 5,0%, respectivamente, refletindo, em ambos os casos, o aumento nos custos de produção, aliado à manutenção da demanda em patamar elevado.

Por fim, a estimativa para a inflação dos preços administrados em 2024 também foi elevada, avançando de 4,0% para 4,7%, impulsionada pelo aumento dos combustíveis e da energia elétrica, efeito, no primeiro caso, do aumento do preço do petróleo e à desvalorização cambial, e no segundo caso, da estiagem sobre o nível dos reservatórios, gerando a necessidade do acionamento de bandeiras tarifárias de maior sobrepreço.

Diversos fatores contribuem para cenários de riscos para a inflação no curto prazo: o acirramento dos conflitos internacionais e seus efeitos sobre as cotações das commodities no mercado externo, além de novas desvalorizações cambiais originadas pela piora do ambiente fiscal e do prolongamento dos efeitos da seca sobre a produção de alimentos e energia podem desencadear uma piora no cenário inflacionário.

Ainda assim, para 2025, as projeções do Grupo de Conjuntura do Ipea indicam que o processo de descompressão inflacionária pode ocorrer, diante de uma apreciação cambial derivada deste diferencial de juros. Conjugada à melhora das condições climáticas, com a possibilidade da trajetória de inflação mais benigna para os bens industriais e os alimentos, as previsões de projeções de inflação para 2025 feitas pelos pesquisadores, são de 3,9%, medida pelo IPCA, e de 3,8%, medida pelo INPC.